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Os prêmios que ninguém quer em Davos

L'attore svizzero Patrick Frey, durante un momento della consegna Keystone

Na abertura do Fórum Econômico Mundial, opositores à globalização contemplaram 5 multinacionais com os Óscars da infâmia.

Para estimular o desenvolvimento sustentável, ambientalistas e ONGs do Public Eye on Davos (Olho Público sobre Davos) buscam diálogo com a economia, sem renunciar à denúncia.

“Devemos exercer maior pressão para que os meios econômicos tomem consciência das próprias responsabilidades. Onde podemos agir melhor que em Davos”?

A observação é de Mary Robinson, ex-presidente irlandesa, ex-delegada da ONU para os direitos humanos e hoje ativa na luta pela justiça social em numerosas organizações não-governamentais.

Os prêmios destinados a empresas irresponsáveis, o Public Eye Awards, surgiu dessa necessidade: apontar quem desrespeita os critérios mais elementares de humanidade, quem desrespeita o meio ambiente. O olho vigilante das organizações não-governamentais é, então, atribuído às firmas que sobressaem pelos danos provocados.

A atribuição do denominado “prêmio que ninguém quer” ocorreu na quarta-feira, 26. A pouca distância do Centro de Congressos – que acolhe mais de 2 mil líderes dos setores da economia e da política – os alter-mundialistas inauguraram uma pequena contra-cúpula, dando um pouco de brilho à cerimônia numa atmosfera de Oscar alternativo.

Cinco firmas na berlinda

O apelo da declaração de Berna (ONG empenhada em melhorar o comportamento da Suíça e das empresas helvéticas nos países do Sul) e das organizações ambientalistas mundiais Frends of the Earth não se tornou letra morta: as “nomeações” vieram de todo o mundo.

As categorias eram quatro: direitos humanos, ambiente, direitos trabalhistas e taxas. Vinte e quatro firmas ativas, de âmbito internacional entraram na lista examinada por um júri centralizador. Com base na lista, os internautas alter-mundialistas – grupo notoriamente muito participante – atribuíram o prêmio do público.

Os contemplados

À DOW CHEMICAL COMPANY – ex-Union Carbide, responsável pela tragédia de Bhopal (Índia), em 1984 que custou a vida a 20 mio pessoas – foi concedido o prêmio de advertência pelo desrespeito aos direitos humanos. A empresa conseguiu, aliás, ser nomeada em todas as categorias.

A ROYAL DUTCH/SHELL, do setor petroquímico que se empenhou em retocar a própria imagem nos últimos anos, viu-se “recompensada” por ter esquecido os erros do passado na Nigéria.

Ao gigante dos supermercados, WAL-MART STORES (EUA) que renunciou a qualquer tipo de contrato coletivo e que já figura entre os piores empregadores do mundo recebeu o prêmio pelos direitos dos trabalhadores.

A transnacional holandesa KPMG INTERNATONAL, que conta mais de 100 mil do setor da contabilidade ganhou o prêmio de quem burla o fisco.

A NESTLÉ, n° 1 do agroalimentar também não foi esquecida. E por três motivos: a venda de leite em pó para os recém-nascidos, a conquista do mercado da água potável e por sus política empresarial na Colômbia, onde licenciou os operários para recontratá-los com salários inferiores.

Um posto fixo em Davos

Os prêmios não foram retirados por responsáveis pelas respectivas empresas, embora todos estejam na lista de participantes do Fórum de Davos (WEF). Mas Andréas Missbach, da Declaração de Berna, jogando com a divisa do Fórum deste ano afirma: “Não oferecemos decisões difíceis, e sim, pedidos difíceis”. Evidentemente não têm vontade de responder”.

Também, Noreena Hertz, economista e autora de estudos de impacto sobre a economia global, não vê uma nova dinâmica: “A ideologia cultivada no Fórum Econômico Mundial criou barreiras cada vez mais sólidas entre política e sociedade, entre ganho individual e solidariedade. Falta uma consciência social entre os empreendedores”.

Mesmo assim, os organizadores do Public Eye on Davos não querem afrouxar: “Em seis anos de presença às margens do Fórum, conquistamos um posto fixo. Sabemos que incomodamos e vamos continuar apresentando ao mesmo tempo novas idéias, como esta da premiação”, conclui.

Swissinfo, Daniele Papacella, em Davos
(Tradução de J.Gabriel Barbosa)

– Encontro alternativo ao WEF, o Public Eye on Davos é dirigido por organizações ambientalistas e de ajuda do desenvolvimento.

– Desde 1998, esse evento paralelo ao WEF tem por objetivo denunciar os desenvolvimentos negativos da liberalização e da globalização da economia.

– Neste ano, cinco empresas ficaram na berlinda por diferentes motivos. São as transnacionais Dow Chemical, Royal Dutch/Shell, Wal-mart, KPMG International e Nestlé.

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