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Ajuda social pode marginalizar beneficiários, diz estudo

Pesquisadores pedem melhora da ajuda à população carente. Keystone

Criada para impedir a marginalização da população pobre, a ajuda social na Suíça pode provocar exclusão social, caso não seja modificada.

É o que advertem os autores de um estudo realizado no âmbito do Programa Nacional de Pesquisa “Integração e Exclusão”. Especialmente jovens desempregados correm risco.

A ajuda social prestada pelas prefeituras suíças é o último elo de uma rede de previdência que inclui os seguros de vida, desemprego, invalidez e velhice (aposentadoria). Sua função é reintegrar à sociedade pessoas carentes, através de auxílio à subsistência da família.

245 mil pessoas carentes na Suíça

Os autores lembram as vítimas da “integração marginalizadora” do século 19 e da primeira metade do século 20, como as grandes famílias e as mães solteiras, e advertem que também hoje os esforços pela integração podem levar à exclusão social na Suíça.

Segundo o estudo, “os desafios do mercado de trabalho globalizado e o crescente número de necessitados implicam o risco da perda dos padrões de respeito aos direitos humanos”. Em 2006, 245 mil pessoas (3,3% da população) eram consideradas carentes na Suíça.

As secretarias municipais de ação social são pressionadas a reintegrar o mais rápido possível essas pessoas ao mercado de trabalho, o que não é sua atribuição principal – elas nem dispõem de recursos humanos para tanto, diz o estudo.

Volta ao mercado de trabalho

Muitas vezes, os “clientes” são “empurrados” para relações de trabalho precárias, para subempregos com insegurança jurídica, baixos salários e elevado risco à saúde, continua o texto.

Um grande problema, segundo o estudo, são os jovens e adultos que não conseguem vaga para estágios profissionalizantes ou que não concluem sua formação. Em 2006, 31.558 pessoas entre 18 e 25 anos viviam de ajuda social na Suíça (12,9% do total de beneficiários).

Os pesquisadores afirmam que faltam instituições especializadas em ajudar essas pessoas a fazer a ponte entre estudo e trabalho. “Quem não consegue isso, volta a bater às portas da ajuda social a vida inteira”, afirmam.

Discriminação

O que piora ainda mais a situação é a estigmatização de quem recebe ajuda social. “Os beneficiários, que são considerados suspeitos pela opinião pública, internalizam a discriminação. Isso pode se tornar um peso psíquico”, adverte o estudo.

Na opinião dos autores, a ajuda social deveria apostar mais na participação por livre vontade, bem como estabelecer uma relação de confiança com os desempregados. O processo de reintegração, com possibilidades adicionais de qualificação, deve ser prorrogado, sugerem.

“É necessária uma reorientação da ajuda social em todo o país. É preciso coordenar melhor os serviços prestados pelas diferentes esperas públicas, harmonizar as estatísticas e dar mais peso à ajuda no conjunto da política social”, conclui o estudo.

swissinfo com agências

O governo suíço considera vários critérios para definir a linha da pobreza: aluguel, alimentação, vestuário, consumo de energia, transporte, comunicação, seguro de saúde (obrigatório na Suíça), formação, algumas formas de lazer etc.

Feitos os cálculos, em 2006, era considerado pobre quem tivesse renda inferior a 2.200 francos suíços (uma pessoa sozinha) ou 3.800 francos (no caso de uma pessoa com dois filhos menores) ou 4.650 francos (um casal com dois filhos).

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