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Teoria da relatividade comemora 100 anos

O passaporte suíço de Albert Einstein, comprado recentemente pelo Museu Einstein em Berna. Keystone

Em 2005 a Suíça e outros países estarão comemorando os cem anos de idade da Teoria da Relatividade de Albert Einstein.

Uma grande parte do trabalho foi realizado em Berna, quando Einstein era funcionário público no Departamento Federal de Patentes.

“E = mc2”.

São poucas as pessoas no mundo que nunca leram esse conjunto de letras. A enigmática sentença corresponde a mais popular fórmula matemática da história da ciência, dando a base, entre outras, para a criação de usinas nucleares ou mesmo a bomba atômica.

A fórmula do físico alemão Albert Einstein mostra a equivalência entre massa e energia, pela qual a energia “E” de uma quantidade de matéria, com massa “m”, é igual ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz, representada por “c”.

Cálculos em Berna

Há quase cem anos, mais precisamente em 1905, o físico alemão doutorou-se pela Universidade de Zurique com uma tese sobre as dimensões das moléculas. No mesmo ano, ele publicou quatro artigos teóricos de grande valor para o desenvolvimento da física.

No terceiro artigo, Einstein expôs a formulação inicial da teoria da relatividade, que o tornaria mais tarde mundialmente conhecido. No quarto e último trabalho, ele propôs uma fórmula para a equivalência entre massa e energia, onde surgiria a famosa equação “E = mc2”.

Como o próprio físico revelou, o trabalho foi quase todo realizado num pequeno apartamento em Berna, onde Einstein vivia no tempo que era funcionário público do Departamento Federal de Patentes.

– “A teoria especial da relatividade foi criada na Kramgasse 49, em Berna. O início da teoria geral da relatividade também ocorreu em Berna”, contava o físico na sua biografia.

Kramgasse 49 era o antigo endereço de Albert Einstein em Berna, uma das principais avenidas da parte antiga da capital suíça mas que, como explica o nome em alemão, não passa de uma estreita rua de contornos medievais.

Vida em Berna

O relacionamento de Einstein com Berna se iniciou em 23 de junho de 1902, quando o físico foi aceito como funcionário técnico do Departamento Federal de Patentes. Ele explicou posteriormente a decisão: – “essa foi uma espécie de salvação de vida, sem a qual eu não teria morrido, mas pelo menos definhado intelectualmente”.

Na época, Einstein havia se candidatado para um anúncio de emprego, publicado em 11 de dezembro de 1901 no jornal “Bundesblatt”. Nele um orgão público procurava um engenheiro de “segunda classe”.

Depois de atuar como docente privado em Schaffhausen, Einstein retornou na primavera de 1902 para Berna. Para ocupar o tempo até assumir o cargo, o físico dava aulas particulares para estudantes – uma atividade que ele continuou, mesmo quando já era funcionário público.

Salário anual de 3.500 francos

Através da resolução do Congresso Nacional em 16 de junho de 1902 – na época até mesmo a contratação de um funcionário público subalterno era decidida pelo governo – Albert Einstein assumiu o cargo de engenheiro de 3a classe, ao contrário do que estava definido no anúncio. Seu salário provisório era de 3.500 francos anuais.

Sua principal tarefa era avaliar inventos eletrônicos e conceder patentes. Com exceção de uma delas, preservada nos atos de um antigo processo, todas avaliações de Einstein acabaram desaparecendo nos arquivos ou foram destruídas com o tempo.

Casamento graças ao salário

Depois que o físico alemão foi preparado para exercer as suas novas funções, a semana de trabalho de 48 horas não lhe parecia um grande desafio. Einstein considerava o salário razoável, pois correspondia ao dobro do que ele receberia como assistente numa universidade suíça.

“Eu já contei como nós seremos ricos em Berna?”. Assim escreveu o físico a sua futura esposa Mileva Marić já em 28 de dezembro de 1901, especulando sobre o futuro na capital suíça. De fato, Einstein conseguiu dessa forma resolver os constantes problemas financeiros. Em 1903 ele decidiu enfim casar e fundar sua própria família.

O relacionamento de Albert Einstein com o diretor Haller (“mais severo do que meu pai”) era harmonioso. Porém este notava a dificuldade inicial do físico de ler desenhos técnicos. Por isso, o caráter provisório da contratação no serviço público foi prolongado por mais dois anos.

Einstein se adaptou bem ao trabalho. Através das sua acurada capacidade de análise, em pouco tempo ele obteve mais espaço na repartição. Por isso, não só as horas livres eram ocupadas com cálculos no pequeno apartamento em Berna, mas também muitas horas de trabalho.

Promoção

Ao obter o título de doutorado, Albert Einstein foi promovido no Departamento Federal de Patentes a “especialista de 2a classe”. Isso significou um aumento de salário para 4.500 francos ao ano.

Em 1905, Albert Einstein publicava quatro dissertações de física relacionadas à Teoria da Relatividade. Com exceção de alguns colegas próximos, ninguém no Departamento Federal de Patentes imaginava que o discreto funcionário estava escrevendo história.

Em 6 de julho de 1906, Einstein solicitou ao Ministério da Justiça e da Polícia sua demissão para 15 de outubro 1909, com a justificativa de que estaria assumindo a cadeira de professor de física teórica na Universidade de Zurique.

A fase em Berna terminava. Durante esses anos, o cientista aprendeu a desenvolver seu instinto científico e o olhar prático e intuitivo para o substancial numa hipótese de solução para uma questão científica.

Comemorações

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) declarou que 2005 será o “Ano Mundial da Física”.

O ano de 2005 corresponde também ao centésimo aniversário do “ano milagroso” (“annus mirabilis”) da produção científica de Albert Einstein, quando ele publicou os artigos lendários que criaram ou forneceram a base para o desenvolvimento de três campos fundamentais da Física: a Teoria da Relatividade, a Teoria Quântica e a Física Atômica e Molecular.

Berna também participa das comemorações. O Museu Histórico da cidade organizará o projeto “Encontrar Einstein- física para ser vivenciada”. Também a peça “Os físicos” do escritor suíço Friedrich Dürrenmatt será apresentada, assim como o passaporte suíço de Albert Einstein, que foi comprado pelo Museu Einstein em Berna por 73 mil dólares.

Os festejos terão na Suíça o seu ápice em 9 de julho de 2005, quando um concerto será apresentado no cassino de Berna. Detalhe: a música foi composta pelo próprio Albert Einstein, que além de físico, era também era um exímio violinista.

swissinfo, Alexander Thoele

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