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Suíça mantém sua política para o Oriente Médio

Discurso recente do presidente da Confederação, Moritz Leuenberger, suscitou críticas em Israel. Keystone

O governo suíço mantém sua linha política com a Autoridade Palestina e o governo dirigido pelo Hamas, mas coloca algumas condições.

A Suíça quer julgar as autoridadades palestinas por seus atos. Contudo, espera delas a condenação do terrorismo, reconhecimento de Israel e o respeito aos acordos firmados com o Estado hebreu.

A posição da Suíça foi reiterada na semana passada pelo presidente atual da Confederação Helvética, em entrevista à televisão Al Jazira, do Catar. As declarações de Moritz Leuenberger suscitaram duras críticas da União Democrática do Centro (o partido mais à direita entre os quatro partidos no governo federal), do embaixador de Israel em Berna e da Federação suíça das Comunidades Israelitas.

Resumindo as críticas, o presidente suíço teria sido inocente e tolerante demais com os islamistas do Hamas, partido considerado como organização terrorista pela União Européia e pelos Estados Unidos.

Nesse ponto a Suíça tem uma posição diferente e não colocou o Hamas na lista de organizações terroristas.

“Por princípio, a Suíça não proíbe grupos ou organizações tais quais, com excessão da Al Qaïda”, afirma Nicolas Lang, coordenador para o processo de paz no Oriente Médio no Ministério das Relações Exteriores.

“No entanto, a Suíça processa todas as pessoas que infringem suas leis incluindo, é claro, às que têm qualquer ligação com atividades terroristas”.

As expectativas da Suíça

Dito isto, o Ministério das Relações Exteriores (DFAE) lamenta que o atual governo palestino, controlado pelo Hamas, não tenha condenado claramente o atentado suicida ocorrido em Tel-Aviv dia 17 de abril último.

“A reação inaceitável da Autoridade Palestina demonstra que os membros do governo palestino ainda não perceberam as responsabilidades que incumbem a um governo”, precisa Nicolas Lang.

A exemplo ca comunidade internacional, a Suíça também espera que o Hamas reconheça “o direito de existência de Israel em suas fronteiras existentes e seguras”, segundo os termos do DFAE.

O governo palestino dirigido pelo Hamas precisa assumir os acordos assinados em Oslo, em 1993, entre Israel e a Autoridade Palestina, segundo um princípio admitido universalmente nas relações internacionais.

A Palestina não é um Estado

«Esses acordos estão na base do processo de paz, lembra Nicolas Lang. A própria existência da Autoridade Palestina decorre desses acordos que lhe deram o contexto legal indispensável ao seu funcionamento.”

Ives Besson tem um ponto de vista diferente: “Esse princípio de sucessão vale para um governo plenamente soberano em um Estado reconhecido pela comunidade internacional”.

O ex-diplomata e especialista do Oriente Médio acrescenta que “a Palestina não é um Estado e seu governo é reconhecido apenas como uma Autoridade. Quanto ao território que ele deve administrar, ainda é amplamente controlado pela potência ocupante”, explica Besson.

Dar tempo ao tempo

De qualquer modo, o governo suíço ainda quer dar um prazo maior ao novo governo palestino e ao Hamas para que assumam suas responsabilidades.

“A Suíça julgará os atos concrtos do novo governo palestino e, sobretudo, o respeito da trégua aceita pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas”, declara Nicolas Lang.

“Para obter o reconhecimento da comunidade internacional, o partido Hamas deverá mudar suas práticas e suas posições, especialmente renunciar ao terrorismo”, prossegue o diplomata.

Essa mutação pode lever tempo, segundo Ives Besson: “O Hamas está numa situação parecida com a da OLP no momento dos acordos de Oslo, quando a direção estava em Túnis. O chefe do Hamas, Khaled Mechall, está em Damasco. Portanto, é muito fácil para ele adotar uma linha dura com Israel.”

Por outro lado, “o governo controlado pelo Hamas está disperso entre Ramallah (Cisjordânia) e Gaza, sem a possibilidade de ir de uma região a outra” porque estã separadas pelo território isralense. Besson prognostica um aumento das divergências entre a direção do Hamas e seus ministros.

A iniciativa de Genebra

No entanto, a Suíça continua a acreditar no processo de paz lançado pelos acordos de Oslo e na solução prevista pela Iniciativa de Genebra, que Berna apoiou e incentivou.

“A Iniciativa de Genebra tornou-se um documento de referência para qualquer negociação futura”, afirma Nicolas Lang.

O diplomata conclui que “no fundo, a Iniciativa de Genebra encarna a solução de dois Estados. Ela consagra o princípio de uma solução negociada, ao contrário da solução unilateral (seguida por Israel) para encerrar o conflito entre israelenses e palestinos.

swissinfo, Frédéric Burnand, Genebra

A União Européia, os Estados Unidos, a Rússia e a ONU exigem que o partido islamista Hamas renuncie à violência e retome o processo de paz com Israel.
O Estado hebreu recusa-se a negociar com o Hamas mas admite que pode manter contatos com o presidente da Aurotidade Palestina, Mahmoud Abbas.

– A cooperação suíça (DDC) é ativa na Faixa de Gaza e na Cisjordânia desde 1994. Sua política é fundada nos acordos de Oslo de 1993.

– Concretamente, a DDC tenta contribuir para instalar uma sociedade pluralista e democrática, com respeito do estato de direito e a criação de instituições públicas aptas a assmir suas responsabilidades em um futuro Estado palestino.

– O programa da DDC engloba a cooperação ao desenvolvimento e ajuda humanitária à população nos territórios palestinos ocupados por Israel.

– Esse programa é constantemente adaptado às necessidades das populações mas também de organizações parceiras.

– Recursos adicionais podem ser alocados em casos de urgência, como foi o caso nos últimos anos com a deterioração das condições de vida da população palestina.

– A cooperação suíça depende do Ministério das Relações Exteriores.

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