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No futebol suíço também há racismo

No que deu a briga Keystone

Um soco na cara foi o revide de um jogador senegalês do Lausanne Sports a um adversário do Servette de Genebra que o teria chamado de "negro sujo", em partida na segunda-feira 17/9. Depois de ameaças mútuas de levar a questão a tribunal, os dois se reconciliaram no dia seguinte. O incidente desperta agora debate sobre o racismo no futebol suíço.

Existe ou não existe racismo no futebol suíço? O incidente do dia 18 pode confirmar o fato, já que o atacante do Lausanne Sports, Pape Thiaw (que também joga na seleção senegalesa), teria sido agredido com insulto, em função da cor de sua pele.

O incidente

O Lausanne perdia de 3 a 0 (resultado final) e a partida contra o Servette de Genebra já estava virando um combate. Basta dizer que um dos jogadores (Bratic) deixou o campo em maca com uma perda quebrada.

No intervalo, Pape Thiaw, atleta troncudo, perdeu o sangue frio e desferiu golpes certeiros na cara de Sébastien Fournier, que o teria chamado de “negro sujo”. Resultado: vários ferimentos e o nariz quebrado.

Fournier ameaçou processá-lo. Thiaw também quis levar a questão à justiça. Mas os dois fizeram as pazes dois dias depois e tudo ficou por isso mesmo.

Precedentes

Fournier admitiu mais tarde que «possa ter dito coisas sem pensar…» E o incidente acabou trazendo à tona a questão do racismo no futebol suíço.

O problema não é tão grave como na Itália. Ainda recentemente, na capital italiana, em partida entre o Roma e a Lazio, os torcedores da Lazio desdobraram enorme faixa com os dizeres “Squadra de Negri” (equipe de pretos). Equipe que inclui, por exemplo, Cafu, lateral da seleção brasileira). Mas na Suíça há precedente.

O jornal “Le Matin”, de Lausanne (edição de 20/09), aponta um. É o caso de André Bonato, 39 anos, ex-jogador negro de origem angolana, hoje com passaporte suíço, dependurou as chuteiras em 1995.

Banana em campo

O zagueiro Bonato lembra que, indiretamente a torcida o chamava de macaco, lançando-lhe bananas no estádio. Lembra ainda que em 1982 perdeu as estribeiras quando, numa partida, foi chamado de “negro sujo”, como aconteceu com Thiaw. Pagou caro pela reação, um soco na cara do insultante.

Na Inglaterra, Alemanha e Hungria – como assinala o Le Matin – “quando um negro entra em campo, a torcida hurla e imita os guinchos de macacos”.

swissinfo.

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