Perspectivas suíças em 10 idiomas

Sobreviventes relatam tragédia

Raffaela e Michele estão feridos, mas felizes por ter sobrevivido. Keystone

Turistas suíços que sobreviveram ao maremoto no Sudeste asiático dão os primeiros relatos dos momentos dramáticos que viveram. Muitos se encontram ainda em estado de choque.

Cruz Vermelha Internacional já fala de 100 mil possíveis vítimas fatais na região. Número de suíços desaparecidos cai de 1.700 para 1.200 nas últimas horas.

O avião pousou hoje (29 de dezembro) às 15:30 em Zurique, vindo de Phuket, na Tailândia. Os passageiros, 200 suíços no total, são em grande sua maioria clientes de grandes operadoras de turismo atuantes no país. Deles 33 estão feridos e são acompanhados por dois médicos.

Nos portões do salão de desembarque do aeroporto de Kloten uma multidão de familiares, amigos e jornalistas aguardava a saída dos suíços que conseguiram sobreviver a uma das piores tragédias da humanidade. Muitos estão em estado de choque e se recusam a falar. Outros dão as primeiras entrevistas e relatam os momentos desesperadores que viveram.

Eles acreditavam na morte

A italiana Raffaela Marafante, 37 anos, e seu namorado, o suíço Michele Mini, ainda estão hospitalizados na Tailândia. Seus rostos estão feridos e o corpo coberto por hematomas. Raffaela reclama das dores de barriga que, na sua opinião, vêm de uma infecção provocada por água contaminada.

Os dois estavam na sua cabana de hotel na praia de Khao Lak, na Tailândia, quando as ondas gigantescas lhe surpreenderam. “Eu fui sacudido em todas as direções, perdi os sentidos e engoli muita água e areia”, lembra-se Michele.

Os mochileiros foram separados pelas massas de água e se perderam de vista. Apenas dois dias depois da catástrofe, cada um acreditava que o outro havia perecido, eles se reencontraram. “Eu enviei uma mensagem eletrônica por celular para um amigo na Suíça, que respondeu na hora contando que o Michele ainda estava vivo e estava no hospital de Phuket”, conta Raffaela. Ela gritou de alegria durante horas depois da notícia. O casal vive em Cadro, um povoado não muito distante de Lugano.

Estrangeiros sofrem na Suíça

“Quando eu escutei as primeiras notícias do terremoto, eu praticamente recebi um choque. Afinal, meus pais estão passando férias na região”, explica Krishanthan Vivekanandan, 20 anos e originária do Sri Lanka. Ela e a sua família vivem a décadas na Suíça. Pouco antes do natal os pais haviam viajado para Colombo, onde iriam encontrar-se com parentes.

Apesar dos dois terem sobrevivido ao maremoto, muitos amigos do Sri Lanka que vivem na Suíça são originários de um povoado, onde mais de mil pessoas pereceram. “Muitos dos meus colegas foram acordados por telefonemas do Sri Lanka e não conseguiam mais dormir por falta de notícias”.

Aproximadamente 40 mil pessoas originárias do Sri Lanka vivem na Suíça, a maior comunidade na Europa. Grande parte delas chegou como asilados políticos e hoje estão completamente integradas à vida no país.

A força das águas

Até mesmo Ingrid Deltenre, diretora da Televisão da Suíça Alemã, estava numa praia da Tailândia, quando o local foi atingido pelo tsunami.

“As ondas não eram muito grandes, talvez dois ou três metros, porém sua força era algo inacreditável. Elas simplesmente chegaram e destruíram tudo o que encontravam no caminho, inclusive o hotel onde eu estava hospedada. Quem podia, corria para salvar sua própria pele”.

Outro suíço, Jürg Leuzinger, trabalhava como diretor de um hotel no atol de Male, nas ilhas Maldivas. Ele estava sentado no seu escritório quando as ondas chegaram.

“Eu vi de repente um paredão de água chegando, carregando com si uma enorme quantidade de detritos. As mesas e cadeiras que estavam no terraço do hotel foram jogadas em cima de mim e todas a ilha foi inundada com pelo menos um metro de água”.

100 mil mortos

O número de vítimas fatais do maremoto no Sudeste asiático pode chegar até 100 mil pessoas, de acordo com estimativas da Cruz Vermelha Internacional.

Na Tailândia, autoridades do ministério do Interior em Bangkok anunciaram que 473 estrangeiros, originários de 36 países, estão entre as 1.657 vítimas. Dentre eles são encontrados 54 suecos, 49 alemães e 43 ingleses. A nacionalidade de 84 estrangeiros não pode ainda ser identificada.

Na região, segundo informações oficiais, já contabilizaram 76.682 vítimas fatais:
– Indonésia: 45.268 mortos
– Sri Lanka: 22.493 mortos
– Índia: 6.974 mortos
– Tailândia: 1.657 mortos
– Quênia, ilhas Seichelles, Somália e Tanzânia: 133 mortos
– Malásia: 64 mortos
– Ilhas Maldivas: 55 mortos
– Birmânia: 36 mortos
– Bangladesh: 2 mortos

O número de suíços que pereceram na catástrofe aumentou para 11. Essa informação foi publicada pela força-tarefa de emergência do governo helvético no final da tarde (29 de dezembro). A tendência é deste aumentar nos próximos dias: – “Nós esperamos o pior, infelizmente”, afirmou Peter Sutter, coordenador do grupo.

O número de emergência do Ministério do Exterior já recebeu desde domingo mais de quatro mil chamadas de familiares dos turistas suíços que se encontravam na região.

A boa notícia é que o número de desaparecidos caiu de 1.700 para 1.200, depois que muitos comunicaram o seu paradeiro aos consulados ou diretamente às famílias.

swissinfo, Alexander Thoele e agências

– O forte abalo sísmico ocorreu no domingo às 07:58 em hora local (e 01:58 na Suíça) próximo a Sumatra, ilha da Indonésia, e atingiu 8,9 graus na escala Richter.

– Gigantescas ondas provocadas pelo tremor de terra atingiram logo as regiões costeiras do Sri Lank, Índia, Indonésia, Malásia, Tailândia, Myanmar (Birmânia) e as Ilhas Maldivas.

– As estatísticas até o final da quarta-feira (29.12) falavam de 60 mil mortos e 30 mil desaparecidos.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR