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Emprego se mantem apesar da onda de demissões

Swissprinters é uma das empresas suíças que planeja fechar fábricas no país. Keystone

Apesar de uma recente onda de demissões em empresas de destaque da Suíça, a taxa de desemprego deve se manter mais ou menos estável, permanecendo bem abaixo da média europeia.

Mas os economistas estão convencidos de que a economia suíça vai sofrer uma desaceleração a partir do final deste ano, o que pode gerar uma recessão em 2012.

A gigante farmacêutica Novartis anunciou no mês passado que iria licenciar 1100 postos de trabalho na Suíça, enquanto que uma série de outras empresas do país acusam o franco suíço forte de obrigá-las a transferir empregos da Suíça para o exterior.

Os dois maiores bancos, UBS e Credit Suisse, também anunciaram cortes de empregos em massa, embora no caso deles, a maioria desses cargos serão suprimidos no exterior.

A federação suíça das indústrias de máquinas e equipamentos Swissmem alertou recentemente que o impacto adverso do franco forte sobre as exportações podia provocar a supressão de 10 mil postos de trabalho – o que representa cerca de três por cento da força de trabalho do setor.

As piores previsões para o desemprego indicam um aumento na taxa de 2,8 por cento registrados em setembro para 3,5 por cento em meados do próximo ano.

Estatísticas contorcidas

Mas alguns analistas apontam que as estatísticas oficiais por si só não contam toda a história.

A taxa de desemprego dos suíços – que ficou pouco acima dos três por cento para o ano, até agora – não pode de fato ser comparada com os dados da União Europeia que apresentam uma taxa de 9,7 por cento para a zona, de acordo com Daniel Lampart, economista da União Sindical Suíça.

Os desempregados de longa duração na Suíça deixam de fazer parte dos números oficiais após menos de dois anos sem encontrar trabalho, o que não é o caso com os dados da UE, explica o sindicalista.

“Se as estatísticas suíças e europeias fossem harmonizadas, elas mostrariam uma taxa de desemprego na Suíça em torno de quatro por cento”, disse à swissinfo.ch.

Lampart reconhece que o mercado de trabalho suíço ainda é mais robusto do que muitos de seus vizinhos europeus, mas o economista alerta que a tendência é piorar.

“Na década de 1980, a taxa de desemprego na Suíça foi inferior a um por cento”, lembra.

“A Suíça arrisca ir na mesma direção da Áustria, Holanda e Dinamarca, que sofreram um agravamento da situação de trabalho em comparação com as tendências históricas.”

Franco forte

A união sindical pediu ao banco central da Suíça que a taxa de câmbio mínima do franco fosse pelo menos de 1,40 por euro, ao invés do atual 1,20, para dar um apoio eficaz às indústrias de exportação e turismo.

Novartis culpou, em parte, o franco forte para justificar sua recente decisão de cortar empregos na Suíça. Peter Huntsman, presidente e chefe-executivo do grupo químico Huntsman, também disse que o franco foi o motivo por trás da decisão da empresa de transferir 100 empregos de Basileia para outros mercados.

“O fortalecimento recente do franco suíço tem prejudicado significativamente nossa estrutura de custos na Suíça, o que serve apenas para reforçar a necessidade de uma restruturação”, disse ao anunciar as demissões em setembro.

Outras empresas têm manifestado preocupação com o enfraquecimento da economia da União Europeia, que representa dois terços do mercado de todas as exportações suíças.

O grupo tecnológico Kudelski pediu incentivos fiscais para a pesquisa e o desenvolvimento, já que teve de cortar 90 postos de trabalho na Suíça.

Recessão de curta duração

Outras empresas, como a especialista em aromas e sabores Givaudan, também decidiram transferir postos da Suíça para o exterior para ficar mais perto das economias em desenvolvimento, que representam um maior crescimento de vendas para a empresa.

É quase certo que a Suíça esteja a caminho de uma recessão, de acordo com a economista do Banco Sarasin Ursina Kubli. Os fabricantes suíços indicaram recentemente níveis perigosamente baixos para as novas encomendas.

Mas a economista prevê que a baixa do PIB suíço deve durar apenas alguns meses, para começar a se recuperar a partir de meados do próximo ano.

“Nosso otimismo é impulsionado pelas políticas monetárias de muitos países que impulsionarão o crescimento econômico”, garantiu à swissinfo.ch.

Quando o crescimento deslanchar novamente – como esperado – os fabricantes voltarão a aumentar a produção, poupando assim os empregos, argumentou.

Taxa de desemprego da Suíça é de 2,8%, uma dos melhores do mundo. A taxa média anual até agora é de 3,1% – em comparação com os 3,9%, em 2010.

111344 pessoas estavam registradas como desempregadas no mês de setembro. 28696, ou 20,5%, a menos do que o mesmo mês do ano passado.

17932 jovens (15-24 anos) estavam sem trabalho em setembro, um quarto a menos do que um ano atrás.

A Secretaria de Estado da Economia – Seco – registrou, até agora, a criação de 19435 postos de trabalho no mercado suíço.

Várias empresas já anunciaram cortes de empregos neste ano, liderada pelos dois grandes bancos UBS e Credit Suisse.

O UBS deve cortar 400 postos na Suíça e o Credit Suisse não especificou quantos dos seus 3500 postos que serão suprimidos afetarão a Suíça.

A Novartis vai suprimir 1100 postos de trabalho na Suíça, entre os 2000 cortes em todo o mundo. No ano passado, a Roche cortou 770 postos na Suíça, de um total de 4800.

Kudelski vai cortar globalmente 270 postos – 90 na Suíça.

O fabricante de material elétrico Huber + Suhner vai transferir 80 postos da Suíça para a Tunísia e a Polônia.

O fabricante de produtos químicos Hunstman disse que vai transferir cerca de 100 postos de Basileia para os “mercados-chave”.

Adaptação: Fernando Hirschy

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