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Poeira do Saara cobre montanhas

O vento veio da Suíça e parou em Vorarlberg, na Áustria: o céu vermelho foi provocado pela poeira do Saara. Keystone

Ventos fortes no deserto do Saara são capazes de levar partículas para os cantos mais distantes do planeta, incluindo a Suíça.

Em dias de bom tempo, o sol reflete no ar carregado de poeira e dá a impressão de estar pegando fogo.

No último fim de semana, os suíços tiveram um espetáculo da natureza pouco comum frente aos seus olhos: o céu pegou fogo.

O fenômeno deve-se a poeira do deserto do Saara, que é transportada pelo vento até o continente europeu. Quando chega nos Alpes, a massa de ar é barrada pelas montanhas. Com bom tempo, o sol reflete nas minúsculas partículas e provoca o efeito de céu pegando fogo.

Na região da montanha Jungfrau (3.475 metros acima do mar), localizada no cantão de Berna, cientistas identificam anualmente mais de vinte efeitos “Saara”, como é conhecido o fenômeno. Porém apenas um quarto das partículas coletadas por ano pelos cientistas provêm do maior deserto do planeta. Os aparelhos também recolhem material das camadas de ar inferiores, que contêm também sobras da poluição atmosférica.

A quantidade de sedimentos encontrados no ar não é reduzida. Os pesquisadores avaliam que o vento joga anualmente mais de um bilhão de toneladas de poeira na atmosfera. Um terço desse material vem da queima de florestas e queima de combustível.

Cerca de 60% das partículas originárias do deserto encontradas no ar vêm do deserto Saara. “Os efeitos observados no último sábado podem ser visto com regularidade no Atlântico”, explica Urs Baltensperger, do Instituto Paul-Scherrer (PSI), um centro de pesquisas suíços onde são analisados, dentre outros, fenômenos climáticos. Os pesquisadores do PSI acreditam que a poeira do deserto tem um importante papel para o clima do globo.

Projeto Samum

Para analisar mais profundamente a questão, cientistas alemães criaram o projeto “Samum”, que é a palavra para o vento quente e seco que carrega areia no deserto do Saara. Sete pesquisadores do Centro Aeroespacial Alemão e da Universidade Johannes Gutenberg, em Mainz, estarão analisando o ar dos Alpes. O objetivo é analisar a composição química e a distribuição geográfica da poeira do deserto.

“Queremos descobrir se a poeira esquenta ou esfria o clima da Terra”, afirma Lothar Schütz, pesquisador de atmosfera da universidade em Mainz. “Isso, pois partículas claras refletem a luz do sol e partículas escuras, pelo contrário, são capazes de absorver essa energia”.

Na primeira fase de estudo, os pesquisadores querem analisar a poeira do Saara, através de aparelhos à laser, e compreender sua influência na formação de nuvens. Depois eles irão voar até doze quilômetros acima do solo para analisar as partículas encontradas no ar. Estas podem ser levadas pelo vento até o Caribe.

swissinfo com agências

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