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Blatter é reeleito e promete reformas na Fifa

Blatter discursa na abertura do Congresso, em Zurique Reuters

O suíço Joseph Blatter, de 75 anos, foi reeleito para o quarto mandato na presidência da Fifa. Candidato único, ele foi eleito em voto secreto pelos membros do Congresso da Fifa, reunidos em Zurique.

Após 36 anos trabalhando na Fifa, agora sob fortes pressões Blatter prometeu reformas, inclusive na escolha das Copas do Mundo.

Blatter foi eleito em voto secreto e não por aclamação, como os estatutos permitem em caso de candidato único. “Estou muito feliz com a solidariedade e a unidade que se manifestaram (…) Nossa pirâmide resistiu porque a base é sólida”, declarou Joseph Blatter, depois de eleito por 186 dos 203 votos válidos no Congresso da Fifa, em Zurique.  

Eleito para o quarto e último mandato de quatro anos à frente da Fifa e meio a acusações cada vez mais graves de corrupção na entidade, Joseph Blatter descobre que é preciso fazer algumas reformas no modo de funcionamento da instância máxima do futebol mundial.

Ingleses e três reformas

A mais importante das três reformas futuras que Blatter julga necessárias é na escolha das Copas do Mundo. Atualmente as escolha é feita pelo Comitê Executivo da Fifa, composto de 24 membros, entre eles o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira. Foi esse comitê que escolheu o Brasil, candidato único, para a Copa de 2014.

Blatter propõe que, para a escolha da Copa do Mundo de 2026, a escolha seja feita pelo Congresso da Fifa, composto atualmente de 208 federações de futebol. Curiosamente, essa é a mesma proposta feita por parlamentares ingleses. Quarta-feira, o presidente da Federação Inglesa de Futebol, David Bernstein, defendeu adiar a eleição, mas a proposta teve 17 votos contra 172. 

 A Federação Inglesa de Futebol está em conflito aberto com a Fifa, depois que a Inglaterra foi preterida para organizar a Copa de 2018, atribuída à Rússia. No mesmo dia da escolha da Rússia, a Copa de 2022 foi atribuída ao Catar. As duas escolhas provocaram denúncias de compras de votos, descartadas domingo (29/4) pelo Comitê de Ética da Fifa. Entre os acusados pela Federação Inglesa estava Ricardo Teixeira.

No mesmo dia, o presidente da Federação Asiática de Futebol, Muhamed bin Hammman, do Catar, foi afastado pelo por suposta corrupção pelo Comitê de Ética, até a conclusão de um inquérito interno. Quarta-feira (1°) , ele foi impedido de entrar no Congresso da Fifa. Depois de ter obtido a Copa do Mundo de 2022 para seu país, Hammam era, até domingo, candidato de oposição a Blatter à presidência da Fifa. O vice-presidente da Fifa, Jack Warner, também foi suspenso.

Justamente, outra proposta de Blatter é reformar a escolha do Conselho de Ética. Até agora, os membros do conselho são escolhidos pelo próprio presidente da Fifa e aprovado pelo Comitê Executivo. No futuro, segundo a proposta de reforma, o conselho seria escolhido pelo 208 membros do Congresso.

A terceira proposta de reforma é criar um comitê para soluções de governança da Fifa composto por membros da entidade e personalidades, que tratariam das alegações e críticas contra a entidade.

Mesmo se as propostas de reformas são tímidas, é uma forma de reconhecer que há problemas na Fifa, algo que Blatter sempre havia negado.

Preocupações políticas

 Além de uma série de acusações veiculadas pela mídia, principalmente inglesa, a integridade da administração da Fifa foi colocada em dúvida por políticos de vários países e alguns dos grandes patrocinadores como Visa, Coca-Cola e Adidas, que se manifestaram preocupação. O mundo político suíço também interveio, pois a sede na Fifa está em Zurique desde 1932. O ministro dos Esportes, Ueli Maurer, pediu respostas às alegações de corrupção, sem as quais a Fifa poderia perder seu estatuto fiscal privilegiado de associação esportiva.  

Na cerimônia de abertura do Congresso da Fifa, terça-feira (31), a presidente da Suíça e chanceler Micheline Calmy-Rey lembrou, em seu discurso, que a entidade deve levar as críticas a sério. “É importante que os senhores examinem as críticas rapidamente e tomem as medidas necessárias para reformar a governança”, disse. “O importante é restaurar a confiança e não deixar que o dinheiro suje seus ideais”, conclui a presidente suíça.

Nasceu em 10 de março 1936 em Viège, estado do Valais (sudoeste). Formado em economia política, inicia a vida profissional no turismo.


1964: nomeado secretário-geral da Liga Suíça de Hóquei no Gelo.
 
1975: nomeado diretor de programas de desenvolvimento técnico da Fifa, depois secretário-geral em 1981 e diretor executivo em 1990.

 1998: sucede a João Havelange como 8° presidente da FIFA.
 
Reeleito em 2002, 2007 e 2011.

Os dirigentes da Fifa são acusados de corrupção há anos.
 
2006: depois da publicação de uma reportagem do jornalista de investigação Andrew Jennings, foi criado o Comitê de Ética da Fifa.
 
2008: processo em Zoug, na Suíça contra membros da Fifa (nomes não divulgados devido acordo na justiça),  que teriam embolsado milhões de dólares em direitos de TV da empresa de ISMM-ISL, hoje falida.

2010: novos escândalos de corrupção na atribuição das Copas do Mundo de 2018 (Rússia) e 2022 (Catar). O nigeriano Amos Adamu e p taitiano Reynald Temarri que teriam pedido propina para votar a jornalistas que se diziam lobistas.
 
29 de maio de 2011: há alguns dias da eleição, o único adversário declaro de Blatter, Muhamed bin Amman, é excluído pelo Comitê de Ética, que também suspende o vice-presidente da Fifa, Jack Warner, enquanto Blatter é inocentado.

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