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Muitos beneficiários de ajuda social vivem sozinhos

Cena rara na Suíça: um mendigo espera por uma esmola na rua Marktgasse, em Berna. Keystone

Quase a metade (48%) das 245.156 pessoas que recebem ajuda social na Suíça mora sozinha (singles), enquanto a maioria da população considerada pobre (54%) é composta por famílias.

É o que mostra um estudo do Departamento Federal de Estatísticas (DFE), que comparou a situação econômica dos habitantes entre 18 e 59 anos no período de 1990 a 2006.

Os suíços na faixa etária de 18 a 29 ano estão super-representados entre os beneficiários da ajuda social (30%), mas não na população classificada como “monetariamente pobre”, escreve o DFE.

Sete em cada dez jovens receptores de ajuda social não concluíram um curso profissionalizante ou outro curso superior. Somente uma minoria (32%) dos beneficiários da ajuda social tem emprego, enquanto a maioria (59%) da população considerada pobre trabalha.

A taxa de desemprego entre os receptores de ajuda social é três vezes superior à registrada entre os pobres segundo o padrão suíço (36% contra 12%).

“Lacuna da pobreza”

Muitas dessas diferenças, segundo o DFE, podem ser explicadas pela chamada “lacuna da pobreza”, ou seja, a diferença entre a renda familiar e a linha da pobreza definida estatisticamente.

Quando essa lacuna é pequena e há várias pessoas economicamente ativas na família, a ajuda social é solicitada mais raramente. Além disso, a maior parte da população considerada pobre obtém outros tipos de auxílios públicos (como seguro-desemprego, pagamento prévio de pensão alimentar) antes de recorrer à ajuda social.

PIB per capita x pobreza

Segundo o DFE, “há uma relação complexa entre desenvolvimento econômico, ajuda social e pobreza” (veja diagrama na coluna à direita). O PIB per capita do país em 2007 era de 58.084 dólares.

Entre 1990 e 2006, a taxa de beneficiários da ajuda social aumentou quase constantemente (de cerca de 1,3% para 3,3% da população de 7,5 milhões de habitantes), enquanto houve flutuações na taxa de pobreza. As duas cotas dependem da taxa de desemprego, que, por sua vez, reflete com um atraso de cerca de dois anos os efeitos do crescimento econômico.

A estatística da ajuda social, que mostra a “pobreza combatida”, é considerada um bom indicador do problema da pobreza em geral. Um aumento do desemprego provoca um aumento do número de dependentes da ajuda social; uma queda do desemprego apenas tem freado o número de beneficiários dessa ajuda, conclui o DFE.

Pobreza e ajuda social

Na Suíça, é considerado pobre quem vive abaixo da chamada linha da pobreza, ou seja, quem tem renda mensal média inferior aos seguintes valores: 2.200 francos para solteiros; 3.250 para mãe solteira com filho; e 4.650 francos para um casal com dois filhos.

A chamada “renda mínima” inclui o cálculo de três componentes: a necessidade básica de subsistência, os custos de moradia e o atendimento médico básico. A isso são acrescentados 100 francos por membro da família com mais de 15 anos para cobrir custos adicionais.

Quem vive abaixo da linha da pobreza tem direito à ajuda social. O cálculo dessa ajuda segue uma diretriz da Conferência Suíça da Ajuda Social (SKOS), que define, por exemplo, o “mínimo necessário para a sobrevivência” – entre 960 francos/mês para uma pessoa até 2.861 francos/mês para uma família com sete membros.

Assim como acontece com as pessoas que trabalham, também para os receptores de ajuda social a chamada “renda livremente disponível” – excluindo, por exemplo, aluguel e seguro médico etc. – varia de estado para estado.

Segundo um cálculo-modelo feito pela SKOS em 2007 (veja link ao lado), uma família com duas crianças dependente de ajuda social em Appenzell tem a menor “renda livremente disponível” da Suíça (23.728 francos por ano), enquanto essa mesma família teria 28.957 francos anuais em mãos se vivesse em Lausanne.

swissinfo, Geraldo Hoffmann (com agências)

Entre 2000 e 2006, a pobreza permaneceu praticamente estável na Suíça, atingindo 9% da população entre 20 e 59 anos, conforme estudo divulgado em fevereiro de 2008 pelo Departamento Federal de Estatísticas.

A taxa de 9% de pobres em 2006 correspondia a 380 mil pessoas na Suíça.

Segundo dados oficiais, há aproximadamente 150 mil assim chamados “working poor” (trabalhadores pobres).

Em 2006, um total de 245.156 pessoas receberam auxílios sociais na Suíça (3,3% da população).

Fonte: Departamento Federal de Estatísticas

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