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Novartis vende setor nutricional

O grupo concentra-se no setor farmacêutico swissinfo.ch

A multinacional suíça anuncia venda de sua unidade de nutrição dietética e funcional que inclui marcas conhecidas como Isostar e Ovomaltine. Especialistas alertam contra o risco de abuso desses "alimentos favoráveis à saúde".

O setor de que Novartis – gigante na área farmacêutica – quer se desfazer engloba, além da marca Ovomaltine, outros alimentos e bebidas (caotina, lacovo), dietética e produtos de regime (marca Cereal) e produtos destinados a esportistas (Isostar).

Concentração

A nutrição dietética e funcional não representa mais de 3% no faturamento do grupo : 850 milhões de francos no ano passado (€ 574 milhões). O faturamento total no mesmo período foi de 27.7 bilhões de francos (€ 16 bi).

O setor em questão, denominado “Consumer Health”, inclui medicamentos sem receita médica, produtos para a primeira idade, Ciba Vision (lentes de contato), saúde animal e nutrição médica.

A decisão de vendê-lo responde à decisão de centralizar as atividades na área farmacêutica (Pharma). A venda deve ocorrer no período de 6 a 12 meses.

“Alicamentos”

Há cerca de 15 anos, o comércio de produtos alimentícios “favoráveis à saúde” está em plena expansão, principalmente nos países industrializados. Em conseqüência vem aumentando o número de Iogurtes, bebidas vitaminadas e outros produtos “enriquecidos” com elementos químicos, como iodo, cálcio, magnésio, zinco, broto de soja, fibras para estimular a atividade intestinal…

As indústrias têm acentuado a mais valia “saúde” desses produtos que chamaram de “alicamentos” (neologismo para contração de alimentos e medicamentos). Mas, na Suíça, por exemplo – onde a legislação não consegue acompanhar a rápida evolução – as autoridades mostraram-se prudentes qualificando esses produtos simplesmente de “especiais”.

Substitutos

A Divisão Federal de Saúde Pública admitiu que esses produtos não prejudicam a saúde. Mas especialistas suíços consideram faltar bases científicas sólidas para dar garantias quanto a efeitos positivos dos “alicamentos” a longo prazo.

Em entrevista ao jornal Le Temps, de Genebra (edição de 22.01.00), Michel Roulet, médico responsável pela Unidade de Nutrição Química no hospital universitário de Lausanne (CHUV), já alertava para o perigo de fazer “desses complementos alimentares a base da alimentação. “Em plano conceitual, não se pode ser contra. Quando não se pode ter uma alimentação equilibrada em todas as refeições, pode-se imaginar que haja espaço para produtos mais bem elaborados”.

Mercado de € 15 bi

O que o médico suíço criticou foi tentativa de considerar esses alimentos como remédios. Mas na atual década “os industriais compreenderam que tinham ido longe demais falando de medicamentos que curam … Já não se fala mais de cura e sim de prevenção”.

Em todo o caso, lembra o Le Temps, com o aparecimento da doença Creutzfeld-Jakob, “os consumidores tomaram consciência de que o que se come hoje terá influência amanhã, em 10 ou 20 anos”.

É um elemento que os produtores de “alimentos funcionais” já levam em consideração. Calcula-se que esse tipo de alimentação possa gerar 23 bilhões de francos suíços (€ 15.5 bi) neste ano. E 37 bilhões (quase 25 bilhões de euros) em 2010.

swissinfo com agências.

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