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Hansruedi Salzmann, suíço no Brasil.

O engenheiro Hansruedi Salzmann, suíço do cantão de Berna, imigrou nos anos 50 para o Brasil. swissinfo.ch

Um engenheiro suíço abandona o cantão de Berna em 1952 e vai para o Brasil trabalhar numa fábrica de brinquedos.

Com 72 anos, Hansruedi Salzmann está aposentado continua a morar em São Paulo, juntamente com a sua família. Em Crans-Montana ele representou a colônia suíça no conselho de suíços do estrangeiro.

Qual é a sua origem e quando o você imigrou para o Brasil?

Sou do cantão de Berna. Logo depois de me formar em engenharia, fiquei interessado em aumentar meus conhecimentos através de uma experiência no exterior. Nessa época encontrei um anúncio no jornal, onde eles procuravam engenheiros para um trabalho “over-sea”, ou seja, fora da Suíça. Eu nem sabia se seria algo nos Estados Unidos ou na América Central. O emprego foi oferecido por um fabricante de brinquedos, que chegou a me entrevistar em Zurique.

Depois da entrevista, você recebeu finalmente um contrato. Como eram, nessa época, seus conhecimentos sobre o Brasil?

Em 1952 eles me ofereceram então o emprego. Eu aceitei. Eu não conhecia nada do país. Porém assinei o contrato que, naquela época, não passava de uma folha simples mimeografada. Logo depois eu comecei a estudar o português.

E como foi a viagem à América do Sul?

A travessia de navio entre Genova e o porto de Santos durou quinze dias. Durante o trajeto eu continuei aprendendo o português. Quando cheguei em São Paulo, já conseguia pelo menos falar sozinho no telefone.

E você imaginava como seria o Brasil, sua natureza, clima, etc?

Obviamente eu me informei sobre alguns costumes do Brasil. Quando cheguei no porto de Santo, peguei o ônibus para subir a São Paulo. Depois de chegar na cidade, minhas três malas haviam sido extraviadas. Porém logo depois elas foram encontradas.

Um suíço que esteja no exterior procura logo contato com membros da sua colônica?

Sim. Naquela época o consulado da Suíça e o clube de suíços estavam localizados no mesmo prédio. Logo depois nós nos conhecemos e passamos a nos freqüentar.

E a vida no Brasil se desenvolveu?

Depois de quatro anos eu me separei do fabricante brasileiro de brinquedos Estrela e aceitei um novo cargo na Ciba, que era uma grande empresa química da Basiléia. Em 1971 essa empresa foi fusionada com a Geigy, transformando-se em Ciba-Geigy. Mais tarde ela virou Novartis e a história continua. Eu me aposentei em 1991.

Depois você pensou em voltar para a Suíça?

Várias vezes, mas acabei ficando no Brasil. Pelo menos consegui com que meus filhos estudassem e vivessem doze anos na Suíça. Toda a minha família nasceu no Brasil, incluindo minha esposa que é brasileira. Todo mundo tem dois passaportes, menos eu.

Por que?

Como fomos equiparados, não era necessário se nacionalizar. Eu não estava interessado em participar das questões políticas e assim não era necessário se nacionalizar.

E em relação à gastronomia? O senhor não sentia falta da culinária suíça?

São Paulo é uma cidade muito internacional. Lá eu encontro restaurantes do mundo inteiro, incluindo aqueles onde especialidades suíças são servidas.

Incluindo a especialidade “Berner Schlachtteller”?

Não, o nome correto do prato é “Berner Platte”. “Schlachtteller” é a forma alemã de falar. Nós suíços utilizamos mais a expressão “Berner Platte”.

E a nostalgia? O senhor nunca sentiu falta das montanhas, dos chalés de madeira, a neve, etc?

O que eu mais senti falta no Brasil foi o esqui. Porém eu substituí esse esporte pelo montanhismo. Depois de um certo tempo, eu já conhecia cada pedra no Pico das Agulhas Negras. Eu tinha uma equipe e todo o equipamento necessário para a escalada. Nosso grupo era formado por suíços, brasileiros e até mesmo um português, que vinha especialmente do Rio de Janeiro para passear conosco.

E sua família chegou a conhecer a Suíça?

Viajávamos para a Suíça nas minhas férias, que ocorriam, no início a cada quatro anos e depois, a cada dois anos. Eu trazia a família em janeiro, no chamado “Januarloch” (buraco de janeiro), quando os hotéis e estações de esqui ainda estão vazias. Posteriormente, como era responsável por investimentos na Ciba-Gyger do Brasil, viajava para a Suíça à trabalho com bastante constância.

Seus filhos, que estudaram na Suíça, chegaram a permanecer no país?

Não. Eles retornaram depois para o Brasil. Quem nasce naquela terra acaba sentindo falta do sol. (risos)

Para um suíço como você, quais são os pontos fracos do Brasileiro?

A pontualidade é uma grande fraqueza dos brasileiros. O suíço geralmente considera um grande desrespeito estragar a agenda do outro.

Essa é a primeira vez que você participa de um encontro de suíços do estrangeiro?

Essa é a sétima vez que eu participo do Congresso de Suíços do Estrangeiro. A primeira vez foi em Lugano. Atualmente tenho um mandato para representar os suíços que moram no Brasil. Temos também um outro representante que mora no Rio de Janeiro.

swissinfo, Alexander Thoele em Crans-Montana

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