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China amplia influência na América Latina

Cartaz de campanha eleitoral rasgado em Lisboa.
Um cartaz rasgado de André Ventura, líder do partido populista português de direita Chega, em Lisboa, quarta-feira, 14 de maio de 2025, antes das eleições gerais de 18 de maio. AP Photo/Armando Franca

O presidente Lula se oferece para mediar negociações de paz entre Putin e Zelensky na Turquia. Já o NZZ mostra que a China amplia sua influência na América Latina com promessas de investimento e cooperação tecnológica. Esses são alguns dos destaques da revista de imprensa da semana.

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De 10 a 16 de maio de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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Eurovision: você vota nos vizinhos e amigos

O jornal Blick, o de maior circulação na Suíça, publicou uma análise que destaca como fatores geográficos e culturais influenciam fortemente os votos no Eurovision, o tradicional festival europeu de música, cuja final de 2025 será realizada em Basileia.

O estudo, baseado em 67 edições do concurso, mostra que quase um quarto dos pontos é atribuído a países vizinhos, formando blocos regionais de votação. No entanto, mais do que a proximidade geográfica, a afinidade cultural — como idioma, história comum e presença de diásporas — tem peso decisivo.

Um exemplo citado é a relação entre França e Portugal: enquanto os jurados franceses historicamente davam poucos pontos a Portugal, essa média aumentou significativamente após a introdução do voto popular — reflexo da forte ligação cultural e da grande comunidade portuguesa na França. Por outro lado, Portugal raramente retribui na mesma intensidade, evidenciando um fenômeno descrito como “je t’aime, moi non plus”, em que a reciprocidade é ausente.

A matéria do Blick reforça como o Eurovision vai além da música, servindo também como um espelho das relações culturais, políticas e sociais da Europa contemporânea.

Fonte: blick.ch, em 15.05.2025Link externo (em francês)

Portugal elege novo parlamento no domingo

O jornal Neue Zürcher Zeitung (NZZ), o mais conceituado da Suíça, publicou uma análise detalhada sobre as eleições legislativas antecipadas em Portugal, que ocorrerão no próximo domingo (18 de maio). O texto destaca que os principais temas da campanha são a crise habitacional e a migração, com o conservador Luís Montenegro liderando as intenções de voto.

Montenegro, que esteve no poder por apenas um ano, foi forçado a renunciar após um escândalo envolvendo renda paralela de uma empresa familiar, apesar de o episódio não ter afetado sua popularidade entre os eleitores. Segundo pesquisa do instituto Pitagórica, ele aparece com 34,8% das intenções de voto, à frente do socialista Pedro Nuno Santos, com 28,1%.

O partido de direita populista Chega, de André Ventura, caiu nas pesquisas após uma série de escândalos envolvendo seus membros, incluindo acusações de roubo, estupro e abuso de menores. Montenegro, embora endureça o discurso contra a imigração, já afirmou que não fará alianças com o Chega.

A imigração voltou ao centro do debate, com destaque para os 1,6 milhão de estrangeiros vivendo em Portugal. Apesar disso, o desemprego continua baixo, e a imprensa portuguesa alertou para os riscos de afastar trabalhadores estrangeiros essenciais para a economia.

O problema mais urgente, segundo o NZZ, é a falta de moradia, com propostas divergentes: os conservadores querem reduzir impostos para jovens compradores e desburocratizar a construção; os socialistas defendem taxar imóveis vazios e controlar os aluguéis.

Fonte: nzz.ch, em 15.05.2025Link externo (em alemão)

Lula e Putin se comprimentando
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebendo o presidente do Brasil, Luis Ignacio Lula da Silva (esq.), no Kremlin, antes do desfile militar do Dia da Vitória, que marcou o 80º aniversário da vitória na II Guerra Mundial, na Praça Vermelha, em Moscou, Rússia, em 09 de maio de 2025. RIA Novosti

Lula tentou persuadir Putin

O portal suíço nau.ch publicou um artigo sobre os esforços do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva para intermediar a paz entre Rússia e Ucrânia. Lula declarou estar disposto a convidar pessoalmente Vladimir Putin para participar das negociações de paz previstas para acontecer na Turquia, ressaltando que o diálogo é a única saída possível para o fim da guerra. Ao lado do presidente chinês Xi Jinping, Lula reforçou que soluções diplomáticas devem prevalecer sobre ações militares.

O pedido brasileiro ecoa um apelo do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrij Sybiha, para que o Brasil use sua influência com Moscou e incentive um encontro direto entre Putin e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Apesar do ceticismo quanto à disposição real da Rússia para um diálogo sério, os esforços de Lula são vistos como uma tentativa significativa de envolver o Sul Global na busca por uma solução pacífica para o conflito.

Na semana anterior, Lula esteve em Moscou para participar do desfile da vitória e se encontrou pessoalmente com Putin. Na mesma ocasião, o presidente russo sinalizou abertura para negociações diretas em Istambul, embora ainda não tenha aceitado um cessar-fogo proposto pela União Europeia. Por sua vez, Zelensky já demonstrou disposição para viajar à Turquia e participar das conversas de paz.

