Perspectivas suíças em 10 idiomas

Vôlei feminino brasileiro faz escola na Suíça

Seis jogadoras e dois técnicos, todos brasileiros (divulgação) VFM

O time de vôlei fica num cantão francês da Suíça, mas o idioma oficial é o português – e do Brasil. As seis jogadoras são orientadas e treinadas na língua materna pelo técnico brasileiro Romeu Beltramelli Filho.

Esse é o tempero do time Volleyball Franches-Montagnes, do Jura, que está em terceiro lugar no ranking suíço.

O técnico Romeu Filho, 47 anos, é um profissional experiente e já comandou algumas equipes de vôlei no Brasil com bons resultados – como os times de Araraquara e Santos. Agora enfrenta outro desafio: adaptar-se ao estilo suíço.

A equipe tem potencial

Acostumado com as acirradas competições de vôlei nos lotados ginásios paulistas, o treinador comporta-se como a maioria dos técnicos brasileiros: reclama com as jogadoras, fala alto e, vez ou outra, deixa escapar um xingamento. Tudo por conta da emoção – e da vontade de vencer.

“Depois de alguns jogos percebi que o comportamento era agressivo para os suíços e hoje me controlo um pouco”, explica.

Um pouco, mas não muito. Romeu Filho é expansivo, tem origem italiana e quer ver a competitividade e a garra brasileiras nas quadras suíças. Quando isso não acontece, reclama – e muito. ” O time tem potencial e é preciso trabalhar para que a equipe cresça e apresente bons resultados”, diz.

A motivação do europeu

Disputar o campeonato europeu foi a motivação inicial para Romeu Filho trocar Santos, em São Paulo, pela pacata Les Breuleux, com pouco mais de 1200 habitantes.

“É uma experiência de vida bem diferente e interessante”, diz Romeu Filho. Fora das quadras, aproveita o tempo para passear com a mulher e o filho.

“Não gosto de comparar meu trabalho com o do Brasil porque temos um vôlei muito especial lá. Digo que são situações diferentes e sem comparação”, comenta.

A falta de ter o que fazer na pequena cidade nem sempre agrada a todos. Para a atacante Ana Paula, que está na Europa há três temporadas, um pouco de movimento faz falta.

Uma vida diferente

“Gosto de morar aqui e não pretendo voltar para o Brasil, mas gosto de ver gente, fazer compras”, diz. “Isso ajuda a relaxar e melhorar o desempenho nas quadras”, conta. Como não têm carro, isso nem sempre é fácil. Em geral, os contratos incluem salário, moradia e alimentação.

A mineira Isabela Lopez é outra veterana. Está há duas temporadas na Europa e tem planos de ficar. “É um mercado interessante para o vôlei”.

Muitas delas estudam francês ou espanhol nas horas vagas. Afinal, estudar outros idiomas ajuda e muito a vida no exterior.

O técnico assistente Leonardo Portaleoni também é brasileiro. Aos 26 anos, considera a experiência interessante para sua carreira, iniciada em Santos. “Aqui ficamos mais concentrados porque a cidade é pequena e o trabalho fica mais intenso”, explica. Ele chegou em agosto, mas sente falta de algumas coisas da sua terra: praia, pagode e família.

No próximo dia 24, o clube do Jura promoverá uma festa para arrecadar fundos que promete reunir um pouco da cultura brasileira no cantão suíço. Terá feijoada, caipirinha, música e dança – só não vai dar praia!

swissinfo, Lourdes Sola

O VFM disputa atualmente as semi-finais do campeonato suíço na Liga Nacional A, divisão de elite do vôlei na Suíça e também as semi-finais da Copa Suíça.

As semi-finais são disputadas em cinco partidas contra o mesmo adversário, o Köniz, de 4 a 18 de março. A equipe que vencer três partidas irá para a final.

Em janeiro, o VFM foi eliminado da Copa da Europa, em casa, com público de quase 1.200 pessoas. Tem boas chances de classificar-se novamente este ano.

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