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A Bolsa suíça avalia os efeitos de um “gelo” europeu

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The Swiss stock exchange remains upbeat about counter-measures to restrict the impact of the EU ban. © Keystone / Ennio Leanza

A União Europeia parece estar pronta para seguir em frente com sua ameaça de bloquear o mercado acionário suíço ao da UE a partir de segunda-feira. A Suíça, por sua vez, está pronta para retaliar "olho por olho", impedindo que as ações de empresas suíças sejam negociadas nas bolsas europeias. 

As relações entre a Suíça e a UE tornaram-se cada vez mais tensas desde que os eleitores suíços decidiram, em 2014, restringir a imigração da UE. Bruxelas tem pressionado para que cerca de 120 acordos bilaterais existentes, incluindo a livre circulação de trabalhadores, sejam consolidados sob um novo conjunto de regras “estruturais”. 

As negociações chegaram a um impasse com a Suíça pedindo mais tempo para que seu sistema de democracia direta absorva e adjudique um acordo preliminar. A UE parece ter ficado sem paciência e, como primeira demonstração disso, vai negar à bolsa de valores suíça a “equivalência” – ou o direito de negociar ações de empresas da UE – a partir de 1° de julho. 


Isso resultaria em uma perda de volume de negócios para a bolsa de valores suíça SIX Group, mas o governo espera recuperar algumas dessas perdas concentrando a negociação de títulos suíços na Suíça. As bolsas de valores de Londres e Frankfurt estão entre as plataformas da UE que já declararam que suspenderão a negociação de ações suíças devido à proibição da Suíça. 

Os bancos e comerciantes sediados na UE seriam forçados a negociar ações suíças na SIX através de corretores suíços. Alguns observadores do mercado acreditam que esta táctica pode ajudar a Suíça a reverter os danos impostos pela UE, mas quanto mais a situação se arrastar, pior será para ambos os lados. 

Além disso, o jornal Neue Zürcher Zeitung (NZZ) afirma que os regulamentos do mercado da UE fornecem uma lacuna. Elas permitem que os corretores da UE se voltem para outras plataformas se uma ação não for “sistemática e regularmente negociada em uma bolsa de valores reconhecida pela Europa”.  


Em suas declarações, a SIX está otimista com a situação, afirmando que “se preparou para essa eventualidade, estabelecendo vínculos diretos com todos os seus clientes nos últimos sete meses, para que os negócios não sejam interrompidos”. Além disso, implementou um processo acelerado para trazer novos participantes a bordo.

No entanto, o CEO Jos Dijsselhof expressou, em caráter privado, uma visão mais forte. Nas redes sociais, ele disse que a retaliação suíça “neutralizou significativamente a situação no que diz respeito à proteção ao investidor” no curto prazo.

Mas ele disse que a disputa política que provocou o impasse terá um “efeito negativo” sobre a economia suíça se ela continuar por muito mais tempo. “Por mais poderosa que seja [a economia suíça], ela precisa de um mercado de capitais forte e de uma bolsa de valores nacional independente e com alcance internacional. Sem isso, a Suíça seria menos atraente para investimentos, aquisições de empresas ou criação de empresas”, escreveu ele.

“Acho que é uma visão muito míope, quando ouço que não importa onde os clientes compram suas ações”, acrescentou. Mas Dijsselhof também aproveitou a oportunidade para atacar as “cansativas” regras tributárias da Suíça, que, segundo ele, já afastam investimentos estrangeiros do país.

Multinacionais como a Roche e a Nestlé minimizaram o impacto sobre o preço de suas ações, mas disseram que estão monitorando a situação.

A gigante farmacêutica Novartis acredita que a negociação de suas ações provavelmente irá apenas mudar para a bolsa de valores suíça e plataformas não-europeias como os Estados Unidos. “A Novartis, portanto, não espera nenhum impacto maior no comércio e liquidez de mercado de suas ações,” afirmou.

swissinfo.ch/ets

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