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Ex-executivos do UBS devolvem 45 milhões de francos

Ospel (na foto), Haeringer e Suter renunciam a 33 milhões. Keystone

A pressão popular sobre os responsáveis pela crise no maior banco suíço começa a dar resultados. Quatro antigos executivos já anunciaram que vão renunciar a um total de 45 milhões de francos (US$ 37,8 milhões).

Depois do ex-presidente executivo do UBS, Peter Wuffli, agora é a vez do ex-presidente do conselho de administração, Marcel Ospel, do ex-vice-presidente Stephan Haeringer e do ex-diretor do departamento de finanças, Marcos Suter. Os três abriram mão de 33 milhões de francos (US$ 27,7 milhões).

Dois terços deste total, isto é, aproximadamente 22 milhões de francos recaem sobre Ospel, conforme nota divulgada pelo porta-voz dos ex-executivos Jörg Denzler.

Peter Wuffli havia anunciado em outubro que renunciaria a 12 milhões de francos de um total de 25 milhões obtidos após a sua demissão em 2007 (ouça o áudio ao lado).

Ospel, Wuffli, Haeringer e Suter são considerados os principais responsáveis pela estratégia de expansão do UBS, que levou o banco à maior crise de sua história.

Como outros diretores, eles continuam ganhando milhões até o fim dos contratos que têm com a instituição, o que gera cada vez mais críticas da opinião pública, desde que o governo e o Banco Central suíços derem uma ajuda de 68 bilhões de francos ao UBS.

O porta-voz dos ex-executivos escreve que a divisão dos 33 milhões entre os três corresponde aos salários e outros vencimentos que eles obtêm do UBS.

Com isso, Ospel deve renunciar à quantia que lhe foi prometida quando de sua renúncia, em abril deste ano. Na época, falou-se que ele receberia uma indenização de 22 milhões de francos. O UBS nunca confirmou esse valor.

“Situação inimaginável”



“Com sua renúncia, Marcel Ospel, Stephan Haeringer e Marco Suter querem tornar claro que se confrontam com a realidade. Eles estão conscientes de que, com o conhecimento atual, tomariam várias decisões de forma diferente”, disse Denzler. A renúncia é voluntária e não significa um reconhecimento de culpa, acrescentou o porta-voz.

No comunicado, Ospel, principal alvo das críticas dos últimos meses, é citado com a seguinte declaração: “No mais tardar com o engajamento do governo federal, ficou claro que se esperava uma ação substancial de minha parte. Para mim, a solução de hoje é correta. Espero que, com isso, eu possa contribuir para a solução de uma situação que até há pouco era inimaginável.”

Haeringer e Suter ressaltam: “Desde o início era evidente para nós que, nesta situação difícil, agiríamos de forma solidária entre nós e leal em relação ao UBS.”

Renúncia estratégica



O anúncio dos três ex-executivos vem em boa hora para o UBS. Na próxima quinta-feira, a direção do banco enfrenta mais uma assembléia geral extraordinária dos acionistas. Além de uma nova capitalização, também será discutido o novo sistema de remuneração do banco.

O presidente do conselho de administração do UBS, Peter Kurer, tentou nas últimas semanas convencer outros executivos do UBS a renunciar a uma parte dos bônus milionários que receberam enquanto afundavam o banco na crise.

Do início de 2007 até o primeiro trimestre deste ano, o UBS somou perdas de 37 bilhões de dólares decorrentes da crise imobiliária nos EUA – sem contar a desvalorização de suas ações, que despencaram de 80 francos para menos de 20 francos. No terceiro trimestre de 2008, o banco voltou a ter um lucro de 296 milhões de francos.

Em função da crise, o UBS perdeu credibilidade e muitos clientes. De janeiro a setembro deste ano, foram sacados 140,3 bilhões de francos; no mesmo período no ano passado, tinham sido depositados 125,1 bilhões de francos no banco. Para reconquistar a confiança dos clientes, o banco está lançando esta semana uma campanha publicitária nos jornais suíços.

swissinfo com agências

O Partido Social-Democrata da Suíça (PS) acaba de se tornar acionista do UBS.

A agremiação comprou uma ação nos últimos dias para poder usar a próxima assembléia geral do banco como plataforma de discussão sobre a crise.

O presidente do PS, Christian Levrat, está na lista dos oradores da assembléia geral extraordinária do UBS, na próxima quinta-feira, em Lucerna.

Levrat pretende questionar até que ponto a ex-executivos do UBS podem ser responsabilizados pela situação atual do banco. O partido também avalia a possibilidade de apresentar uma queixa na Justiça.

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