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O Fórum de Davos mede a fragilidade

O WEF será realizado num grande hotel de Nova York. swiss-image.ch

Pela primeira vez, o Fórum Econômico Mundial - WEF - sai da Suíça. Em Nova York, o WEF examina a economia mundial depois de 11 de setembro

Desde que foi fundado, em 1971, o Fórum Econômico Mundial (sigla inglesa WEF, para World Economic Forum) nunca se tinha reunido fora de Davos. Foi nesse centro alpino do leste suíço que adquiriu prestígio por ser um encontro nas montanhas mágicas que inspiraram o célebre romance de Thomas Mann.

Congregada em Nova York – em solidariedade pelos trágicos atentados de 11 de setembro – a 32a. edição do Fórum (de 31.01 a 04.02.02) propõe em seu programa um tema de reflexão original: “Liderança em tempos frágeis: uma visão de um futuro compartilhado”.

Menos altivez

Diante do fantasma de uma recessão que também se globaliza – principalmente nos grandes polos econômicos mundiais – e diante aos escombros das Torres Gêmeas de Manhattan, o Fórum parece mais moderado. O clima de fragilidade é menos favorável ao tom triunfalista dos anos de clara promoção da globalização ultraliberal.

José María Figueres, um dos diretores executivos e chefe do centro em que o WEF prepara a chamada agenda global, explica a swissinfo a razão do temário: ” No novo mundo, surgido dos acontecimentos de 11 de setembro, se exige, sobretudo, liderança para roteiros do futuro e trabalho para reconhecer que os desafios não podem ser resolvidos só por políticos ou só por empresários, senão com esforços coletivos para avançar rumo a uma melhor convivência”.

Ênfase nas disparidades

Restaurar o crescimento sustentável, determinar as vulnerabilidades, reduzir a pobreza e conseguir a eqüidade são temas mais concretos do programa. Embora esses assuntos já tenham sido abordados em outras ocasiões, é uma das raras vezes em que se enfatiza tanto as disparidades existentes na comunidade internacional.

“Insistimos nisso porque achamos que hoje precisamos avançar de uma necessária coalizão contra o terror, para uma coalizão pelo desenvolvimento, mais necessária. Se conseguirmos injetar mais energia e coragem nos esforços de desenvolvimento, teremos uma melhor convivência para uns, que se traduzirá em maiores mercados para outros”, acrescenta Figueres.

Convergências com Porto Alegre?

Poder-se-ia dizer que o Fórum Econômico Mundial retoma os lemas críticos de encontros como o Fórum Social de Porto Alegre. O economista responde: “Nesses tempos, quando os desafios do desenvolvimento, as esperanças e oportunidades não os resolvem, nem governos, nem agências governamentais, temos uma responsabilidade coletiva das empresas para ajudar nessa tarefa. Se assim compartilhamos mais visões com outros foros, que seja bem-vinda a convergência”.

Provável deslocamento

O Fórum indicou que no próximo ano retornará a Davos. No entanto, como registraram alguns jornais suíços, não se descartam ulteriores deslocamentos.

Por seu lado, o governo suíço, temeroso que a decisão de sair da Suíça repercuta em outros eventos similares realizados no país, ofereceu entre 3 e 4 milhões de francos suíços – (de € 2 a 2.7 milhões) para pagar a fatura da segurança que exige a realização so simpósio.
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“Podemos nos reunir em diferentes cidades e países interessados, mas nosso desejo e intenção é voltar a Davos em 2003”, indica José Figueres, sem descartar a possibilidade de reuniões posteriores em distintas partes do mundo.

O Fórum informa que o encontro de Nova York contará com número recorde de grandes líderes:: 3.000 participantes, entre os quais 1.000 patrões de empresas, 45 líderes sindicais, 100 organizações globais sem fins lucrativos, 250 catedráticos, 300 diretores de meios de comunicação, chefes de Estados e de Governos. Três membros do governo federal da Suíça e numerosos empresários do país testemunharão o interesse da Suíça pelo encontro.

Líderes religiosos

Também como sinal desses tempos, 40 líderes religiosos participam da reunião em Nova York.

“Esperamos incorporar em tudo que se relaciona com a globalização da economia tema dos valores e esperamos compreender melhor como as religiões podem ter um papel ativo no entendimento entre os povos e culturas, conclui José Figueres.

Jaime Ortega

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