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A cobiçada cidadania suíça

Em alguns cantões, os candidatos à naturalização recebem cursos de conhecimentos gerais sobre o país Keystone

Quase 45 mil pessoas receberam a cidadania suíça em 2009. Proporcionalmente à sua população, o país é líder europeu de naturalizações, mas em comparação ao número de imigrantes ocupa uma posição intermediária.

É o que mostra um novo estudo publicado pelo Departamento Federal de Estatísticas, que avaliou a situação da naturalização em 12 países da Europa ocidental.

No ano passado, exatamente 44.948 pessoas receberam a cidadania suíça, 357 a menos que em 2008. Isso corresponde a uma proporção de 0,6 naturalização por 100 habitantes.

“Essa liderança vem do fato de que a Suíça é o país de maior imigração na Europa”, diz Etienne Piguet, professor de Geografia Humana da Universidade de Neuchâtel, à swissinfo.ch. Ele vê a naturalização como consequência lógica da imigração para as pessoas que desejam ficar no país.

Depois da Suíça, aparecem a Bélgica e a Suécia, com 0,3 naturalização por 100 habitantes. Na Noruega, Grã-Bretanha, França, Espanha e Holanda, o índice gira em torno de 0,3; na Áustria, Alemanha, Dinamarca e Itália é em torno de 0,1 por 100 habitantes.

O estudo ressalta que, por experiência, esses índices são mais elevados em países com menor número de estrangeiros. Na Suíça, a participação dos imigrantes na população é de 21,6%, nos países vizinhos, entre 6 e 10%.

Suécia lidera

O quadro é diferente quando se compara o número de naturalizações com o de estrangeiros residentes num país. Na Suíça, em 2008 foram naturalizados 2,8% dos estrangeiros residentes (no total, 1,68 milhão). Isso embora mais da metade da população estrangeira preencha os requisitos para obter a cidadania suíça.

Na Suécia, foram naturalizados 5,8% da população estrangeira. Na Grã-Bretanha, França, Bélgica, Noruega e Holanda, este índice oscilou entre 3 e 4%. Os demais países analisados tinham índices inferiores ao da Suíça.

Também na comparação de longo prazo, de 2001 a 2008, a Suécia lidera em termos de naturalizações. A Suíça ocupa uma posição intermediária, embora o índice de naturalização nas últimas duas décadas tenha aumentado de 1 a quase 3% da população estrangeira.

“Com isso, a Suíça chegou na Europa, porque ela durante muito tempo foi o país com o menor número de naturalizações em relação à imigração”, diz Piguet, que é especialista em imigração.

Naturalização relativamente difícil

Entre as explicações para a posição da Suíça, o estudo indica, entre outros, o tempo relativamente longo que a pessoa precisa viver no país antes da naturalização (até 12 anos), bem como o complexo procedimento em três níveis (municipal, estadual e federal). Em nenhum outro país europeu a cidadania municipal desempenha algum papel para se obter a cidadania nacional.

“O processo continua sendo um obstáculo”, observa Piguet. Segundo ele, muitos estados e municípios simplificaram o procedimento de naturalização nos últimos anos, mas ainda há grandes diferenças. “Em alguns municípios é muito simples, em outros é muito difícil.”

Também o fato de dois terços dos estrangeiros na Suíça virem de países da União Europeia ou da Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês) desempenha um papel.

Os europeus se satisfazem com os vistos de residência e trabalho previstos nos acordos bilaterais e, por isso, não cobiçam tanto o passaporte vermelho como pessoas de outros países.

Segundo Piguet, os europeus, a maioria deles com boa qualificação, contribuem muito para a vida econômica, mas praticamente não desenvolvem uma perspectiva para viver a longo prazo na Suíça.

Perspectiva de vida é decisiva

“A questão da nacionalidade não tem grande significado, por exemplo, para executivos que trabalham aqui durante alguns anos em uma empresa multinacional”, diz o especialista.

“A imigração é uma questão mais social do que econômica “, diz Piguet, citando o exemplo dos refugiados, que em parte perderam sua nacionalidade e não podem mais retornar ao país de origem.

“Eles querem viver aqui com seus filhos e se integrar. Por isso, o desejo dessas pessoas de se tornarem cidadãs suíças é bem maior.”

Segundo Piguet, uma explicação para o aumento da cota de naturalizações se deve à simples constatação de que os imigrantes podem permanecer por muito tempo na Suíça e assim desenvolvem o desejo de ficar aqui.

“A questão da naturalização tem a ver com a perspectiva de vida de uma pessoa. É preciso ter a vontade de ficar na Suíça com os filhos e de aqui garantir sua subsistência”, conclui Piguet.

Geraldo Hoffmann (com colaboração de Renat Kuenzi), swissinfo.ch

Em 2009, um total de 1.690.197 estrangeiros viviam na Suíça, ou seja, 21,6% da população.

Isso não inclui os 27 mil funcionários internacionais, nem os 48 mil titulares de um visto de menos de um ano, nem os 40.139 requerentes de asilo.

No ano passado, 44.948 pessoas receberam a cidadania suíça, 357 pessoas a menos que em 2008.

Como nos anos anteriores, os requerentes vieram principalmente do Kosovo, da Alemanha, Itália e Turquia.

Desde agosto de 2007, os alemães não perdem a sua nacionalidade ao adquirir a cidadania Suíça.

A naturalização de cidadãos alemães aumentou cerca de 40% (de 3.056 pessoas em 2008 para 4272 pessoas em 2009).

Houve um aumento também de portugueses (35%, de 1725 para 2324 pessoas) e franceses (10%, 1819-2010 pessoas) que obtiveram o passaporte suíço.

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