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Crianças da guerra agradecem

No passado famintos, hoje agradecidos. Keystone

Entre 1945 a 1955, 30 mil crianças austríacas vieram passar uma temporada na Suíça para descansar dos horrores da guerra e recuperar os quilos perdidos.

Agora eles voltam ao país dos Alpes para agradecer às pessoas que os acolheram.

Muitas crianças européias cresceram em plena Segunda Guerra Mundial e viram cenas que ficariam marcadas pelo resto das suas vidas nas suas memórias. Por isso, a Cruz Vermelha Suíça convidou algumas delas para passar uma temporada de descanso com famílias helvéticas.

Cerca de 35 mil vinham da Áustria. Sessenta anos depois, 200 delas voltam para a Suíça para agradecer pelo acolhimento através de uma cerimônia oficial.

Duas ministras

Em nome das chamados “Schweizerkinder” (crianças suíças), a ministra austríaca das Relações Exteriores, Ursula Plassnik, agradece pelo que, na sua opinião, “deve ter sido um momento de conforto e segurança”. As famílias de acolhimento teriam dado prova de solidariedade num momento de emergência do continente. “Elas mostraram o que significa fazer parte das tradições humanitárias da Suíça”.

Como ressaltou a ministra austríaca, “a amizade que surgiu nessa época constitui um elo que une até hoje em dia os dois países”. Também a ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, credita o bom relacionamento da Suíça e a Áustria a ações como a hospedagem das crianças.

Vitimas sem proteção

Calmy-Rey aproveitou a ocasião para lembrar de outras crianças que ainda vivem até hoje na pobreza ou em situações emergências. Muitas delas são vítimas de conflitos armados, que lhes rouba o direito a uma vida normal. “A sociedade e a classe política têm a obrigação de mudar essa situação”, afirma a ministra helvética.

Para René Rhinow, presidente da Cruz Vermelha Suíça, as famílias no passado deram um exemplo moral. “Elas nos fazem lembrar que não devemos esquecer as vítimas das crises e guerras atuais”, reforça.

Agradecimento

Como gesto de agradecimento, alguns dos austríacos que passaram um período na Suíça e também empresas austríacas doaram 31.600 euros para as ações de ajuda ao desenvolvimento conduzidas pelos dois países no Kosovo, província autônoma da República Sérvia. “No passado nós já fomos ajudados, agora retribuímos de volta”, disse Plassnik.

Desde 1940, a chamada “Associação Trabalhadora Suíça para vítimas infantis da guerra” procurava famílias acolhedoras para crianças da Franca e da Bélgica. Em 1942 ela foi integrada na Cruz Vermelha Suíça.

A partir de 1945, crianças austríacas de até 10 anos passaram a participar do programa, que incluía não apenas tratamento médico, mas também combate à desnutrição e repouso.

Paralelamente, a organização enviou toneladas de alimentos para regiões austríacas que estavam ocupadas pelas tropas soviéticas. Até 1948, cerca de 30 mil crianças entre cinco e dezesseis anos eram beneficiadas diariamente pelo programa.

swissinfo e agências

Entre 1945 e 1955, 35 mil crianças austríacas vieram passar uma temporada na Suíça.
A maior parte delas ficou três meses com famílias helvéticas.
Na semana passada, 200 delas vieram a Berna agradecer pelo acolhimento.
Elas doaram 31.600 euros para um projeto de ajuda ao desenvolvimento no Kosovo coordenado pelos dois países.

No final da Segunda Guerra Mundial, a Cruz Vermelha Suíça acolheu crianças austríacas em famílias helvéticas.

Os chamados “Schweizerkinder” (crianças suíças) fundaram posteriormente em Viena uma associação com o mesmo nome.

200 dos seus membros vieram à Suíça para homenagear a ação do passado.

O ponto alto da homenagem foi uma festa em Berna.

A ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey recebeu sua homóloga austríaca, a ministra Ursula Plassnik e antigos “Schweizerkinder”.

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