Baselworld faz balanço positivo
A Baselworld 2009 terminou ontem e foi visitada por 93.900 pessoas. Tanto organizadores como expositores garantem que o evento surpreendeu e dá sinais de otimismo para o setor.
Para muitos deles, a feira é um barômetro do mercado de joias e relógios. Mesmo com a crise econômica, o evento expôs produtos aos maiores compradores do mundo e apontou as novas tendências da joalheria internacional.
Amanhã vai ser outro dia em Basileia, sem show de jazz na praça e com os bondes menos lotados nos horários de pico – aglomeração que vez ou outra incomoda os moradores mais idosos da cidade. A festa acabou, mas tudo indica que as vendas começaram.
“É o maior evento do ano e também um barômetro para o resto do ano”, disse o vice-presidente da Chopard, Karl-Friedrich Scheufele. Com um dos estandes mais cobiçados da feira, Scheufele surpreendeu os visitantes com uma coleção em ouro rosa – e já ditou a nova tendência da joalheria.
“Pudemos mostrar nossos produtos para os compradores do mundo inteiro e estamos muito satisfeitos”, concluiu François Thiébaud, presidente do comitê de expositores suíços.
A diminuição no número de visitantes – no ano passado foram 106.800 pessoas – não surpreendeu os expositores. Para eles, a exposição numa feira como a de Basileia significa mais do que vendas.
“A Baselworld é uma vitrine que mostra nossas peças aos maiores compradores do mundo. Não é um evento apenas de venda, mas de referência”, disse Thiago Abdala, diretor comercial das empresas brasileiras F.R.Hueb e Aquarela.
Para a diretora de criação da empresa, Cristina Abdala, a feira é fundamental para as novas coleções. “Venho a esta feira todos os anos e não tenho dúvida de que aponta as tendências da joalheria internacional”, conclui.
De olho no luxo
Embora os produtos direcionados a consumidores de produtos de luxo mantenham-se bem no mercado, os compradores estavam menos ávidos e mais parcimoniosos. “Este setor de luxo ainda não está em crise, mas há uma expectativa de crise e é comum que o comprador seja mais cauteloso”, explica Abdala.
O designer brasileiro César Aleandri, da Gênesis Joias, também acredita no luxo. Ele conta que resolveu criar uma linha religiosa para atender a uma demanda que existe no Brasil. “Desenvolvemos um design bonito e mais requintado para imagens de santos e vendemos muito”, diz. De acordo com ele, peças bonitas têm mercado, especialmente o formado pelos chamados emergentes.
Crise, ora crise
Quando desembarcou em Basileia, a joalheira brasileira Kelly Amorim tinha seis encontros marcados com empresários de diversos países. Não tinha muitas expectativas quanto a novos negócios, mas deixa a cidade com peças negociadas para os mercados da Grécia, Turquia, Espanha, Portugal, Londres – e aguarda por contatos do Japão e da Suíça.
“A feira me surpreendeu”, disse Kelly, irmã da criadora da marca, Carla Amorim. De acordo com ela, a crise sempre existiu. “Sempre convivemos com a crise, mas é preciso continuar a acreditar no trabalho”, fala.
O empresário brasileiro Ricardo Vianna é adepto da mesma opinião. “Há a crise, mas mesmo com ela não podemos ficar fora de um evento como este”, explica. “Esse é o nosso negócio e retirar-se significa perder terreno”, diz.
O seu estande recebeu este ano uma visita ilustre: a de Sylvie Ritter, diretora do evento. “Quando visito este pavilhão posso perceber na joia a cultura de um país: posso perceber que aquela joia tem a cor e o estilo do Brasil”, disse.
Go back to Bahia
O joalheiro francês Jean Marc Garel não celebrou a feira com muitos negócios. “O ano passado foi melhor para mim”, disse. Em 2005 ele criou a linha Ipitonga, com as sandálias flip flops. “É a cara do Brasil: praia, sol e felicidade”, explica.
Este ano, com diamantes negros e brancos, reproduziu o calçadão de Copacabana em alguns pingentes e aneis. Sua coleção apresenta um design clean e suave, como a nova linha Envol.
“Mas já esperava um evento mais fraco este ano”, conforma-se. Ele é casado com uma brasileira e parece ter aprendido a lidar com as crises sem stress. Se for atingido, já sabe o que fazer: vai dar um tempo na Bahia e curtir uma praia – até a onda passar.
swissinfo, Lourdes Sola
68,1% dos visitantes são do exterior e, quando perguntados, 71% gostariam de voltar ao evento no próximo ano.
2.973 jornalistas credenciaram-se para acompanhar a feira, que durou oito dias.
30 mil pessoas trabalharam nos estandes.
Área de exposição foi de 160 mil metros quadrados.
Os 1952 expositores ocuparam a área de 115.200 metros quadrados.
Os preços dos estandes variam de acordo com o tamanho, mas não se trata de pouco investimento. Os menores custam em torno de 20 mil dólares, mas muitos deles ultrapassam 1 milhão.
Baselworld 2010 será de 18 a 25 de março.
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