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Fórum Econômico muda de discurso

AFP

O Fórum Econômico Mundial (WEF) de Davos começa na quarta-feira. Nesta 43ª edição, muitos líderes econômicos e políticos se reunirão durante cinco dias para enfrentar os problemas causados por um ano de estagnação econômica e política.

Esta reunião, que alguns acreditam ser um simples coquetel de milionários falando no vazio, será uma oportunidade para tratar de novo os velhos problemas ainda não resolvidos: a crise da dívida, o desemprego galopante, a questão ambiental e a irresponsabilidade do setor financeiro.

A falta de progresso em relação ao ano passado é lamentada até pelo fundador e presidente do WEF, Klaus Schwab. Durante a conferência de imprensa de 15 de janeiro, em Genebra, Schwab lamentou a tendência de muitos países de priorizar a defesa de seus próprios interesses em detrimento da busca de soluções globais.

“O fato é que estamos de certa forma bloqueados, incapazes de progredir. Minha esperança é que possamos abordar nossos problemas com mais otimismo. Espero que os participantes do fórum deixarão a Suíça com um sentimento de maior responsabilidade para com a sociedade como um todo”, disse.

O WEF deste ano está subordinado ao tema “dinamismo resiliente”. O que em si já seria um termo inapropriado, na opinião do Greenpeace Suíça, que presidirá este ano o Public Eye Awards, a tradicional reunião alternativa realizada à margem do Fórum de Davos.

As grandes disparidades de renda

Os desequilíbrios fiscais crônicos

O aumento das emissões dos gases de efeito estufa

Uma crise de abastecimento de água

A má gestão do envelhecimento da população

Os problemas continuam

“Se as empresas parassem de criar alguns dos maiores problemas sociais e ambientais do mundo, nós não teríamos que tentar resolvê-los. As soluções só podem vir de uma abordagem de baixo para cima, ouvindo o que as pessoas têm a dizer”, argumentou Michael Baumgartner, membro da direção do Greenpeace Suíça.

Do ponto de vista econômico e político, o mundo parece ter estagnado em 2012. Apesar da Primavera Árabe, que havia fascinado Davos há dois anos, os principais problemas continuam na Líbia, Egito e principalmente na Síria.

A economia mundial teve um ligeiro aumento de 2,3% no ano passado, de acordo com o Banco Mundial, mas os tenores do crescimento, especialmente a China, desaceleraram. A União Europeia continua atolada em dívidas, enquanto os políticos americanos continuam a discussão de que o país se aproxima do limite da inadimplência.

Por fim, os escândalos financeiros continuam proliferando nos grandes bancos, não só na Suíça, mas também em outras partes do mundo.

No início de janeiro, o Fórum Econômico Mundial publicou seu próprio relatório sobre os riscos mundiais (Global Risks Report). O WEF destaca, em particular, o aumento dos desastres ambientais, já que alguns países preferiram deixar de lado seus compromissos com a ecologia para estimular o crescimento econômico.

Suíça, um modelo?

A Suíça, o país anfitrião do Fórum Econômico, é citada por alguns como um exemplo de como é possível resistir aos choques. O país é uma ilha de estabilidade em meio a um ambiente turbulento.

A Suíça tem se saído melhor do que a maioria dos outros países desenvolvidos em relação à crise financeira e à recessão econômica. Espera-se um crescimento de cerca de 1,3% em 2012, enquanto a zona do euro deve sofrer uma ligeira contração. A taxa de desemprego deverá ser significativamente menor do que na maioria dos países comparáveis.

Em seu último livro (Antifragile), o guru da economia Nassim Nicholas Taleb também qualificou a Suíça de país mais estável do mundo.

“Correr riscos”

Contudo, a Suíça ainda enfrenta muitos problemas identificados no relatório sobre riscos do WEF.

Por exemplo, a disparidade crescente dos salários, o que levou ao lançamento da iniciativa popular contra os salários abusivos, que o povo votará em março. Ou o fato de que a perda do emprego seja a principal preocupação dos suíços, como evidenciado pelo Barômetro das Preocupações realizado no ano passado pelo Credit Suisse.

Além disso, vários escândalos que assolam o gigante bancário UBS ou controvérsias que circundam a evasão fiscal têm levantado preocupações sobre a resiliência do setor financeiro suíço. Quanto à indústria, o WEF teme as consequências das regulamentações cada vez mais rigorosas.

“Para lidar com os riscos, é necessário correr riscos. Os líderes precisam ser mais inovadores e ousados”, declarou aos jornalistas o diretor-geral do WEF, Lee Howell. A mensagem subjacente é clara: os líderes políticos e econômicos do mundo devem trabalhar juntos para resolver os problemas em vez de continuar agindo em seus próprios interesses.

Adaptação: Fernando Hirschy

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