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Pediatras lançam alerta contra excesso de TV

Pode ser divertido, mas o excesso de televisão torna as crianças agressivas. Keystone

Os pediatras suíços lançam um alerta contra os excessos de televisão e computador a que são submetidas certas crianças.

Na nova versão do carnê de saúde distribuído aos pais, eles fixam o limite entre 7 e 10 horas por semana.

“Quando certas crianças me contam o filme que acabaram de ver, de manhã, antes de vir para a escola, eu quase nem acredito”, conta uma professora de primeiro grau de Zurique. Para ela, não tem dúvida nenhuma: o número de crianças que assistem televisão demais – e geralmente sós – não cessa de aumentar.

A Sociedade Suíça de Pediatria (SSP) também lança um alerta integrado na última edição do carnê de saúde que acompanha cada criança desde o nascimento até os 14 anos de idade.

A advertência não é uma crítica porque o carnê busca sobretudo sensibilizar: “O sr. (sra) sabia que um excesso de televisão e de computador (mais de 7 a 10 hs por semana) tem um efeito negativo sobre o desenvolvimento físico e psicológico da criança e do adolescente”, questionam os pediatras no capítulo Crescer e se Desenvolvover.

“A televisão não responde às necessidades de desenvolvimento – cognitivo, afetivo, psicomotor … – das crianças, precisa a doutora Nicole Pellaud, membro do grupo de trabalho da SSP que fez a reedição do carnê de saúde.

“Ela pode inclusive ter um efeito desfavorável, sobretudo pela falta de outros elementos adaptados à idade e por hábituar-se a uma resposta “televisada” às suas necessidades para o futuro”, acrescenta.

Não antes dos três anos

Seu colega Paul Bouvier, diretor do Serviço de Saúde da Juventude do Cantão de Genebra, confirma: “A televisão não é um meio previsto para as crianças pequenas. Elas sentem um certo prazer por causa do movimento e das cores mas, para elas, não faz sentido”, explica.

“A excitação constante do cérebro é cansativa. A televisão pode trazer algo, desenvolver competências, mas a partir de três anos, se for limitada a alguns instantes por dia e acompanha por um adulto.”

Na Suíça, o consumo de televisão pelas crianças é bem inferior aos níveis observados em outros países e perde terreno atualmente para os jogos de vídeo e para o computador.

“Estima-se que 10% dos adolescentes assistem quatro horas de televisão por dia, precisa Paul Bouvier. Nos Estados Unidos, essa proporção é de um terço. Outra indicação: segundo o psicanalista francês Serge Tisseron, na França, 75% das crianças com menos de 5 anos assistem os telejornais.

Obesidade: um efeito secundário subestimado

Os dois elementos fundamentais – o tempo que se passa diante da tv e o conteúdo das imagens – podem provocar, se conjugados, um comportamento agressivo a curto prazo: “todos os estudos demonstram; um livro nunca produz esse efeito”, insiste Paul Bouvier.

O alerta se justifica anda por outra razão, também relacionada no no capítulo sobre a alimentaçao: “as conseqüências de um excesso de televisão em matéria de obesidade ainda são subestimadas”, afirma Paul Bouvier.

“A televisão realça os méritos da comida industrial, o que é uma verdadeira catástrofe em termos de saúde pública”. Uma constatação a que o carnê de saúde deveria dar mais destaque.

swissinfo, Ariane Gigon Bormann, Zurich

Vários fatos policiais violentos envolvendo menores relançaram recentemente o debate, na Suíça e em outros países, sobre a influência das imagens de televisão, cinema e jogos vídeo sobre as crianças.
Na Suíça, os pediatras estima que 10% dos adolescentes assistem televisão quatro horas por dia.
Nos Estados Unidos, essa proporção é de um terço.
Na França, 75% das crianças de menos de 5 anos assistem os telejornais.
Segundo os pediatras, as crianças de menos de três anos não devem assistir televisão.
Para os de mais de três anos, o limite deveria ser de 1 a 2 horas por dia, acompanhadas por um adulto.
O tempo que se passa diante da televisão e o conteúdo das imagens podem provocar reações de agressividade a curto prazo.

O Carnê de Saúde é uma brochura distribuída aos pais no nascimento dos filhos e que deve ser apresentado ao pediatra a cada consulta.

O livrinho contém espaços reservados às parteiras, aos pediatras e aos pais para anotarem os progressos das crianças.

Tem ainda muitas informações práticas e gerais sobre o desenvolvimento das crianças.

Editado pela primeira vez em 1996, o carnê acaba de ser revisado pela Sociedade Suíça de Pediatria (SSP).

A Seguradora CSS, que financiou a publicação e organiza a distribuição, indica que o carnê é enviado a 90% dos pais suíços. A tiraram da última edição é de 89 mil exemplares.

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