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Governo suíço usa Davos para suas relações

Doris Leuthard, ministra da Economia, fala com o diretor da OMC Pascal Lamy. Keystone

Quem tira maior proveito do Fórum de Davos, encerrado domingo, é o governo suíço. Este ano foi firmado um acordo de livre-comércio com o Canadá e abertas negociações com a Índia. Foram resultados concretos obtidos por ministros suíços no WEF.

Os ministros também abordaram o ciclo de Doha da OMC, assuntos internacionais e relações bilaterais. É ainda a ocasião de avaliar a influência do país no concerto das nações.

O Fórum Econômico Mundial de Davos, encerrado domingo, teve resultados concretos para a Suíça. A Associação Européia de Livre Comércio (AELE) – formada pela Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, concluiu em Davos um acordo de livre-comércio com o Canadá. Representante da Suíça, a ministra da Economia Doris Leuthard assinou o tratado com o ministro canadense da Economia, David Emerson.

“O caminho foi longo mas chegamos” declarou a ministra suíça à imprensa, saudando os “grandes esforços de ambos os lados”. As negociações entre a AELE e o Canadá começaram em 1997.

O acordo, que entrará em vigor em 2009, elimina as tarifas sobre os produtos industriais e os produtos agrícolas transformados. O Canadá torna-se assim o mais importante parceiro econômico da AELE, depois da União Européia (UE).

O comércio entre o Canadá e a Suíça totalizou 9,5 bilhões de francos suíços em 2006. O novo acordo deverá aumentar de um terço o volume comercial entre o Canadá e a AELE.

Livre-comércio com a Índia

Ainda em Davos, a AELE iniciou negociações com vistas a um acordo de livre-comércio com a Índia. Em nome da AELE, a ministra suíça da Economia esteve reunida com o ministro indiano do comércio Kamal Nath.

“As negociações não serão fáceis, como sempre. Mas um tal acordo beneficiará ambas as partes”, afirma a ministra da Economia, em presença de representantes de outros três membros da AELE.

“Nesses últimos anos, surgiram novas sinergias, por exemplo para os produtos manufaturados e as novas tecnologias. Os acordos de livre-comércio são um estímulo para a economia”, declarou por sua vez Kamal Nath, realçando o aspecto complementar entre seu país e a AELE.

O acordo deve facilitar o comércio de bens, produtos agrícolas, serviços e investimentos. O comércio entre a Índia e a AELE totalizou 3 bilhões de francos suíços em 2007, 30% a mais do que em 2005.

Ciclo de Doha

Quanto à conclusão do ciclo de negociações de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), Doris Lehthard disse estar relativamente confiante, ao final de uma reunião com ministros de países industrializados e em desenvolvimento.

“Se as negociações não saírem do impasse até o final de 2008, nunca haverã solução”, declarou a ministra à imprensa. Nesse caso, as eleições nos Estados Unidos levariam as negociações para 2010.

Doris Leuthard disse que sentiu uma forte vontade política para concluir o ciclo de Doha antes do final deste ano. Segundo ela, “a crise econômica atual é o momento o momento certo. É importante dar um sinal de estabilidade ao mundo econômico.

Um outro encontro ministerial está previsto em abril, em Genebra.

A Suíça não tem porta-aviões

Por outro lado, o ministro do Interior e presidente da Suíça em 2008, Pascal Couchepin, manteve uma maratona de contatos em Davos. Apesar de afirmar que a Suíça é “uma potência econômica mundial”, um espaço de reunião internacional e um modelo de coexistência, ela também tem fraquezas.

“Digo sempre que não temos um porta-aviões, lembra Pascal Couchepin. O presidente afegão Amid Karzai me disse, por exemplo, que a Suíça podia ajudar seu país a reforçar o processo democrático e na educação mas é claro que não estamos entre os atores decisivos na região.”

Com a secretária de Estado Condoleezza Rice, o presidente suíço falou do “reconhecimento” de sua geração pelo papel desempenhado pelos Estados Unidos na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial.

“Reconhecer uma dívida de amizada não é uma fraqueza e não elimina o espírito crítico, disse Pascal Couchepin. Podemos insistir na questão de Guantânamo entre amigos”, acrescentou.

Em entrevista ao jornal Le Temps, de Genevra, ao final do WEF, Couchepin afirmou que “a influência da Suíça se diluiu um pouco”.

Reféns na Colômbia

A Suíça também insiste em propor seus bons ofícios. A ministra das Relações Exteriores Micheline Calmy-Rey falou do problema dos reféns com o presidente colombiano Alvaro Uribe.

Ele pediu que a Suíça retome seu mandato de “facilitador” no grupo dos três (Suíça, França e Espanha) na busca de um acordo humanitário com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

swissinfo com agências

O Fórum Econômico Mundial foi fundado por Klaus Schwab com a denominação “Management Symposium em Davos” em 1971.

Desde então, as edições são anuais, sempre na estação de inverno dos Alpes, com exceção de 2002, organizado em Nova York depois dos atentados do World Trade Center, quatro meses antes.

Esta edição 2008 reiniu 2.500 participants de 88 países. Cada um pagou 40 mil francos para participar.

O 38° WEF terminou domingo. Seu diretor André Schneider fez um balanço positivo da edição 2008. Segundo ele, as discussões terão conseqüências sobre a “arquitetura financeira”, o que permitirá de evitar no futuro os problemas ligados à crise atual.

Personalidades importantes como o primeiro ministro britânico Gordon Brown e o secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon, falaram da necessidade de lutar contra a pobreza. O primeiro ministro japonês Yasuo Fukuda anunciou um plano de 10 bilhões de dólares para lutar contra as mudanças climáticas.

As forças de segurança tiveram pouco trabalho. Em particular a manifestação de sábado em que uma centena de pessoas desfilaram em Davos, ocorreu sem problemas.

O exército suíço também praticamente não teve nada a fazer. Algumas violações do espaço aéreo – três durante o fórum e cinco na fase de preparação – foram devidas a pilotos desatentos.

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