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Brasileiros continuam emigrando para a Suíça

O artista plástico paulistano, Ricardo Hamzo, está na Suíça há cinco meses. swissinfo.ch

O Brasil é o país de onde vieram mais imigrantes para a Suíça nos últimos 12 meses, conforme dados da Secretaria Federal de Migração.

A Secretaria Federal de Migração (FOM, na sigla em alemão) realizou levantamento no último mês de agosto e as estatísticas mostram que há 17.549 brasileiros legalmente registrados aqui.
























Destes, a maioria são mulheres (72,5%) e 27,5% são homens. Entre as crianças até 6 anos, 369 são meninos e 329 meninas, que vieram para a Suíça no último ano. O FOM também mensurou o número de imigrantes por cantões (estados).

O ranking é praticamente proporcional ao número de habitantes de cada região. Zurique, mais populoso cantão suíço, é o que tem mais brasileiros: são 4.077 ao todo (27,7% homens e 72,3% mulheres).

Genebra ficou em segundo lugar, com 2.812 pessoas vindas do Brasil neste ano. O terceiro estado mais populoso, Vaud (oeste) e também ficou na terceira posição da lista do Departamento de Imigração, com 2.597 brasileiros registrados.

O cantão que menos tem brasileiros, Appenzell, na Suíça central,  o de menor população, tem apenas seis cidadãos brasileiros legalmente inscritos, um homem e cinco mulheres. Basileia (noroeste)  registrou 537 brasileiros.

Um dado interessante é que em todos os cantões, com exceção de Schaffhausen, a maioria dos brasileiros tem uma “Permissão B”, autorização que deve ser renovada a cada ano, se a pessoa estiver emprega em um setor onde faltam trabalhadores especializados. Em relação ao estado civil, mais de 10 mil destes 17.549 imigrantes são casados com suíços, o que representa 54,2%). Todos esses números demonstram que a imigração brasileira é bastante recente, porque há poucos brasileiros nascidos na Suíça.

Exemplos de vida

O artista plástico paulistano, Ricardo Hamzo, de 45 anos, veio para cá há cinco meses e já se casou com uma brasileira naturalizada suíça. Ela, também pintora, foi sua primeira namorada no Brasil e depois de 20 anos se reencontraram. Ele conta que as coisas estão indo bem, porém ainda falta trabalho na sua área. Nesse tempo em que está morando em Tramelan, no cantão de Berna, ele pintou algumas telas, fez uma exposição bem sucedida em Neuchâtel, com repercussão na imprensa local, bom público, novos contatos e também restaurou uma escultura de gesso. Além disso, o artista tem se empenhado no seu curso de francês, em pesquisas, montagem de telas e outras atividades, mas conta enfático que logo vai voltar a pintar, o que ele ama fazer.

Ricardo diz que tudo é novo ainda.

 Ele revela estar gostando muito das paisagens naturais, das festas nas pequenas vilas, que segundo ele lembram as festividades juninas de São Paulo, com barracas de comida etc. Mas o que ele destaca estar apreciando mesmo é a diversidade cultural: muitas galerias de arte, museus, exposições e patrimônio arquitetônico preservado, prédios com mais de 500 anos conservados e funcionando como moradias.

O artista conta que não estranhou muito a cultura suíça, pois já havia estudado bem os costumes locais. Mas admite que as diferenças são muitas, a começar pela gastronomia. “É uma riqueza de sabores novos para nós brasileiros. As frutas silvestres tem mais sabor, enquanto os legumes quase não tem. E a variedade de queijos é impressionante, o que concluí é que os suíços comem queijo até com queijo”, admira-se.

Outro exemplo de imigrante que veio para cá esse ano é o da nordestina Camila dos Santos, de 22 anos. A jovem veio junto com seu namorado, que é suíço, em maio. Eles se conheceram no último carnaval, no  Rio Grande do Norte. Ela conta que foi amor à primeira vista. “Desde que nos conhecemos, não nos separamos mais”, comenta. Camila jogava futebol profissional e trabalhava numa agência de turismo, em Pipa/RN, antes de vir para a Europa.

Ela diz estar gostando muito da Suíça, especialmente das culturas diferentes. “Eu já fiz alguns amigos aqui e percebo que eles dão bastante suporte para os estrangeiros”, comenta. Também está frequentando aulas de alemão e já conhece várias expressões que aprendeu no curso.

Culturalmente, Camila percebeu que os suíços são mais reservados, mas considera isso um charme. Ela acha muito interessante o jeito das pessoas daqui. A jovem gostaria também de ter oportunidades de trabalho na sua área. Ela pretende ficar por aqui mais tempo, para adquirir maior bagagem cultural, o que ela acredita ser muito importante.

 “Não tem dinheiro que pague a experiência vivida e a segurança conquistada”, salienta. Camila também considera alguns lugares que conheceu maravilhosos e acredita que as pessoas daqui têm muito respeito e paciência com os estrangeiros. Das delícias locais, ela destaca os chocolates e o raclete, que considera ‘super’, como os nativos daqui costumam dizer.

Percepções distintas

Outro brasileiro que optou por viver na Suíça é o músico Maik Illenseer, de 29 anos. Natural de Foz do Iguaçu, no Paraná, ele mora em Basileia há 7 anos. Veio para cá estudar música na Escola de Jazz da cidade. O jovem também tem passaporte alemão. Ele conta que após ter vindo do Brasil para a Europa, teve de se adaptar duas vezes, primeiro na Alemanha e depois aqui.

Maik demonstra conhecer bem os dois lados da vida. “Quando se tem trabalho está bom, se não tem, é difícil. Todos temos altos e baixos e aqui senti bem isso, inclusive no clima. Mas meu coração bate pelo Sul do Brasil e pelo sol de lá também”, desabafa sorridente.

Nos últimos dois anos, ele faz um aprendizado profissionalizante como cuidador de portadores de necessidades especiais. Essa é uma importante experiência que ele vai levar consigo quando retornar para o seu país.

O músico revela que não está planejando voltar agora, pois ainda quer organizar melhor a vida, tanto financeira, como profissionalmente. Maik confessa que tem muitos amigos de outras nacionalidades e ainda não se sente bem integrado ao modo de vida suíço. “Encontrei mais apoio com os estrangeiros, porque eles são mais abertos e solidários e demonstraram maior interesse em me ajudar e em conhecer melhor  minha cultura”, expõe.

Conforme o FOM, 17.549 brasileiros foram registrados na Suíça no período de agosto de 2009 a agosto deste ano. A maioria deles são mulheres.

Zurique, cantão mais populoso, é o  que mais tem brasileiros: são 4.077 ao todo (27,7% homens e 72,3% mulheres).

Estimativas do Ministério brasileiro das Relações Exteriores indicam que os brasileiros no mundo eram 3.40.993, em setembro de 2009.

O maior número de brasileiros no exterior estavam na América do Norte (1.325.100), seguidos pela Europa (816.257), América do Sul (513.800), Ásia (289.557), África (36.852), Oriente Médio (31.890) e Oceania (22.500).

Na Suíça, segundo as mesmas estimativas, havia 57.500 brasileiros, em setembro de 2009.

Fonte: Ministério das Relações Exteriores do Brasil

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