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Zambrella, talento suíço no futebol italiano

Fabrizio Zambrella, jogador suíço do Brescia, da Itália. swissinfo.ch

Fabrizio Zambrella, meio-campista suíço do Brescia, time italiano na segunda divisão, ajuda a trazer de volta os dias de glória do clube de Baggio, o mítico jogador italiano.

O jogador vem sendo acompanhado com muito interesse pelo mercado e por jornalistas italianos – esteve a um passo de ser comprado pelo Napoli – e sonha em voltar para a Série A.

Fabrizio Zambrella nasceu como jogador suíço e amadureceu como italiano. Ele joga no Brescia desde a temporada de 2004/05, onde desembarcou com apenas 18 anos, em plena Série A (principal competição do futebol italiano), deixando para trás seu clube de formação, o Servette de Genebra. Quem o vê treinando no campo de um hotel em Coccaglio, norte da Itália, percebe a garra com a qual o jogador tenta mostrar o seu valor.

Junto com os seus companheiros, debaixo de chuva intermitente, o suíço num time com muitos estrangeiros, corre atrás de um bom juízo do técnico Nedo Sonetti. “O treinador nos avisa que existe uma concorrência interna. É uma coisa positiva. Quem joga sabe que tem que fazer o melhor para receber a sua consideração”, diz Zambrella à swissinfo. Ele ajuda o time a tentar sair da Série B, onde está há quatro anos. O rebaixamento é uma ferida aberta.

A frase do jogador helvético é a constatação de uma luta leal entre os companheiros por um lugar ao sol. O treinador fica feliz em saber que a sua filosofia de treino é bem compreendida pelo jogador. À swissinfo ele diz: “Fico contente em saber que ele tenha dito que dentro do Brescia existe uma forte concorrência. No Brescia existem tantos jogadores jovens como ele e que são muito bons também. Não é que se pode jogar sempre quando existem estas alternativas”.

Cada jogo é uma prova

Zambrella é apenas um dos nove jogadores de meio-campo da equipe. A conquista da confiança do técnico é o primeiro passo para ser escalado no time titular, ainda mais quando o jogador tenta recuperar a boa forma física e psicológica. “O futebol é sempre assim. A cada jogo você deve se demonstrar de novo. E isto é algo positivo para o time”, confirma Zambrella.

O treinador Nedo Sonetti incentiva o jogador helvético a continuar pela estrada aberta e pavimentada nos últimos anos. Um caminho que o leva do treino ao campo de jogo, com poucas paradas no banco de reservas. Ele admira principalmente a versatilidade e a inteligência do jogador suíço.

“Zambrella é dinâmico e pode cobrir posições diferentes, como o meio-campo, o meio-campo avançado, atrás de dois pontas, porque tem uma boa técnica e inteligência. O único problema é que quando está a um centímetro da linha do gol fica difícil fazer a bola entrar”, sorri ele para a swissinfo, lembrando da perda de um gol feito recentemente. “Mas falando sério, a única coisa que deve melhorar é a finalização porque ele é realmente um jogador muito bom”, conclui o treinador

Bola pra frente

Fabrizio Zambrella não arrasta correntes nos pés. Ele reconhece a falha, mas não a transforma num peso morto sobre as costas. “O importante é que o Brescia faça gols. Não importa quem os faça. Fico muito chateado quando perco um gol, na hora fico duplamente com raiva, pois tenho características para marcar, mas depois até brincamos com os amigos. Fazer gols é importante, mas ajudar a fazê-los também é sempre uma grande satisfação”, diz Zambrella, que revela o espírito de grupo com o qual se vê imbuído desde o começo da carreira.

Visão de jogo e capacidade técnica são fatores mais do que fundamentais para atuar no meio-campo, ainda mais com a tática de “tridente”, imposta pelo treinador. “É um sacrifício, mas jogando desta forma para os atacantes externos que também devem nos ajudar, pois ainda fazemos um trabalho defensivo, então temos que correr mais, porém os atacantes externos se sacrificam ainda mais”, afirma Zambrella, que admira muito o jogador Pirlo, meio-campista do Milan, e tem como ídolo Baggio, ícone do Brescia.

Essas características do jogador acabaram sendo moldadas num dos mais difíceis e importantes campeonatos nacionais do mundo, o italiano. “O futebol na Itália te dá menos espaço, tem mais ritmo, o que é algo positivo para mim. Aprendi aqui na Itália coisas que eu não podia fazer na Suíça antes. Penso que foi algo positivo ter me transferido”, confirma. Presença constante na seleção helvética sub-21, ele espera voltar a ser convocado, desta vez, para o time principal.

Objetivos

Enquanto isto não ocorre, Zambrella se concentra no campeonato italiano. Ele está determinado a resgatar o Brescia da Série B e não se importa com o interesse dos grandes clubes pelo seu passe, entre eles o Napoli. “Não quero pensar sobre isso agora, porque para mim é importante chegar à Série A com o Brescia, o resto podemos ver depois. Sei que se o Brescia for para a Série A continuarei aqui. O que eu quero é fazer de tudo para continuar no Brescia”, avisa o craque helvético, numa declaração de amor à camisa que lhe deu condições de se apresentar no disputado e prestigioso futebol italiano.

Hoje, o time tenta exorcizar as derrotas durante as transferências. Jogar na casa do adversário se transformou um pesadelo. Como anfitrião, Zambrella e equipe “maltratam” os convidados com gols. Mas a recíproca também tem sido verdadeira. “Era muito importante voltarmos a vencer fora de casa para ganhar mais confiança. Penso que fizemos sempre muito bem no campeonato em casa, e agora nos servem os pontos fora de casa e temos continuar assim”, disse o craque.

Zambrella acha que o seu rendimento pode ainda melhorar, assim como de todo o time. O Brescia encontra-se na zona de promoção, mas ela ainda não esta garantida. Nesta fase, o cansaço físico começa a pesar nas pernas dos jogadores, o que vale é a vontade de superar os desafios e alcançar os objetivos.

Avaliação

Se contar o primeiro chute a gol, Zambrella, aos 23 anos, já tem dezenove anos de carreira. O jogador nascido em Genebra aprendeu a jogar bola em casa – herdou do pai a paixão pela bola. “Meu pai jogava futebol e me incentivou quando decidi seguir a carreira. Acho que eu tinha uns quatro anos de idade”, brinca ele. Santo de casa faz milagre, pelo menos nos campos helvéticos.

A atual temporada ainda não terminou. E é cedo para fazer as contas do seu andamento. Mesmo assim, o jogador não se furta de avaliar o momento e dar uma olhada para trás. Ele faz um balanço favorável de si próprio e do time nesta temporada. Mas ainda falta a reta final e cada jogo vai ser encarado como uma final.

“Tive uma queda de rendimento quando tive a febre algumas semanas atrás, mas já estou bem. Penso que ate agora fizemos uma temporada positiva, ainda que não estejamos entre as duas primeiras, que é o nosso objetivo, chegar entre as duas primeiras para ir direto para a Serie A. Penso como o time: uma temporada positiva, mas sempre é possível fazer mais”, diz Zambrella.

swissinfo, Guilherme Aquino

Nome: Fabrizio Zambrella
Nascimento: 01/03/1986, em Genebra
Altura: 180 cm
Peso: 69 kg
Posição: meio-campista

Trajetória:
Jogou de 2002 a 2004 pelo Servette de Genebra pelo campeonato principal suíço
Na temporada 2004/05, disputou a Série A pelo Brescia; desde então, disputa o campeonato da segunda divisão (Série B) pelo mesmo clube italiano.

Presença constante na seleção helvética sub-21.

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