Fonte: nau.ch, em 14.05.2025Link externo (em alemão)

Drill, Lula, drill!

A revista Nebelspalter, de orientação conservadora, publicou um artigo crítico assinado por Alex Reichmuth, denunciando o que descreve como a hipocrisia climática do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Embora Lula busque se apresentar como líder global na proteção ambiental — especialmente por sediar a COP30, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em novembro em Belém —, sua política energética revela contradições profundas, segundo o autor.

Reichmuth aponta que, apesar dos discursos ambientalistas de Lula, o Brasil ampliou significativamente sua produção de petróleo, com aumento de 13% em 2023 e planos ambiciosos de expansão até 2029. O ponto mais polêmico citado é a autorização para a primeira perfuração exploratória no estuário amazônico, dada à estatal Petrobras, ignorando a oposição de ambientalistas e do próprio órgão ambiental brasileiro, o Ibama. Lula, segundo o artigo, chegou a pressionar o Ibama e argumentou que a receita do petróleo poderia financiar a transição energética.

Para o autor, o caso brasileiro é emblemático de como governos, mesmo sob o discurso climático, mantêm o foco no crescimento baseado em combustíveis fósseis. A crítica de Reichmuth conclui que Lula fala em defesa do planeta, mas atua em favor do petróleo, revelando o descompasso entre a retórica ambiental e a prática econômica.

Fonte: nebelspalter.ch, em 14.05.2025Link externo (em alemão)

Xi Jinping mira América Latina, apesar de acordo com EUA

O jornal suíço NZZ, por meio de seu correspondente na China Matthias Kamp, publicou uma análise sobre a estratégia do presidente chinês Xi Jinping para aumentar a influência da China na América Latina e no Caribe, região historicamente vinculada aos Estados Unidos. O artigo destaca que, mesmo após um acordo provisório com os EUA na disputa comercial, Xi reuniu líderes de mais de 30 países latino-americanos em Pequim, incluindo os presidentes do Brasil, Colômbia e Chile, com o objetivo de consolidar laços econômicos e políticos.

Xi apresentou a China como um parceiro generoso, prometendo bolsas de estudo, programas de intercâmbio, cooperação em infraestrutura, redes 5G e inteligência artificial. No entanto, o autor aponta que tais promessas fazem parte de um cálculo estratégico: por trás do discurso de solidariedade e desenvolvimento, está o objetivo de expandir a esfera de influência chinesa no Sul Global, garantir acesso a matérias-primas e consolidar apoio político em fóruns internacionais. O caso do Panamá, país geoestrategicamente importante, é citado como exemplo da sensibilidade chinesa em relação à presença americana na região.

Embora a China já tenha ampliado significativamente seu comércio com a América Latina, chegando a US$ 518 bilhões em 2024, quase igualando o volume com os EUA, o artigo ressalta que a relação ainda é marcada por desconfianças. Países como Chile, Brasil e Colômbia impuseram tarifas sobre o aço chinês, acusando Pequim de dumping. Para o NZZ, embora os EUA tenham perdido espaço por sua imprevisibilidade sob Donald Trump, muitos governos latino-americanos continuam atentos aos riscos de uma dependência excessiva da China.

Fonte: nzz.ch, em 13.05.2025Link externo (em alemão)

Ancelotti assume comando da “Seleção”

O canal público suíço SRF noticiou a confirmação de que o italiano Carlo Ancelotti, de 65 anos, será o novo técnico da seleção brasileira. A informação foi anunciada pela CBF nesta segunda-feira. Ancelotti encerrará seu contrato com o Real Madrid em 25 de maio, após o fim do Campeonato Espanhol, e assumirá oficialmente o comando do Brasil no dia seguinte, com vínculo até a Copa do Mundo de 2026.

O treinador Carlo Ancelotti em campo.
O técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, gesticulando durante uma partida de futebol da Liga espanhola entre o Real Madrid e o Real Mallorca, em Madri, Espanha, em 14 de maio de 2025. EPA/Chema Moya

A CBF celebrou a contratação como um marco histórico, afirmando que a chegada de Ancelotti é uma “declaração ao mundo” sobre a ambição do Brasil de conquistar seu sexto título mundial, encerrando um jejum que dura desde 2002. A federação descreveu o italiano como “o melhor técnico da história” e se mostrou confiante em uma nova era de glórias para o futebol brasileiro sob seu comando.

A saída de Ancelotti do Real Madrid, embora antecipada, já era esperada, após uma temporada sem títulos expressivos e resultados abaixo do esperado, incluindo uma derrota recente para o Barcelona. Ainda assim, o técnico sai como ícone do clube, com 15 troféus conquistados, incluindo três títulos da Liga dos Campeões. SRF também aponta que o espanhol Xabi Alonso, atualmente no Bayer Leverkusen, é o nome mais cotado para substituir Ancelotti no comando do Real.

Fonte: srf.ch, em 12.05.2025Link externo (em alemão)

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Moderador: Dorian Burkhalter

Qual é o futuro do setor humanitário?

Grandes doadores cortaram verbas e o setor humanitário vive uma crise. Qual o caminho agora? Economias emergentes? Setor privado?

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Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 23 de maio. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!

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