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Gene defeituoso reforça alcoolismo

Existe uma relação entre o relógio biológico e o consumo de álcool. Keystone

Um gene defeituoso provoca taxas mais elevadas do neurotransmissor glutamato no cérebro, aumentando dessa forma a vontade de beber mais álcool.

A descoberta foi feita por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Friburgo. Os resultados dos testes podem ser utilizados nas terapias futura de combater ao alcoolismo.

Os bioquímicos da Universidade de Friburgo conseguiram revelar através das suas pesquisas a relação entre o relógio biológico e o consumo de álcool.

Para isso eles modificaram o chamado gene “Per2” em ratos de laboratório. Ao receber água e álcool, os animais modificados geneticamente escolhiam com muito mais freqüência álcool do que as espécies não modificadas.

Os pesquisadores ainda detectaram nos ratos manipulados concentrações elevadas do neurotransmissor glutamato no cérebro. Na espécie humana o gene “Per2” modifica suas atividades quando o relógio interno é desregulado, um fenômeno que pode ser observado em profissões como pilotos de aviação ou no caso de trabalhadores noturnos.

Os bioquímicos acreditam que, assim como ocorre nos ratos de laboratório, um defeito no gene “Per2” pode provocar taxas elevadas de glutamato no cérebro e aumentar o desejo por álcool.

Melhora da medicação

A descoberta da relação entre genes e o consumo de álcool pode ter um papel importante no futuro tratamento contra o alcoolismo.

Ela deve ter uma influência no uso do “Acamprosat”, um medicamento já muito utilizado pelos médicos e também capaz de reduzir as taxas de glutamato no cérebro. Um dos seus efeitos mais conhecidos é a redução do desejo de beber, sem provocar os contra-efeitos da desintoxicação.

Até então, os médicos tratavam todos os casos de alcoolismo através do medicamento “Acamprosat”. Essa prática faria então pouco sentido, pois o medicamento só teria efeitos sobre pacientes com taxas elevadas de glutamato, o que corresponde apenas a 10% dos alcoólatras.

O maior problema até hoje está na dificuldade de medir os níveis de glutamato no cérebro. Por outro lado, é muito fácil identificar falhas no gene “Per2”. Sendo assim o Acamprosat poderá ser aplicado com mais efetividade nas terapias futuras.

Relógio interno

Urs Albrecht e sua equipe de bioquímicos na Universidade de Friburgo pesquisam há anos os mecanismos do relógio biológico e sua influência sobre o comportamento de seres humanos e animais.

O relógio biológico é responsável pela temperatura do corpo, pela taxa hormonal e o sono num ritmo de dia de 24 horas, regulando também o metabolismo no organismo. Ele também faz com que o corpo dê sua maior capacidade e, durante a noite, se regenere através do sono.

A desregularão desse ritmo pode provocar problemas graves de saúde como depressão, insônia e problemas de coração. O relógio biológico faz com que o corpo interaja com o meio-ambiente. Problemas de sincronização aparecem também através do chamado “jetlag”, palavra inglesa que significa os problemas enfrentados após uma grande viagem de avião com a mudança de fusos horários.

No projeto de pesquisa, financiado através de fundos do governo suíço e da União Européia, os pesquisadores helvéticos trabalham em estreita cooperação com bioquímicos da Universidade de Mannheim, na Alemanha.

Numa próxima etapa, o grupo que pesquisar como o relógio biológico determina o processo de envelhecimento e o estado de saúde do cérebro.

swissinfo com agências

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