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Skinnheads são uma mazela da Suíça

Skinnheads tendando perturbar festa nacional suíça em 2001 Keystone Archive

Três extremistas de direita são julgados na Suíça. Respondem por ataques racistas, de há 7 meses, contra africanos. O incidente deixou 4 feridos.

Esse julgamento na cidade de St. Gallen, nordeste, traz novamente à tona o fenômeno do extremismo de direita na Suíça. No País, o núcleo mais radical do movimento reúne cerca de mil pessoas, jovens na maioria. Mas tem número de simpatizantes difícil de avaliar.

Politização

Esses extremistas, mais conhecidos como skinnheads (lit., cabeça raspada), foram responsabilizados por cerca de 100 ataques, manifestações e reuniões no ano passado.

A cifra revela ligeira diminuição de incidentes envolvendo pessoas comprometidas com o extremismo de direita. Isso pode, no entanto, ser “compensado” por uma nova tendência: “maior politização e trabalho ideológico”, segundo porta-voz da Divisão Federal da Polícia Suíça. Sinal dessa evolução, em Basiléia, noroeste, até já criaram um partido próprio.

Mesmo assim, essa violência pode expressar-se e mesmo explodir em público. Houve, na Suíça, freqüentes ataques contra centros de requerentes de asilo nos anos 90, mas o ódio manifesta-se geralmente contra indivíduos.

Racismo

O último mais grave aconteceu em fins de agosto, em St. Gallen, nordeste. Um grupo de uns 50 “skinnheads” procurou briga com pessoas que saíam de um clube africano da cidade. Chegou às vias de fato, o que necessitou forte intervenção policial.

Sete meses depois, na cidade – dia 20/3 -, três extremistas e um negro prestavam contas à justiça. Os 3 “skinnheads” podem levar 6 meses de cadeia e o africano 3 semanas, com sursis.

Mas a convicção das autoridades é de que o castigo não resolve o problema. É um meio como outros de não deixar impunes atos racistas, por exemplo.

Por outro lado, a Polícia está sempre de olho nas atividades desses extremistas. Eles sabem que a maioria está fichada, o que facilita busca de responsáveis por atos de violência. Ainda há poucos dias os agressores de 2 jovens turcos foram rapidamente encontrados.

Prevenção

Mas na Suíça os “skinnheads” têm total liberdade política de se organizarem e expressarem suas opiniões. É um direito de que goza qualquer associação ou partido, desde que não esteja envolvido em atividades criminosas.

A própria Polícia suíça estima que medidas preventivas passam pela educação, a começar na escola, onde deveriam ser inculcadas, com maior rigor, noções de direitos humanos. “Cada um deveria ser respeitado independentemente da cor da pele ou do país de origem”, lembra Jürg Bühler, da Divisão Federal da Polícia.

Desde 1994, a Suíça dispõe no Código Penal de um artigo destinado a reprimir os atos racistas. Mas é considerado ainda falho, pois prevê sanção unicamente quando o ato racista é cometido em público. A situação tende, porém, a mudar. Projeto de lei, atualmente em elaboração, prevê interdição de insígnias e a saudação nazistas.

Tudo isso para combater uma das mazelas da sociedade suíça que, no entanto, não passa de um fenômeno muito marginal.

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