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Suíça dirige projeto de desenvolvimento em Moçambique

Colheita na Quinta Inhamizua swissinfo.ch

A suíça Bárbara Hofmann trabalha em Moçambique desde 1991 e continua cheia de projetos. Desde que chegou à Beira, centro de Moçambique, ela decidiu trabalhar com os mais pobres.

Os primeiros meninos de rua cresceram e agora se sentem na obrigação de ajudar Bárbara a continuar ajudando os mais pobres. E a história continua.

Tinha seis anos quando entrou a fazer parte da grande família da ASEM, Associação em favor da Infância Moçambicana. Era um menino das ruas da cidade da Beira, no centro de Moçambique. Tinha sido abandonado pela família. Até a avó não quis saber dele.

O nome dele é Adam Hanif. Hoje tem 25 anos e ajuda as outras crianças vulneráveis, nos centro ASEM, associação sem fim lucrativo, fundada em 1991 por Bárbara Hofmann para ajudar crianças e jovens de Moçambique, em situação de extrema pobreza, vítimas da SIDA, órfãos e abandonados, a reencontrar uma vida digna de seres humanos.

“Há muitos miúdos que hoje estão crescidos e que a ASEM ajudou a dar emprego e casa. Agora nós estamos a ajudá-la porque ela precisa da nossa ajuda. Ela criou-nos para amanhã podermos ajudar”, conta Adam olhando com ar carinhoso a “mamã” Bárbara.

De Genebra para Beira

Bárbara Hoffman é suíça. Trabalhava em Genebra para instituições internacionais como especialista em finanças. O “destino” como ela diz, fez com que nos anos 90 chegasse a Moçambique, nos anos piores da guerra e da seca. E nunca mais saiu. Criou dois centros na periferia da cidade da Beira para meninos de rua. Até hoje passaram mais de 10.000 crianças por aqueles centros. Muitos já são homens e mulheres que encontraram o seu caminho na vida, um trabalho, uma casa, depois de ter aprendido a ler e escrever, e sobretudo a serem tratados somo pessoas.

Uma feliz coincidência

Acontece sempre assim: quando se faz boas acções, o Bem irradia-se e produz outro bem, nos actos e nos pensamentos, e dilata-se envolvendo as vidas de muitos, mudando em profundidade, escreveu um escritor italiano sobre a Bárbara.

E assim aconteceu que um grupo de escolas de Coppet, perto de Genebra, organizou uma maratona para angariar dinheiro para a construção da creche, em Vilankulos, na província de Inhambane, onde a Bárbara começou um novo projecto.


“Quando criei ASEM na Suíça, havia uma senhora que trabalhava comigo. Poucos anos atrás a professora da neta desta senhora disse que ia para Moçambique, de férias. A neta contou à avó. Foi ela que então aconselhou a professora a me visitar na Beira. Ela não tinha endereço, só conhecia a Asem e Bárbara. Perguntava por mim pelas ruas da Beira, mas ela perguntava só aos brancos. Até que um dia nos correios, depois ter recebido mais uma resposta negativa, um menino de rua se aproximou dela e disse que conhecia muito bem a titia Bárbara. E foi assim que depois de uma semana me encontrou. Foi visitar o centro, o meu trabalho, e gostou muito”, conta Bárbara.

Catherine Manoury começou um trabalho de sensibilização na sua escola e depois envolveu as outras escolas de Coppet. “O que nós fazemos aqui com as crianças das nossas escolas é um trabalho onde nós (os professores) ensinamos aos miúdos que no mundo nem todos têm as mesma oportunidades. Em Moçambique cada dia é uma batalha para beber, comer, sonhar, viver sobreviver. Em nossa casa tudo é fácil. Temos comida em abundância e todos têm acesso aos cuidados médicos. Para os nossos miúdos é algo sobre o qual nunca reflectiram.”

Creche está pronta

A creche é para dar ajuda principalmente às crianças vulneráveis, às mães solteiras, ou cujo marido já foi e não voltou, para que elas possam trabalhar tranquilamente, sabendo as suas crianças protegidas. “Isso vai aumentar a qualidade do trabalho das mulheres porque os seus filhos não ficarão sozinhos nem abandonados na rua, alvo de pessoas que estão a procurar crianças para fins pouco limpos, abusos sexuais e outros”, diz a Bárbara.

A creche está pronta para ser inaugurada no próximo dia 12 de Agosto. Enquadra-se num projecto muito vasto, a nova iniciativa de Bárbara Hofmann para a integração da população local no âmbito económico. Vilankulo é um dos destinos turísticos mais importantes de Moçambique, com praias lindas e hotéis de luxo.

“A população local está pouco envolvida neste processo. A ideia é criar uma casa cultural, com teatro e ateliê de pintura e artesanato, cursos de informática e hotelaria, para vender serviços às muitas estruturas turísticas da zona. Vamos facilitar os jovens a terem um trabalho, a garantir-lhes um salário”, acrescenta Bárbara Hofmann.

A amizade dos meninos de Coppet e de Vilankulo

Os meninos das escolas ficaram muito impressionados com o filme que conta a vida de Bárbara e do seu trabalho. Nunca teriam pensado que pudessem existir pessoas tão pobres. Ficaram muito comovidos. Depois fizeram amizade com alguns dos meninos da Bárbara, do grupo musical GSCJam.

Então meteram toda a energia para organizar acções para angariar fundos. “Alguns confeccionaram brinquedos de Natal que venderam. Outros montaram um magnífico espectáculo contando a viagem de uma criança da Suíça a Moçambique. Outros organizaram um imenso pequeno almoço para os pais, com um coro de músicas africanas e uma mostra de desenhos”, conta a professora Catherine.

“A acção mais importante (aquela que nos deu mais dinheiro, 120 mil francos) foi a maratona. Os alunos tiveram que buscar patrocinador a fim que cada quilómetro percorrido fosse um dom para os miúdos de Moçambique. Participaram 900 crianças e foi muito emocionante ver os esforços e a energia que puseram paswissinfo, Paola Rolletta, Beira, Moçambiquera ajudar as crianças de Barbara”, conclui a professora Catherine.

swissinfo, Paola Rolletta, Beira, Moçambique

A ASEM, Associação em favor da Infância Moçambicana, é uma organização sem fins lucrativos criada pela suíça Bárbara Hofmann, em 1991. Moçambique estava então devastado pela guerra e o projeto de Bárbara era trabalhar com orfãos e crianças abandonadas e doentes de Sida (Aids).

A ASEM mantém várias residências e escolas para crianças em jovens na região de Beira. Proporciona também formação profissional, atividades culturais e esportivas.

Desde 2001, mais de 10 mil crianças passaram pela ASEM. Mais de 700 foram reintegrados e vários foram para a Universidade graças ao programa “padrinho de um jovem universitário”.

A DDC – Direção de Desenvolvimento e Cooperação – agência do governo suíço está presente em Moçambique desde 1979.

Ela apóia projetos em diversas áreas: criação de pequenas empresas, saúde, água potável, desenvolvimento rural, boa governança etc.

No total, mais de 32 milhões de francos suíços serão investidos nesse projeto em 2008.

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