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Governo suíço abandona projeto cultural da Eurocopa

Esculturas de Johannes Doerflinger demarcam um gramado em Kreuzlingen (norte da Suíça), onde será instalado um telão durante a Eurocopa Keystone

Secretaria Federal da Cultura cancela exposição que deveria acontecer durante o Campeonato Europeu de Futebol.

A “bola da cultura” agora está com as cidades-sede. Pequenos projetos têm mais chances de vingar do que megaeventos, dizem organizadores.

O projeto de exposição que o governo federal suíço planejava realizar durante a Eurocopa, sob o nome “1924 – Nós vamos reconquistar o título” foi definitivamente engavetado.

Com isso, a Secretaria Federal da Cultura (BAK) deixa de participar das atividades culturais complementares ao torneio de futebol. A exposição itinerante deveria apresentar souvernirs pessoais ligados ao futebol com suas respectivas histórias.

Dos 1,5 milhão de francos suíços necessários para financiar a mostra, 550 mil deveriam ser cobertos por patrocinadores. O restante viria dos cofres públicos e das loterias suíças.

Numa versão mais barata, os objetos seriam expostos apenas num museu virtual. Mas sequer para esse portal interativo foi possível arrecadar recursos suficientes de patrocinadores, explicou Thomas Moser, chefe de gabinete do BAK e um dos coordenadores do projeto.

Performance na Basiléia

A idéia básica agora será encampada pelo Museu do Esporte da Basiléia, que fará uma performance na chamada “noite dos museus” da cidade, mas sem participação federal.

Um outro projeto previa a realização de quatro filmes de 11 minutos cada sobre o tema futebol na Áustria e na Suíça. A Secretaria Federal da Cultura rejeitou a proposta com o argumento de que a legislação do país prevê incentivos apenas para filmes e não para seriados.

Fim de projeto binacional



Morreu também o projeto cultural suíço-austríaco chamado “Doppelpass”. Segundo o iniciador Martin Heller, que foi diretor da Expo Suíça 2002, não foi possível arrancar dos cofres públicos federais 12 milhões de francos para co-financiar o projeto.

A Áustria agora realizará o evento, que prevê, entre outras coisas, uma Eurocopa literária. Uma alternativa na Suíça, nos dias sem futebol, será o “teatro esportivo”: duas equipes improvisarão uma peça dirigida pelo público, uma idéia que já deu certo no Mundial de 2006 na Alemanha, cujo programa cultural deu destaque à Copa da Cultura do Brasil.

Procuram-se designers



Um projeto um tanto distante do esporte é patrocinado pela Presença Suíça (órgão de promoção da imagem da Suíça no exterior): “11 metros de moda” é um concurso para estilistas suíços e austríacos.

A equipe austríaca elegeu as suas coleções vencedoras sobre o tema futebol durante a feira de design “Blickfang”, em novembro passado, em Zurique. Em abril próximo, os suíços deveriam se apresentar em Viena, mas ainda faltam candidatos, segundo informa a Presença Suíça.

Além, desses projetos binacionais, existem inúmeros menores, financiados por prefeituras ou grupos privados.

A bola está com as cidades-sede



Os programas culturais agora ficam principalmente por conta das cidades-sede do Euro 2008 (Basiléia, Berna, Genebra e Zurique). Basiléia planeja investir 1,5 milhão de francos em eventos culturais durante o torneio.

Zurique tem um orçamento de 300 mil francos para eventos ligados ao teatro, à música e ao cinema durante a Eurocopa.

O Grande Conselho (parlamento cantonal) de Berna liberou 345 mil francos para uma parceira musical entre a capital suíça e Salzburgo (Áustria). Outros 50 mil francos destinam-se ao “artpicnic” – um roteiro cultural com esculturas de artistas de Berna e Salzburgo.

Elogio ao federalismo



Iniciativas federalistas sempre são melhores, disse Christoph Neuhaus, porta-voz da organização de projetos públicos da UEFA EURO 2008.

Projetos realizados por prefeituras ou pequenos grupos privados costumam ter mais criatividade, energia e flexibilidade do que megaeventos, acrescentou.

A rejeição da proposta de filmes “11 minutos”, por exemplo, mostra a dificuldade de se desenvolver na Suíça projetos federais na área da cultura, que é principalmente de competência dos governos cantonais.

swissinfo com agências

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