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Escola para não esquecer a Shoah

Crianças fotogradas em Auschwitz, dias depois da liberação. Keystone Archive

Comemora-se nesta quinta-feira o 60° aniversário da liberação do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia.

As escolas suíças também participam dessa jornada da lembrança.

Desde 2004, a Conferência de Secretários Estaduais de Educação (CDIP) organiza um dia de comemoração da Shoah ns escolas. Ela sempre ocorre em 27 de janeiro, data da liberação do campo de extermínio de Auschwitz.

Sediada em Genebra, a a Coordenação Intercomunitária Contra o Antisemitismo e a Difamação (CICAD)tem por objetivo lutar contra o esquecimento e colabora ativamente com as autoridades escolares para informar os estudantes. Entrevista com o secretário-geral da CICAD, Johanne Gurfinkiel:

swissinfo: Qual o significado desse dia?

Johanne Gurfinkiel: trata-se de uma jornada destinada a lembrar a memória dos deportados. Também é um dia de recolhimento e de reflexão sobre a tolerância

swissinfo: A escola faz o suficiente para perpetuar a memória da Shoah?

J.G.: Varia muito. Há disparidades entre os cantões (estados), escolas, classes e seus professores. Conforme o interesse dos professores por esse período, o ensino será mais ou menos intensivo e interessante.

Mas temos contatos com diferentes cantões e professores que queriam saber mais e participaram das reuniões de informação que organizamos.

swissinfo: Existe algum momento histórico mais importante do que ourto?

J.G.: Essa pergunta volta sempre. Nós não queremos fazer uma hierarquia entre os genocídios. Dizemos simplesmente que estamos vivendo um período da história européia em que cada cidadão europeu está implicado.

Evidentemente que é uma época difícil em que as cicatrizes ainda são visíveis. Mas, face à violência, à intolerância e à persistência do racismo e do antisemitismo, é fundamental continuar a ensinar o que sabemos desse período.

swissinfo: Seu grande receio é o esquecimento. Mas, quando a gente vê a cobertura da mídia…parece que isso não acontecer.

J.G.: É verdade, mas não se esqueça que está ligado à atualidade. Não creio que teremos tanta mediatização no 61° ou 62° aniversários. Talvez no 70° ou no 100°.

Todo ano, surgem generações que não conheceram e conhecem cada vez menos a Shoah. Ora, os jovens também devem conhecer esse período para poderem lidar melhor com os problemas ligados à intolerância, ao racismo e ao antisemitismo.

Também é fundamental lutar contra o revisionismo que circula na Internet. Quando um aluno vai estudar esse período, ele procura informação, certo?

E ele vai encontrar com relativa facilidade documentos revisionistas que pretendem que a Shoah é apenas uma invenção da “judaria internacional”. Portanto é primordial lembrar o que foi uma realidade histórica.

swissinfo: Para lutar contra o esquecimento, quase não mais sobreviiventes. Quais as alternativas?

J.G.: Trabalhamos de fato com sobreviventes que testemunham nas escolas. Mas, paralelamente a essas testemunhas, existe sempre um trabalho de documentação.

Este ano publicamos um livro sintético sobre o que foi Auschwitz e a Shoah. Esse livro está nas escolas e temos muita demanda.

Trabalhamos ainda na conservação das imagens. Fizemos recentemente um filme em Aschwitz com testemunhos de sobreviventes e será divulgado nas escolas e na televisão.

Interview swissinfo, Olivier Pauchard
adaptação, Claudinê Gonçalves

Auschwitz (Polônia) foi o maior campo de concentração do regime nazista.
Aberto em maio de 1940, ele foi liberado pelos soviéticos em 27 de janeiro de 1945.
1,1 milhão de pessoas morreram ali, 90% judeus.
Cerca de 6 milhões de pessos foram assassinadas pelos nazistas, essencialmente judeus, mas também ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, resistentes, prisioneiros russos e pessoas deficientes.

Desde 1990, a CICAD, associação independente sediada em Genebra, propôe-se:

– Lutar contra o antisemitismo sob todas as formas.

– Ensinar história do antisemitismo e da Shoah.

– Defender a história de Israel, quando ela é difamada.

– Promover valores culturais judeus.

– Observar a aplicação da lei suíça contra o racismo.

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