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Suíços aprovam abertura à Europa do Leste

Os suíços não tiveram receio da concorrência do leste. Keystone Archive

Os eleitores suíços aceitaram a extensão da livre circulação das pessoas aos dez novos países da União Européia por 56% dos votos. O resultado é favorável à economia suíça.

O voto é facultativo na Suíça e a participação foi maior que a habitual.

Mais de 1.457 milhão de cidadãos votaram a favor do acordo bilateral. Os eleitores que votaram “não” totalizaram 1,147 milhões de pessoas. O resultado foi superior ao da votação do acordo de Schengen/Dublin (54,6%), que já havia sido considerado como uma surpresa.

Otimismo prudente

Os meios econômicos e sindicais, o governo federal e a maioria dos partidos políticos reagiram aliviados, depois de semanas de inquietação e sondagens muito apertadas. Os investimentos de campanha foram recompensados.

Os adversários – a começar pelos Democratas Suíços, partido de direita que lançou o referendo votado no final de semana – reagiram à derrota reinvindicando a retirada do pedido de adesão da Suíça à UE, que existe e está arquivado há anos.

O ministro da Economia, Joseph Deiss, declarou à Rádio suíça de língua francesa (RSR) “que o povo suíço demonstrou claramente sua abertura e que a campanha lhes explicou os reais interesses em questão”.

A ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, afirmou sua satistação da prova de abertura e das novas perspectivas abertas aos cidadãos suíços”.

Sete cantões votaram contra

Do ponto de vista geográfico, os resultados não refletem as projeções habituais nas votações nacionais. A oposição restringiu-se a seis cantões conservadores
(SZ, UR, OW, NW, AI, GL) e au Ticino (vizinho da Itália)

Vaud foi campeão do “sim”

A parte francesa da Suíça (Suíça romanda) votou a favor da abertura à Europa, como de hábito.

Os campeões do “sim” foram os eleitores do cantão de Vaud (oeste), com 65,5%. Neuchâtel aprovou por 65,2% e Basiléia por 63,6% (embora bilíngue), seguido por Fribourg (59,1%), Jura (58,6%) e Genebra (58,1%).

Em outros cantões bilíngues, também ouve aprovações claras em Berna (60,2%) e Valais (53%).

Abertura progressiva

Apesar da campanha contrária da direita nacionalista, venceu o “sim” à abertura aos estônios, lituânios, letônios, poloneses, eslovacos, eslovênios, húngaros, checos, cipriotas e malteses, além dos outros dez países da União Européia, já aprovada em 2002.

Isso significa também a reciprocidade para os suíços que pretenderem se instalar nesses países e novas oportunidades de negócios para as empresas suíças.

A abertura aos países bálticos e do leste europeu será progressiva, evitando uma concorrência maciça para os trabalhadores suíços. Haverá contingentes de importação de mão-de-obra até 2011 ou 2014, em caso de forte imigração.

O acordo bilateral terá medidas reforçadas de luta contra a baixa de salários, como um maior número de inspetores de trabalho e assistentes sociais. Aos trabalhadores dos novos países serão aplicados os mesmos contratos de trabalho vigentes na Suíça.

swissinfo com agências

A extensão da livre circulação das pessoas teve participação um pouco menor do que a do acordo Schengen/Dublin.
Aproximadamente 54% do eleitorado votou domingo, comparado a 56% dia 5 de junho.
O recorde de participação dos últimos anos foi em 03 de março de 2002, quando 58% dos eleitores aprovaram a adesão à ONU.

– O “sim” à extensão da livre circulação das pessoas foi bem acolhido nos países da UE. Um “não” do povo suíço teria criado uma discriminação entre os europeus.

– “É um voto simbólico”, comentou Tomasz Nowakowski, sub-secretário do comitê polonês pela integração européia. Além de evitar problemas políticos com a UE, esse voto permitirá à Suíça ampliar suas atividades na UE, acrescentou.

– “Pertencer a uma zona econômica maior é necessário para enfrentar relações mais estreitas para enfrentar a concorrência municipal, insistiu M. Nowakowski.

– Quanto ao receio do afluxo de trabalhadores do leste europeu, a realidade parece diferente: das 700 permissões de trabalho, por cinco anos, à disposição dos trabalhadores dos dez novos países da UE desde 2004, só 20% foram atribuidos, acrescentou Nowakowski.

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