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Hospitais universitários mais perigosos do que as clínicas

A perfusão também pode ser fonte de infecção. imagepoint

O risco de erro médico, de infecção e de re-hospitalização é bem mais alto nos hospitais universitários do que nas pequenas clínicas, segundo enquete do site Comparis, pela internet.

Para os especialistas, esse estudo não é científico. No entanto, eles sublinham a necessidade de transparência dos dados hospitalares.

Um em cada quatro pacientes (25%) denuncia um erro médico em um hospital universitário, segundo enquete feita em 53 hospitais junto a 5.800 pacientes.

Os erros são mais numeros no Hospital Universitário de Zurique (26%) e mais raros no Hospita da «Beata Vergine» de Mendrisio, no Ticino, sul da Suíça (4%).

Um em cada nove pacientes (11%) afirma ter contraído uma infecção durante sua permanência em um hospital universitário, constata ainda essa enquete publicada terça-feira (21) pelo site Comparis, especializado em fazer comparações pela Internet. Essa taxa é mais alta do que a média de todos os estabelecimentos (7%).

Nos pequenos hospitais, os pacientes anunciaram duas vezes menos infecções do que nos centros universitários.

Além disso, um em cada cinco pacientes (20%), em média, tratado em um centro universitário, retorna ao hospital se que isso estivesse previsto.

O Hospital Universitário de Genebra (HUG) registra a maior taxa de re-hospitalização (29%).

Comparis comparou também a taxa de re-hospitalização, de infecções e de erros médicos declarados por hospital. O HUG de Genebra tem a nota “pior” dos hospitais com 49% dos pacientes vítimas de alguma desventura (49%). Mendrisio é o primeiro da lista (16%).

Essa sondagem confirma uma outra enquente de satisfação dos pacientes – também publicada por Comparis no início do mês – onde o HUG de Genebra também teve o pior resultado da Suíça.

Responsável pela qualidade no HUG, Thomas Perneger afirma que os maus resultados dos hospitais universidades se explicam pela tipo de atendimento e dos pacientes. Quando mais os tratamentos são longos e complexos, maior o risco de erro e de probabilidade de contrair uma infecção.

“Não são hotéis”

Diretor médico-adjunto no Centro Hospitalar Universitário Vaudoi (CHUV) em Lausanne (oeste), Jean-Blaise Wasserfallen se diz supreso pelo método utilizao e questiona a objetividade e a validade científica das respostas dadas pelos pacientes.

As infecções nosocomiais, por exemplo, são acompanhadas há bastante tempo por Swiss-Noso. A taxa de re-hospitalização também avaliada por um algoritmo adaptado. Com esse instrumento, o CHUV registra uma taxa de re-hospitalização de 6%, contra 24% segundo Comparis.

As taxas combinadas de erros médicos, infecções e de re-hospitalização divulgada por Comparis não tem qualquer valor científico, estima Jean-Blaise Wasserfallen. Isso equivale a somar maçãs e peras, segundo ele.

Globalmente, Wasserfallen defende uma tomada de consciência dos riscos inerentes a uma hospitalização por parte do pessoal hospitalar mas também dos pacientes. “Os hospitais não são hotéis e existe um certo risco durante a estadia”, adverte o médico.

Pela transparência

No Hospital Universitário de Berna, capital suíça, Kathrin Mühlemann,
especialista do setor de infecções, considera a maneira de Comparis apresentar e interpretar os resultados como não-prifissional. Não é ético, segundo ela, apresentar números sem base científica.

Presidente da Organização Suíça de Defesa dos Pacientes (OSP), Margrit Kessler
assinala a ligação entre satisfação do paciente e taxa de complicações. “Nós exigimos há muito tempo que os hospitais sejam mais transparentes em seus resultados” por que isso facilitaria a escolha do paciente.

Responsável da Associações de Hospitais e Clínicas (H+), Bernhard Wegmüller
diz que Comparis leva em conta a opinião dos pacientes e não a qualidade médica. Mas ele apóia a idéia de melhorar a transparência.

Relativizar

Por sua vez, o diretor da Fundação pela Segurança dos Pacientes, Marc-Anton Hochreutener considera que, se a necessidade de informação dos pacientes é legítima, deve-se que questionar o impacto de um tal questionário.

Para ele, esse tipo de dados é delicato a explorar e seria preciso verificar que nenhum hospital foi tratado injustamente.

Segundo Marc-Anton Hochreutener, os hospitais só devem tomar medidas se os fatos revelados são confirmados cientificamente.

swissinfo com agências

15% dos pacientes do hospital de La-Chaux-de-Fonds (cantão de Neuchâtel) e 15% nos hospital universitário de Berna, contraíram infecções.

Os erros médicos são mais freqüentes nos hospitais universitários de Zurique e de Aarau (26%).

As re-hospitalizações não-planejadas são mais freqüentes no HUG, em Genebra (29%), no CHUV de Lausanne (24%) e no em Liestal (22%)

O site Comparis questionou 5.800 pacientes de 53 hospitais. As perguntas eram relativas à satisfação dos pacientes, a ocorrência de erros médicos e a re-hospitalização inesperada pela mesma doença.

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