Elite do futebol suíço está perto da bancarrota
Depois da pausa do inverno, o campeonato suíço de futebol recomeçou no último fim-de-semana mas ninguém fala dos resultados esportivos.
Todos estão de olho no caixa. Dos dez clubes da primeira divisão, apenas um não está no vermelho.
A seleção suíça classificou-se para o EURO 2004, em Portugal. A Sub-21 classificou-se para o EURO 2004, na Alemanha e o EURO sub-19 será realizado na Suíça. Jogadores suíços são contratados por clubes alemães, italianos, ingleses, franceses e holandeses.
Problema não é só suíço
Enquanto os jogadores suíços se destacam no futebol europeu, o futebol profissional na Suíça está à beira da falência. Dos dez clubes que formam a Super Liga (primeira divisão) só o Basiléia FC não está no vermelho. A situação dos 17 clubes da “Challenge” Liga (segunda divisão) não é melhor.
Quando joga em casa, o estádio do Basiléia está sempre lotado e o clube tem, disparado, o maior orçamento do futebol suíço: 30 milhões de francos suíços. Mesmo nessas condições, o lucro do clube no último balanço foi de apenas 6.900 francos.
O segundo maior orçamento – do Young Boys, de Berna – é de 8,4 milhões e o deficit de 2,9 milhões. O menor orçamento da Super Liga é o do FC Thoune: 3 milhões e 260 mil francos de prejuízo. Os dados são do jornal Sonntags-Zeitung, de Zurique, em recente reportagem.
“O problema não é tipicamente suíço”, afirma o diretor da Liga Suíça de Futebol (SFL), Edmond Isoz. “Na Europa, dos 400 clubes de elite, somente uns 15 conseguem equilibrar o orçamento”, explicou ao jornal “Le Matin”.
Por quê então só na Suíça os clubes falem?
No início de 2003, o Lausanne Sports declarou falência após 107 anos de existência e foi rebaixado para a segunda divisão amadora. Com o FC Sion aconteceu o mesmo mas o clube conseguiu, na Justiça, reintegrar a “Challenge” Liga.
Em Genebra, o Servette FC, fundado em 1890 e com um estádio novinho em folha à disposição, procura desesperadamente um comprador e pode ter a falência declarada a qualquer momento.
As razões mencionadas com mais freqüência são as normas atuais muito exigentes na atribuição de licenças aos clubes e, ao mesmo tempo, o amadorismo na administração dos clubes. A falta de interesse dos patrocinadores em investir no futebol agrava a situação.
“Hoje em dia, com raras exceções, o esporte profissional enquanto organização não ganha dinheiro”, constata o diretor da Liga Suíça de Futebol, Edmond Isoz.
Limites para o endividamento
Depois de muitos anos de negligência e endividamento dos clubes, a Liga estabeleceu normas severas de controle financeiro para a atribuição e renovação de licenças. “Agora estamos vivendo o reverso da época em que os clubes viviam em paraísos artificias” afirma Freddy Rumo, dirigente do Neuchâtel Xamax (primeira divisão) e ex-presidente da Liga.
Até 15 de março, os clubes profissionais deverão apresentar os balanços que serão analizados por especialistas independentes. O endividamento máximo para um clube da Super Liga não pode ultrapassar 800 mil francos suíços. Para a “Challenge” Liga, o limite é de 200 mil francos. O resultado para atribuição das licenças é esperado para 20 de abril.
Enquanto isso, sob pressão dos clubes, a Liga aceitou nomear uma comissão para definir novas prioridades, integrada por representantes dos clubes e da Liga Suíça de Futebol (SFL). “É preciso repensar tudo, da gestão lacunar dos clubes ao sistema de formação de jovens jogadores”, afirma um dos membros da comissão.
swissinfo, Claudinê Gonçalves
– Dos 10 clubes suíços da Super Liga (1a divisão), 9 estão no vermelho.
– A situação dos 17 clubes da “Challenge” Liga (2a divisão) é similar.
– Em 2003, o Lausanne Sports declarou falência após 107 anos de existência. Foi rebaixado para a segunda divisão amadora.
– Com o Sion ia acontecendo o mesmo mas o clube conseguiu, na Justiça, reintegrar-se à “Challenge”.
– O Servette, de Genebra (fundado em 1890) procura um comprador e pode ter a falência declarada a qualquer momento.
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