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Sarampo e carrapato preocupam anfitriões do Euro

Índice de vacinação contra sarampo é relativamente baixo na Suíça. Keystone

A praga do carrapato transmissor de encefalite e o aumento dos casos de sarampo preocupam as autoridades suíças e austríacas e os organizadores da Eurocopa.

A Suíça enfrenta a maior epidemia de sarampo desde 1999. Berna adverte que o risco de transmissão de doenças infecciosas aumenta com a aglomeração de grandes multidões.

No começo de abril, uma recomendação da Uefa para que os jogadores das seleções classificadas para a Eurocopa se vacinem contra o vírus da encefalite causada por carrapatos (FSME, do alemão Frühsommer-Meningoenzephalitis) provocou alarme.

Neste final de semana, o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) alertou que os torcedores que pretendem acompanhar de perto os jogos na Suíça e na Áustria devem se vacinar contra o sarampo.

Os dois males, que já são vistos pela imprensa sensacionalista como ameaças ao Euro 2008, de fato preocupam as autoridades sanitárias dos países anfitriões. Elas procuram ao mesmo tempo combater as doenças e evitar um clima de pânico que assuste os visitantes.

O chamado “alarme anticarrapato” é disparado em vários países europeus – não só da Áustria e da Suíça – a cada primavera e início de verão, quando a possibilidade de contato com o ectoparasita se torna maior.

Mapa do carrapato



O site austríaco www.zecken.at mostra a propagação do carrapato nas diferentes regiões da Europa, do Mar Mediterrâneo ao Mar Báltico, e informa que a vacinação vem surtindo efeito.

Na Áustria, por exemplo, o número de casos de FSME caiu de 612 em 1982 (quando a vacinação era de 22% da população) para 46 casos em 2007, quando a vacinação atingiu 88% da população.

Na Suíça, o número de casos de encefalite caiu de 246 em 2006 para 111 no ano passado, embora a incidência ainda tenha sido maior do que a média dos anos 2000 a 2004 (99 casos).

O número de vacinas contra a encefalite transmitida por carrapatos vendidas no país quintuplicou em 2006, atingindo a marca de 60 mil doses, mas o índice médio de vacinação contra a doença é de apenas 17% dos habitantes com mais de 15 anos. Nas regiões de maior risco esse índice é maior.

Especialistas colocam a “bola no chão”

Segundo especialistas, nos dois países a possibilidade de os jogadores e torcedores do Euro terem contato com o carrapato é mínima, já que estarão nas cidades, em hotéis ou nos estádios e não caminhando em trilhas no campo ou no mato.

“É improvável que um jogador seja mordido por um carrapato durante as semanas de estadia na Áustria e Suíça. Sobretudo em Innsbruck e arredores (estado de Tirol), o risco é especialmente baixo”, afirmou Horst Aspöck, especialista austríaco no assunto.

Na Suíça, os cantões mais atingidos são os de Thurgau, Schaffhausen, Zurique, Aargau, Lucerna e Berna. No entanto, segundo a Secretaria Federal de Saúde da Suíça, a vacina contra FSME não é necessária para os visitantes do Euro que permanecerem apenas nas cidades.

Maior é considerado o risco de contrair uma borreliose, causada pela borrélia, uma bactéria encontrada em cerca de um terço dos carrapatos e contra a qual não existe vacina. Os sintomas da doença vão desde dores de cabeça e de coluna até zumbido no ouvido (ou tinitus).

Epidemia de sarampo



O mais alarmante na Suíça é a epidemia de sarampo, a maior que grassa no país desde que a doença começou a ser registrada sistematicamente em 1999. De novembro de 2006 a março de 2008, foram registrados quase 2 mil casos, o que representa uma incidência de 24 casos por 100 mil habitantes.

Nos anos anteriores, a média era de 50 casos em números absolutos, à exceção de 2003, quando também houve uma epidemia e foram registrados 612 casos. Atualmente os cantões de Basel-Land, Lucerna, Zurique, Aargau e Berna são os mais atingidos.

As principais vítimas são crianças entre 5 e 9 anos (27%), seguidas pelas da faixa etária de 10 a 14 anos (23%), enquanto 18% dos pacientes tinham mais de 20 anos. Noventa e oito por cento dos pacientes não tinham sido vacinados ou não tinham a vacina completa.

Vacinação de crianças e adultos



Para combater a epidemia, as autoridades sanitárias anunciaram várias medidas, entre elas, a suspensão de alunos doentes das escolas, o controle do cartão (ou boletim) de vacinação e a recomendação de que todas as pessoas nascidas a partir de 1963 e que não tiveram a doença se vacinem.

Segundo a Secretaria Federal de Saúde, para eliminar o sarampo da Suíça, como já foi feito especialmente na América do Norte, na América do Sul e na Finlândia, é preciso elevar para 95% o índice de vacinação de crianças entre 12 e 15 meses de idade. Atualmente esse índice é de 86% no país.

O risco de contágio de crianças não vacinadas é grande, como mostra o caso de um aluno integrante de uma orquestra escolar suíça, que, durante uma viagem, desencadeou 260 casos de sarampo na Áustria, na Alemanha e na Noruega.

Foi este caso que levou o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças a disparar o alarme e a recomendar aos torcedores da Eurocopa que também se vacinem contra a doença.

swissinfo, Geraldo Hoffmann

Para os visitantes da Eurocopa valem as recomendações normais de vacinação contra a encefalite transmitida por carrapato vigentes na Suíça e na Áustria.

Além disso, a Secretaria Federal de Saúde da Suíça recomenda a vacinação tanto dos suíços quanto dos visitantes estrangeiros do Euro ainda não imunizados contra o sarampo (duas doses).

De novembro de 2006 a março de 2008, foram registrados quase 2 mil casos de sarampo na Suíça.

Tanto na Áustria quanto na Suíça, o número de casos de encefalite transmitida por carrapato vem caindo à medida em que aumenta o número de vacinados.

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