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Escravos modernos

Terre des Hommes quer combater trabalho infantil doméstico. swissinfo.ch

ONG suíça Terre des Hommes inicia campanha mundial contra a exploração de trabalho doméstico infantil.

Mais de 350 milhões de crianças são mão-de-obra barata na África e América Latina, sendo grande parte delas meninas.

O cartaz chama a atenção. Ao lado dos olhos de uma menina africana estão os dizeres: -“Ela trabalha como
um chefe de uma empresa, é explorada sexualmente e recebe menos de um dólar por dia. Ela tem 14 anos e há cinco anos é empregada doméstica”. Trata-se da mais nova campanha da ONG suíça “Terre des Hommes”.

Empregada doméstica é uma profissão muito comum, sobretudo nos países em desenvolvimento. Se para famílias abastadas, essa mão-de-obra é indispensável, para essas trabalhadoras trata-se de uma moderna forma de escravidão. Essas meninas, em grande parte crianças e vindas de áreas rurais, carregam nas costas o duro trabalho domestico sem quase ganhar por isso.

Campanha contra trabalho infantil

Para alertar a sociedade acerca dessa realidade, Terre des Hommes iniciou essa semana sua campanha mundial chamada “Empregada Doméstica – os trabalhador infantil que ninguém vê”.

Através de pesquisas realizadas na África do Sul, Tanzânia e Brasil, Terre des Hommes fundamenta suas acusações. “Não sabemos quantas crianças são ocupadas nesse setor mundialmente, pois não existem estatísticas oficiais, mas analisando os números da Organização Internacional do Trabalho, descobrimos que mais de 350 milhões delas são obrigadas a trabalhar. Dessas 250 milhões vivem sob condições desumanas e mais da metade de todas essas crianças são meninas.”, afirma Sonja Matheson, responsável na Terre de Hommes pela campanha contra o trabalho domestico infantil no mundo.

3,4 milhões de domésticos menores na Tanzânia

Pesquisas realizadas no Brasil mostraram que 22% dos trabalhadores infantis no país são crianças de 10 a 14 anos, que trabalham como empregados domésticos. “Só no Brasil são mais de um milhão”, explica Matheson e completa, “em Lima, capital do Peru, a Unicef calcula a existência de mais de 150 mil domésticas menores de idade; na Tanzânia são mais de 3,4 milhões de trabalhadores infantis, sendo que a maior parte deles ocupados em residências”.

Para Terre des Hommes, a realidade das empregadas domésticas infantis é negra. “Essas meninas trabalham mais de 15 horas por dia, não vão a escola, recebem salários miseráveis, não tem contrato ou qualquer tipo de seguro e, por vezes, são até mesmo exploradas sexualmente pelos seus patrões”, conta Matheson.

A campanha dura três anos e tem por objetivo sensibilizar os suíços sobre esse típico problema de países em desenvolvimento. Paralelamente Terre des Hommes irá trabalhar diretamente nos países envolvidos, dando apoio às organizações de ajuda à empregada doméstica.

No próximo ano pesquisa na Suíça

No próximo ano Terre des Hommes pretende pesquisar a situação da exploração de trabalho infantil doméstico na própria Suíça. “Sabemos que também aqui existem muitas menores de idade, sobretudo portuguesas e brasileiras, que trabalham em representações diplomáticas ou casas particulares, porém precisamos ainda não temos idéia das dimensões”.

Acabar com a profissão de empregada doméstica não é o objetivo da ONG, porém tentar melhorar suas condições de vida. “Devido ao desemprego e situação econômica dos países desenvolvido essa será uma profissão que sempre irá existir, porém é preciso que essas meninas tenham também direito a uma vida normal, com escola, saúde e segurança” conclui Matheson.

swissinfo/Alexander Thoele

Segundo a Organização Internacional do Trabalho:
– 350 milhões de crianças trabalham.
– 250 milhões delas sob condições desumanas.
– Metade são meninas.
– Mais de 130 milhões de crianças trabalhadoras entre 6 e 11 anos não vão à escola. Dessas, 73 milhões são meninas.

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