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ONGs suíças enviam ajuda ao Paquistão

O Paquistão está sofrendo as maiores enchentes dos últimos anos. Keystone

Diversas ONGs suíças distribuem ajuda emergencial no Paquistão, onde fortes chuvas provocaram inundações afetando a vida de 3,2 milhões de habitantes e causando também a morte de pelo menos 1.400.

As Nações Unidas alertam: 1,8 milhões de pessoas precisam urgentemente de água potável, comida e abrigo por causa das mais fortes chuvas dos últimos 80 anos. O noroeste do Paquistão é a região mais atingida.

Mais chuvas estão previstas nos próximos dias nas províncias ao noroeste e sul do país como Punjab e Sindh. Pontes e estradas danificadas tornaram mais difíceis o trabalho das equipes de resgate de distribuir a ajuda vinda de outros países, de ONGs e da ONU.

“É um trágico desastre. Ele afeta uma população que já vive em condições difíceis”, declara Georg Farago. O porta-voz do ministério suíço das Relações Exteriores acrescenta que a Suíça distribui comprimidos para purificação de água e gêneros alimentícios a 12 mil pessoas, como parte da ajuda emergencial. Agora técnicos avaliam se a ajuda precisa ser reforçada.

“No entanto, até ontem (03/08), o governo paquistanês não havia emitido nenhum pedido formal de ajuda”, explica Farago.

A Agência Suíça de Desenvolvimento e Cooperação (DDC, na sigla em francês) já coordena projetos nas áreas atingidas pelas inundações. Há anos que ela clama por medidas de proteção eficientes e baratas contra inundações, como através de barragens com cancelas.

Andreas Huber, diretor da DDC para o Paquistão, estava visitando um desses projetos quando as inundações começaram na semana passada.

“Foi possível ver in loco o que esses projetos são realmente capazes de fazer. Os vilarejos que foram protegidos por essas barragens foram muito menos afetados. No entanto, vimos a inundação chegar e fomos capazes de tomar imediatamente as primeiras medidas de ajuda”, afirma.

Ele lembra que a situação é séria, com estradas danificadas, que a ajuda chegue a muitos necessitados.

“Os próximos passos serão a reconstrução, mas ainda é muito cedo para isso. Temos de esperar que as chuvas parem por um tempo indeterminado. Precisamos ter uma visão geral dos danos, o que ainda não está muito claro.”

Áreas inteiras destruídas

ONGs afirmam que a situação deve se tornar ainda mais séria, pois mais chuvas estão previstas. “As crianças são particularmente afetadas por isso”, declara Alexandra Rosetti, porta-voz do UNICEF Suíça.

“Elas são pequenas, desnutridas e precisam desesperadamente de comida, água potável e material de saúde”, completa, lembrando também que há relatos de dificuldades de entregar ajuda às pessoas.

“As estradas foram submersas. As pontes foram arrasadas, as linhas de energia caíram e, obviamente, danos foram causados em hospitais, escolas e nos sistemas sanitários. A situação é muito ruim. Em alguns casos, bairros inteiros foram destruídos.”

O UNICEF lançou um apelo para recolher pelo menos 10 milhões de dólares para cobrir as necessidades imediatas da população afetada.

Despreparo

Organizações humanitárias suíças prometeram tanto apoio financeiro como material.

A Caritas suíça fez uma contribuição imediata de 200 mil francos (US$ 193 mil). Os recursos serão utilizados nos distritos de Barkhan e Kohlu no Belutschistão, assim como no Vale de Swat.

A Cruz Vermelha Suíça prometeu mais 100 mil francos, além de pacotes de ajuda para 550 famílias. Esses pacotes contêm objetos de higiene pessoal, utensílios básicos de cozinha, cobertores, mosquiteiros e material escolar.

Ao mesmo tempo, o braço suíço do Exército da Salvação contribuiu com uma ajuda imediata de 30 mil francos, além de organizar uma coleta adicional para ajudar as vítimas das enchentes.

A Ajuda Ecumênica Suíça distribui atualmente ajuda no valor de 200 mil francos. Como explica seu porta-voz, Asad Dogar, responsável pela ajuda ao Paquistão, ele e sua equipe conhecem a região através do trabalho realizado com deslocados internos e pretendem realizar avaliações profundas das áreas mais afetadas para determinar quanto de ajuda imediata e de longo prazo serão necessárias.

Dogar afirma que, embora o Paquistão tenha determinadas áreas suscetíveis de enchentes a cada ano, as pesadas chuvas afetaram regiões onde isso não costumava ocorrer. Assim muitas pessoas foram pegas de surpresa. “Elas estavam despreparadas nas suas casas e não esperavam inundações nessas proporções.”

Críticas

O exército paquistanês distribui atualmente alimentos, remédios e barracas, assim como as agências governamentais, partidos políticos e organizações humanitárias.

Muitas das vítimas afirmam não terem sido alertadas do perigo de inundações. Elas criticam diretamente o governo. Porém as forças armadas refutam as críticas de terem sido lentas para responder às necessidades da tragédia.

A Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC, na sigla em inglês) lançou a um apelo preliminar à comunidade internacional para recolher 17 milhões de francos. Os recursos devem ser utilizados na ajuda emergencial coordenada pela Sociedade do Crescente Vermelho do Paquistão.

“Assim como iremos aumentar a distribuição de gêneros alimentícios e barracas, o Crescente Vermelho está trabalhando para reduzir os riscos de saúde pública causados pelas inundações. Fornecer água potável e saneamento é prioridade absoluta se quisermos evitar um desastre de saúde pública”, ressalta Ateeb Siddiqui, diretor de operações da Sociedade do Crescente Vermelho no Paquistão.

Ele lembra que a próxima semana pode ser decisiva, já que mais chuvas pesadas poderão fazer com que as inundações atinjam ainda mais ao sul do país.

Isobel Leybold-Johnson e Susan Vogel-Misicka, swissinfo.ch
(Adaptação: Alexander Thoele)

Frente à magnitude da catástrofe no Paquistão, as promessas de ajuda começaram a ser lançadas.

A Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho pediram 16,3 milhões de dólares.

A Grã-Bretanha prometeu nesta segunda-feira 8 milhões de dólares.

Os Estados Unidos prometeram conceder uma ajuda de 10 milhões de dólares e o envio de helicópteros, barcos e material de socorro.

Nesta segunda, helicópteros americanos resgataram mais de 700 paquistaneses e transportaram mais de cinco toneladas de rações alimentares, segundo Washington.

A ONU se comprometeu a conceder até 10 milhões de dólares, enquanto a China – também castigada por inundações no nordeste – anunciou que contribuiria com 1,5 milhão de dólares.

A Comissão Europeia havia anunciado, no sábado, a liberação de uma cifra de 30 milhões de euros em ajuda humanitária para o Paquistão. (Fonte: AFP)

A cooperação suíça com o Paquistão começou em 1966. Seu foco principal era a pobreza e outros grupos marginalizados da sociedde.

A DDC providenciou ajuda humanitária a regiões ao norte do país depois de um grande terremoto em 2005. O órgão também apoiava grupos de refugiados internos.

Em 2008, o governo helvético decidiu reduzir o número de países considerados “prioritários” para a ajuda. O Paquistão não deve mais pertencer a esse grupo a partir do final de 2011. Porém alguns programas específicos, com um orçamento de 5 milhões de francos, devem continuar através de um novo acordo entre os dois países.

O orçamento global para a ajuda suíça ao Paquistão é de 17,4 milhões de francos em 2010. (Fonte: DDC)

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