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Saparatistas espanhóis estão “de olho” na Suíça

Manifestação de Batasuna em 2008 na cidade francesa de Bayona. Reuters

A eventual criação de um grupo formado por parlamentares suíços de esquerda e militantes do Batasuna – considerado o braço político da organização separatista armada basca ETA – "pode restaurar a legitimidade política desse partido e mudar o centro de gravidade da violência política."

A declaração à swissinfo é de Jacques Baud, especialista suíço em terrorismo. O Batasuna (em basco Unidade) foi colocado na ilegalidade na Espanha.

A nova entidade seria denominada “Grupo de Amizade entre Suíça e País Basco” e discutiria uma solução política para a violência, segundo revelou à Rádio Suíça Romanda RSR.

Segundo a emissora de língua francesa, o porta-voz do Batasuna, Jon Andoni Lekue, teve vários contatos com parlamentares suíços para tentar que a Suíça se envolva na busca de uma solução política para a questão do nacionalismo no país basco espanhol.

A emissora suíça precisou que o objetivo da iniciativa seria encontrar uma solução pacífica para eliminar a violência política.

Cabe lembrar que o Batasuna – partido dos separatistas bascos – foi afastado das instituições democráticas espanholas – primeiro do Congresso Nacional e depois do Parlamento Basco – por não condenar explicitamente os atos de violência da ETA, frequentemente chamado de grupo terrorista.

“Em princípio, não creio que a formação desse grupo seja algo negativo. Ao contrário, pode proporcionar uma saída honorável à ação violenta”, explica Baud. Mas, para encontrar uma solução política viável, o Batasuna deve condenar a violência, algo que ainda não fez. O Batasuna foi criado como braço político da ETA.

A organização terrorista está atualmente muito debilitada, com as frequentes prisões de seus membros, especialmente do lado francês. Ademais, o socialista Patxi López foi recentemente eleito para a presidência autônoma do País Basco. O fato é histórico porque ele é o primeiro dirigente regional não nacionalista na democracia espanhola.

A RSR destaca que o fato de a Suíça poder servir de base para os terroristas da ETA é preocupante. Na opinião de Jacques Baud, “as pessoas podem pensar que a Suíça é um lugar idôneo para o contato com membros do braço político da ETA, mas acho que se deve entender isso como uma oportunidade. O que precisa ficar claro é que esse grupo que se formaria não apóia o terrorismo nem o Batasuna e o que busca uma solução política para o problema.”

O especialista em terrorismo afirma ainda “que é muito pior evitar o debate e a discussão porque é preciso procurar o diálogo por todos os meios para acabar com o conflito.”

Nos últimos anos, a Suíça promoveu vários contatos entre representantes do governo espanhol e do grupo terrorista ETA.

Reuniões na Suíça

Em 1999, representantes do governo espanhol, na época do governo de José Maria Aznar, tiveram encontros com a direção da ETA. Houve especialmente um encontro em Zurique em que esteve presente o dirigente da ETA, Mikel Albizu Antza.

Em 2005, houve conversações na Suíça e na Noruega sobre um cessar-fogo. Participaram então membros do Partido Socialista Basco e o líder histórico da ETA, Josu Ternera.

Ambos aprovaram a participação de um organismo mediador, o Centro de Diálogo Henri Dunant, de Genebra.

Como noticiou o jornal El País no ano passado, em meados de dezembro de 2006 estiveram reunidos em Genebra durante dois dias representantes da ETA e do governo espanhol. O encontro foi testemunhado por membros do Centro de Diálogo Humanitário de Genebra.

Naquela reunião emergiu Javier Lopes Peña como novo porta-voz da ETA, no lugar de Josu Ternera. López Peña foi preso em Bordeaux, na França, dia 20 de maio de 2008.

As atas das negociações entre a ETA e o governo espanhol estão sob custódia do Centro Henri Dunant, em Genebra.

Mais detenções

Na última segunda-feira, o suposto militante da ETA, Iker Esparza, foi preso pela polícia francesa no centro de Paris. Aparentemente, quando abordado, ele tentou fugir, mas seu carro foi rapidamente interceptado.

De acordo com o ministro espanhol do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, Esparza “não é apenas um integrante do grupo terrorista, mas também é um dos dirigentes da ETA.”

Iván Turmo, swissinfo.ch

O Ministério Público Federal na Suíça abriu duas investigações relativas aos depósitos na Suíça de dinheiro do grupo terrorista ETA. Em abriu de 2008, foram bloqueados 4,8 milhões de francos.

Criado em 1978, o Batasuna foi declarado ilegal em 2003 pelo Supremo Tribunal da Espanha, com base na Lei dos Partidos votada meses antes.

A proibição se aplica também a denominações alternativas, como Herri Batasuna e Euskal Herritarrok.

No entanto, o Tribunal Constitucional da Espanha autorizou a lista batizada de Iniciativa Internacionalista – A Solidariedade entre os Povos (IISP), encabeçada por Alfonso Sastre, a se apresentar nas eleições para o Parlamento Europeu, no próximo dia 7 de junho.

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