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Cada vez mais alemães emigram para a Suíça

Influências alemãs: Oktoberfest 2003 em Zurique. Keystone

A Suíça superou os Estados Unidos como país favorito de emigração para os alemães, que fogem do desemprego elevado à procura de qualidade de vida e bons salários.

Em grande parte com boa formação acadêmica ou profissional, os alemães são bem-vindos no mercado de trabalho helvético. Porém existem riscos à médio prazo.

No ano passado 14.409 pessoas com o passaporte da Alemanha se estabeleceram na Suíça. Dessa forma, o país dos Alpes ocupou o primeiro posto dos países preferenciais de emigração para os alemães, na frente dos Estados Unidos.

Atualmente vivem cerca 160 mil alemães na Suíça. Eles estão presentes não apenas como chefes de grandes empresas (Oswald Grübel, do banco Credit Suisse, ou Carsten Schloter, a empresa de telecomunicações Swisscom), como médicos, professores universitários, pesquisadores ou mesmo chefes de teatros. Outras profissões estão virando domínio teutônico como na gastronomia, hotelaria, construção civil ou outras técnicas.

Essa onda migratória se explica por dois aspectos: a boa fama que gozam os alemães no exterior devido a sua boa formação acadêmica e profissional e o elevado desemprego na Alemanha. Em julho, ela estava em 12%, uma das mais altas do continente.

Falta de mão-de-obra especializada

Em julho o desemprego na Suíça foi de 3,1%. Enquanto a economia alemã está estagnada há anos, na Suíça ela aponta para o alto, apesar das taxas de crescimento não poderem ser comparadas com as da China.

“Se a nossa economia está se desenvolvendo bem, as empresas suíças começam a ter dificuldade de encontrar pessoal. Por isso elas são obrigadas a procurar no exterior”, explica Charles Bélaz, chefe da empresa de recursos humanos Manpower Suíça.

Essa tendência se acentua devido à questão demográfica: há cada vez menos jovens suíços entrando no mercado de trabalho.

Boa vida

O que Bélaz fala sobre o setor de química e farmacêutica, onde empresas de renome internacional oferecem empregos de altos salários, continua válido: “Os salários são mais elevados na Suíça, porém os custos adicionais também”.

Ralf Bopp, membro da direção da Câmara de Comércio e Indústria Suíça-Alemanha ainda vê outros pontos positivos para o país: alto poder de compra e boa qualidade de vida.

Não apenas para pessoas, mas também empresas alemães consideram vantajoso se instalar na Suíça. Isso graças a incentivos como os impostos baixos, boa infra-estrutura e elevada produtividade.

Aversão?

Quando a Suíça importou mão-de-obra italiana no pico do seu desenvolvimento econômico nos anos 60, muitos autodenominados “defensores dos valores helvéticos” iniciaram campanhas para combater a “invasão alienígena” de massas de trabalhadores estrangeiros com uma cultura estranha à suíça.

Contra a imigração originária do norte, que inclui não apenas os alemães, mas também outros anglo-saxãos, não existe nenhum movimento político semelhante. A integração dos alemães é considerada fácil e bem-sucedida, como explica a Comissão Federal para Estrangeiros. Essas pessoas vêm de um meio socioeconômico e cultural muito semelhante e, além disso, ainda falam o mesmo idioma. O único detalhe é que os teutônicos não dominam o dialeto suíço-alemão.

Para os sindicatos também não foram identificados pontos de atrito entre trabalhadores suíços e alemães. A falta de mão-de-obra no setor da saúde, por exemplo, impede a situação de concorrência por emprego ou “dumping”.

Aproveitar o potencial

Porém a Suíça não pode e não deve depender demais da contribuição dos alemães ao aumento do PIB. Esse é o argumento defendido tanto pelo especialista em recursos humanos Bélaz e Ralf Bopp, Câmara de Comércio e Indústria Suíça-Alemanha.

Pelo fato da Alemanha passar pelos mesmos problemas demográficos (poucos nascimentos) que a Suíça, em cinco ou dez anos também a ela terá grande falta de pessoal especializado.

Para conseguir suprir o mercado de trabalho, a Suíça precisa explorar três potenciais, como explica o chefe da Manpower: integrar por mais tempo no processo de trabalho as pessoas de idade avançada, assim como melhorar as condições para o retorno ao trabalho das mulheres e pessoas com invalidez parcial.

Para Ralf Bopp, a Suíça não deve descansar nos louros de país preferencial dos imigrantes alemães. “A tendência é de aumento da concorrência entre os países europeus pelas melhores cabeças. As cidades que irão atrair essas pessoas são Zurique, Genebra, Munique, Stuttgart, Frankfurt, Viena, Lyon, Paris e Londres”, afirma o alemão, que já vive há dezesseis anos na Suíça.

swissinfo, Renat Künzi

Até o final de 2004 viviam 1,6 milhões de estrangeiros na Suíça.
Esse número corresponde a 21,8% da população total do país.
Destes estrangeiros, 820 mil estão integrados no mercado de trabalho.

Alemães chefiando grandes empresas na Suíça: Oswald Grübel (Credit Suisse), Jasmin Staiblin e Jürgen Dormann (ABB), Roland Lösser (Clariant) e Carsten Schloter (Swisscom).

Outros setores com forte presença de alemães:

Universidades (mais de 500 professores alemães), hospitais (grande quantidade de médicos e pessoal de apoio), indústria farmacêutica, informática e teatro.

Além disso o mercado suíço absorveu nos últimos anos grande quantidade de pessoal especializado originário da Alemanha como na gastronomia, hotelaria, construção civil e outras profissões técnicas.

Dos 144.815 alemães que abandonaram em 2005 sua pátria, 14.409 (10%) vieram para a Suíça.

Em meados de 2006 já viviam 162 mil alemães na Suíça. O seu número quase duplicou desde 2002, quando o acordo bilateral de livre circulação foi firmado entre a Suíça e os países da União Européia.

Outras celebridades alemães como o piloto Michael Schumacher, o ciclista Jan Ullrich ou o ex-tenista Boris Becker também vivem na Suíça.

A Suíça também é um país preferencial para estudantes alemães: em 2004, sete mil (10,3% dos alemães estudando fora do país) estavam inscritos em universidades helvéticas.

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