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Ricardo

Cobrador e defensor virtuoso de pênaltis. Keystone

Guarda-redes que defende, mas também costuma cobrar pênaltis, Ricardo tem lugar cativo no gol da seleção portuguesa. Para indignação da torcida do Benfica, que pede Quim.

Na seleção portuguesa, ele é o dono indiscutível da camisa número 1, pelo menos enquanto Luiz Felipe Scolari for técnico. Nos seus tempos de Sporting, carregava a número 76, que marcava o ano de seu nascimento, em 11 de fevereiro, em Montijo.

A história de Ricardo Alexandre Martins Soares Pereira é a de um goleiro que tem os ingredientes para ser um herói popular, uma figura enigmática do futebol com suas facetas trágicas.

É a trajetória de um homem oriundo de uma família humilde da província de Setúbal, que começou a carreira no CD Montijo, ganhou seus primeiros trocados no Boavista (do Porto), admirava o grande Benfica na juventude e se tornaria goleiro do Sporting. Desde 2007 está no Bétis Sevilla (Espanha).

Torcida não perdoa



Ele levou tempo para se impor na seleção e ainda persegue seu primeiro grande triunfo. Em apenas 11 meses, esteve no centro das atenções do futebol mundial. Em julho de 2004, na final da Eurocopa, e em maio de 2005, na final da Copa da Uefa. Ele perdeu as duas partidas e teve pelo menos parte da culpa.

As atuais críticas a Ricardo, que na recente derrota de Portugal por 3 a 1 para a Itália, em Zurique, não fez boa figura, lembram a sina dos goleiros que não são perdoados, muito bem descrita pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano no livro A bola é redonda e os gols espreitam em toda parte.

“Os demais jogadores podem cometer erros crassos, mas se purificam novamente com um drible espetacular, um passe magistral, um chute preciso. Com uma única falha, o goleiro perde o jogo ou até o campeonato, e então o público esquece todas as defesas espetaculares do passado e o condena à maldição eterna”, escreve Galeano.

Herói ou vilão



Nas quartas-de-final da Eurocopa 2004, Ricardo ainda tinha sido o herói. Defendeu e cobrou os pênaltis decisivos contra a Inglaterra, levando Portugal às semifinais. A Bola, principal jornal esportivo do país, sentenciou: “Ele é um especialista em duplo sentido nos pênaltis: defende, e cobra ainda melhor.”

“Herói é uma palavra muito forte”, disse Ricardo em 2001, quando o Boavista conquistou seu primeiro título português. Mas exatamente essa palavra foi usada para classificar o goleiro português novamente na Copa 2006.

Numa reedição do confronto de 2004, Portugal eliminou a Inglaterra nas quartas-de-final do Mundial na Alemanha. Ricardo defendeu três pênaltis dos ingleses, um recorde para um goleiro na história das Copas.

Ricardo ou Quim?

Um “ato heróico” que consolidou ainda mais a confiança depositada nele por Scolari. Sob o comando de seu antecessor, Antonio Oliveira, Ricardo estreou na seleção em 2000, mas ficou no banco – atrás de Vitor Baía – na Copa 2002.

Apesar da pressão que vem sendo feita sobre Felipão para que dê uma chance a Quim, do Benfica, o técnico brasileiro não sinaliza qualquer troca no gol. “Ricardo tem sido dono e senhor do lugar na selecção nacional, independentemente dos erros que comete”, comenta o blog Rola a Bola.

Calejado por duros golpes, aos 32 anos, o goleiro do Bétis – onde tem contrato até 2011 – nem pensa em pendurar as chuteiras. Em entrevista ao jornal A Bola, revelou que planeja jogar até os 40 anos. “A longevidade de um guarda-redes é sempre maior que a do restante dos jogadores”, disse.

swissinfo, Geraldo Hoffmann

Ricardo Alexandre Martins Soares Pereira nasceu em 11 de fevereiro de 1976, em Montijo.

Clubes
1993–1994: CD Montijo
1994–2003: Boavista FC
2003–2007: Sporting Portugal
Desde 2007: Bétis Sevilla

Títulos
Campeão português (2001)
Vice-campeão europeu (2004)
Vice-campeão da Copa da Uefa (2005)
Taça de Portugal (2007)
Supercopa de Portugal (2007)

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