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Forte indício de prisões clandestinas da CIA

Dick Marty apresenta em Paris relatório provisório sobre prisões da CIA. Keystone

Segundo o senador suíço Dick Marty, "as informações reunidas reforçam a credibilidade das acusações sobre transferência e detenção" ilegais de pessoas na Europa.

Frente a uma comissão em Paris, Marty disse que “lamenta a falta de cooperação do governo americano em dar mais esclarecimentos e informações sobre o caso”.

A situação começa a ficar complicada para os EUA na Europa. Não há um dia em que novos casos e suspeitas de abusos na luta contra o terror não seja tema das primeiras páginas dos jornais.

Agora também o Conselho Europeu, a mais antiga instituição multilateral européia e cuja principal função é a defesa dos direitos humanos e democracia parlamentar, começa a apontar o dedo para a grande potência. O órgão indicou o senador suíço Dick Marty para investigar a suspeita de que a CIA, o serviço secreto americano, tenha criado uma vasta rede de prisões clandestinas, transporte de prisioneiros e seqüestros de suspeitos.

Ontem (13 de dezembro), Marty anunciou que “as informações reunidas durante suas investigações reforçam a credibilidade das acusações sobre transferência e detenção” ilegais de pessoas na Europa. O parlamentar suíço evitou, porém, acusar outros países europeus de estarem colaborando com o sistema:

– No estágio atual das investigações não podemos confirmar que alguns países membros tenham participado de forma ativa nessas ações ilegais ou as tolerado.

Rice não explica

Dick Marty confirma que muitas das acusações feitas pelas associações de defesa dos direitos humanos estão batendo com as informações recolhidas, como as fornecidas pelos serviços de vigilância do espaço aéreo. Por essa razão as investigações devem continuar.

Do outro lado do Atlântico, o silêncio sobre as acusações é grande. “Os Estados Unidos ainda não desmentiram as acusações contra seu serviço secreto”, reforçou o parlamentar suíço.

Em viagem pela Europa, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, reafirmou que os EUA “respeitam a lei” e não praticam a tortura e reiterou o empenho do seu país em “proteger os seus cidadãos” do terrorismo.

Procurar a verdade

Marty solicitou a colaboração dos 45 países membros do Conselho da Europa para esclarecer os vôos de aviões da CIA contendo prisioneiros clandestinos sobre seu espaço aéreo. Em Paris, onde está a sede do órgão, o senador entregou seu primeiro relatório.

Grande parte das informações obtidas partiu de acusações feitas pela “Human Rights Watch”, uma associação americana de defesa dos direitos humanos. A Polônia é um dos poucos países europeus que abriram investigação oficial para apurar as denúncias. O país é acusado pelo grupo de direitos de ter abrigado o principal centro de prisioneiros sem culpa formada da CIA na Europa. O governo polonês prometeu divulgar na próxima semana os resultados das investigações.

EU e Cruz Vermelha vão investigar

Já no início de novembro, o comissário para direitos humanos do Conselho da Europa afirmava que a possível existência de prisões clandestinas no solo europeu “seriam muito preocupantes”.

Se confirmadas as acusações da imprensa, diversos países estariam descumprindo as convenções européias de defesa dos direitos humanos. Tanto o Comitê Internacional da Cruz Vermelha como a União Européia anunciaram que também investigariam o caso.

swissinfo com agências

O jornal americano “Washington Post” publicou em 2 de novembro uma reportagem sobre uma rede de prisões clandestinas dos Estados Unidos em países da Europa do leste, onde estariam presos centenas de pessoas suspeitas de estarem ligadas ao terrorismo.
Em viagem pela Europa, a secretária de Estado norte- americana, Condoleezza Rice, reafirmou que os Estados Unidos “respeitam a lei” e não praticam a tortura e reiterou o empenho do seu país em “proteger os seus cidadãos” do terrorismo.
Na semana passada o Departamento Federal de Aviação confirmou que um avião da CIA, onde presumidamente estariam sendo transportados prisioneiros, teria sobrevoado 19 vezes o espaço aéreo da Suíça.

O Conselho da Europa foi fundado em 1949.

Trata-se da mais antiga instituição multilateral européia, tendo sede em Estrasburgo (França).

O Conselho da Europa é um órgão independente da União Européia (EU) dos 25 países.

Nenhum país europeu integrou à UE sem antes ter sido membro do Conselho da Europa.

O Conselho da Europa foi criado a fim de:
– defender os direitos do homem e a democracia parlamentar, e assegurar a preeminência do direito
– concluir acordos à escala do continente para harmonizar as práticas sociais e jurídicas dos Estados membros,
– favorecer a tomada de consciência da identidade européia, fundada sobre valores partilhados que transcendem as diferentes culturas.

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