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Suíços investem 25 bilhões de euros na Alemanha

Sala onde empresários suíços organizaram encontro econômico em Berlim. swissinfo.ch

Empreendimentos suíços são responsáveis por 250 mil empregos diretos na Alemanha, que tem a Suíça como seu sexto maior investidor econômico. Somente em 2006 já foi alcançado até o momento o montante de 25 bilhões de Euros em investimentos.

Os números foram trazidos pelo embaixador suíço Christian Blickensdorfer, durante a abertura do seminário econômico da União dos Industriais Suíços na Alemanha.

A tradicional parceria econômica teuto-helvética faz com que a Suíça, que tem uma população de 7,2 milhões de habitantes, compre da Alemanha quase metade da quantidade de exportações realizadas para os Estados Unidos, que representa mais que o dobro da quantidade de exportações feitas da Alemanha para o Japão.

Negociações entre Suíça e Alemanha

Três quartos dos investimentos de empresários suíços na Alemanha são realizados por membros da VSUD, uma associação empresarial criada há mais de 60 anos na Suíça e que aos poucos vem estreitando os laços econômicos entre os dois países.

A prova disso é que a venda, há poucos dias, da empresa farmacêutica de biotecnologia Serono para a multinacional alemã Merck, na Suíça, não despertou críticas e foi feita de comum acordo, recebendo até elogios de ambos os países.

Problemas estruturais

Apesar da relação privilegiada entre as duas economias há alguns problemas estruturais que afetam o desenvolvimento econômico de ambos os países. Um deles é a infra-estrutura no ramo de transportes. Ano a ano vem aumentando o trânsito de caminhões nas rodovias européias. Como países de trânsito a Alemanha e Suíça são afetadas pelo tráfego.

Todos os dias transitam pelas rodovias suíças 23 mil caminhões de carga vindos de diversos países da Europa. No momento este volume de tráfego de veículos só é possível devido a acordos entre a Suíça e a União Européia, que planeja aumentar as medidas de segurança nas fronteiras para países que não façam parte da União, como é o caso da Suíça.

Mudanças nesse sentido causariam prejuízos enormes para a economia e o meio ambiente, visto que há anos existem acordos de simplificação de procedimentos alfandegários entre a Suíça e a Alemanha, a qual defende a elaboração de regras específicas para a Suíça, opinião defendida por seu empresariado. Apesar disso a Comissão da União Européia, no momento, bloqueia a iniciativa de parceria especial defendida pelos dois países.

Importações portuárias e transporte

“O crescimento das importações de produtos do mercado asiático também é um fator que influencia o setor de transportes dos dois países”, declarou o suíço Prof. Dr. Thomas Straubhaar da Universidade de Hamburgo e do Instituto Hamburguês de Economia Mundial (HWWI – Hamburgisches WeltWirtschaftsInstitut).

Segundo ele as previsões de crescimento de importações que chegam pelo porto de Hamburgo superaram em 2005 projeções que haviam sido feitas para 2015. “Isso significa que em 20 anos o transporte rodoviário de carga na Alemanha e Suíça aumentará em 50%.”

Problemas viários

O atual ministro dos transportes da Alemanha, Wolfgang Tiefensee, ex-prefeito de Leipzig, estado da Saxônia, no leste alemão, foi um dos palestrantes do seminário. Ele ouviu com atenção as queixas do empresariado suíço com relação aos problemas no setor de transporte, entre eles, as restrições da área de vôo em território alemão para o aeroporto de Zurique. Há anos a poluição sonora da região do aeroporto suíço, com rotas que sobrevoavam o sul da Alemanha, vem causando polêmica entre os moradores da região que exigiram às autoridades governamentais a restrição.

Além da poluição causada pelo transporte aéreo o intenso trânsito de caminhões na região incomoda a população. A Suíça, a fim de criar uma solução para a diminuição do transporte de carga rodoviário, realizou durante os últimos anos investimentos na ampliação de sua malha ferroviária, como a construção de vários túneis através dos Alpes. Entretanto, a transferência do transporte de carga das rodovias para os trilhos só é possível com investimentos no setor feitos nos países fronteiriços, como é o caso da Alemanha.

Política de incentivo para investimentos suíços na Saxônia

Tiefensee alertou para a boa infra-estrutura dos estados do leste alemão. “Não podemos esquecer que desde a unificação foram feitos muitos investimentos em setores como moradia, estradas, meio ambiente, cultura, educação, entre outros. Além disso, as tarifas salariais de trabalhadores do leste são mais baixas que nos estados da antiga Alemanha Ocidental (78% do valor integral), o que é um atrativo para os investidores”, afirma.

Ainda segundo Tiefensee “há muitos incentivos fiscais, mão-de-obra qualificada, trabalhadores motivados e flexíveis, devido ao alto índice de desemprego na região, e universidades que desenvolvem tecnologia de ponta. Condições mais favoráveis para investidores suíços que nos novos países da União Européia, visto que a tradição de investimentos econômicos entre a Suíça e a Alemanha também são fatores bastante favoráveis. Sem contar que a disparidade econômica e tecnológica entre os antigos e os novos países da União Européia tende a diminuir. Fator que, a longo prazo, também reduz as vantagens de instalação da produção com salários baixos nesses países “, conclui.

Economia e prosperidade conjuntural

Outro fator preocupante para os dois países é o envelhecimento da população com crescimento demográfico negativo, que ocasionará sérios problemas no sistema de previdência social. As longas discussões para a implantação de reformas estruturais não favorecem a adaptação ao mercado global, que se desenvolve a passos largos.

No caso da Alemanha a reforma tributária também impede o crescimento e, apesar da boa conjuntura econômica pela qual passam os dois países, depois da crise dos últimos anos, ainda há muito a se discutir. Permanecer alerta para o fato de crescimento econômico não significar prosperidade conjuntural.

swissinfo, Gleice Mere, Berlim

O prognóstico da média de crescimento econômico suíço entre 2001 e 2007 é de 1,4% do PIB ao ano.
– Apesar de ser um dos países mais ricos do mundo, desde de 1970 até 2004, houve uma queda progressiva de renda per capta na Suíça.
– Em 2020 o crescimento da população economicamente ativa (25 a 64 anos) será negativo.

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