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Corrupção na Suíça é quase inexistente

Bem-estar social e crescimento durável são fatores que não favorecem a corrupção. swissinfo.ch

A Suíça está em sétimo lugar entre os países menos corruptos do planeta, como mostra a pesquisa anual realizada pela Transparência Internacional.

Apesar do bom resultado, representantes lembram que também o país dos Alpes sofre do clientelismo e pouca transparência do governo.

No ano passado, a Suíça havia conseguido retornar ao “top ten” dos países menos corruptos do mundo depois de três anos de ausência. No último relatório da Transparência Internacional, uma ONG dedicada ao combate da corrupção com sede em Berlim, o país dos Alpes avança e passa a ocupar a sétima posição.

O ranking da corrupção é realizado através das informações obtidas de analistas e empresários, entrevistados pela organização.

No total, a Suíça obteve 9,1 pontos no índice de percepção da corrupção, também conhecido através da sigla “CPI”. Em 2003, ela havia recebido 8.8 pontos, sendo que o máximo é 10.

Com essa pontuação, a Suíça fica pouco abaixo de países como a Finlândia, Nova Zelândia e Dinamarca, o trio na liderança. Dos 146 países analisados, 106 tiveram notas abaixo de 5 pontos. No total, 60 receberam notas inferiores a 3, o que significa que nesses países a corrupção atinge índices considerados alarmantes.

Petróleo e a corrupção

As nações produtoras de petróleo se destacam pelos resultados negativos. Angola, Tchad, Rússia e Nigéria são considerados países extremamente corruptos.

“Nesses países, as atividades públicas no setor do petróleo são marcadas pelo desaparecimento de fundos, que terminam nos bolsos de empresários ocidentais, intermediários ou forças políticas locais”, escreve Transparência Internacional no seu relatório.

Como bem-estar e crescimento durável são fatores importantes no combate à corrupção, Transparência Internacional decidiu lançar uma campanha intitulada “Publish what you pay” (“Publique o que você paga”). Seu objetivo é incentivar a publicação voluntária pelas multinacionais implicadas nos negócios do petróleo, gás e mineração, do montantes pagos aos governos e instituições oficiais durante a realização dos seus negócios.

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Phillippe Lévy é presidente da seção suíça da organização Transparência Internacional. Na sua opinião, o combate à corrupção deve ser constante, mesmo tendo um país alcançado níveis elevados como a Suíça. swissinfo entrevista Transparência Internacional Suíça

Na sua opinião, como a Suíça pode ser classificada nas pesquisas da Transparência Internacional?

Nós constatamos uma pequena melhoria no caso suíço. Porém o importante não é a comparação entre os países, mas sim os resultados efetivos de cada um. No caso da Suíça, estes também melhoraram.

Como a Suíça poderia melhorar ainda mais sua posição?

A estrutura da economia de exportação do país se modificou. A Suíça não está mais ativa em setores particularmente atingidos pela corrupção como a venda de armamentos. Além disso, assim como outros países da OCDE (Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento), a Suíça também modificou sua legislação. Hoje em dia, o suborno de membros de governos estrangeiros é um crime passível de prisão na Suíça. Também instrumentos foram desenvolvidos pelo setor público e empresas. Através da Transparência Internacional, nós tentamos convencer as duas partes a aplicar esses instrumentos. Porém ainda não atingimos nossos objetivos.

A questão da lavagem de dinheiro ainda pode ser considerado um problema na Suíça?

Nesse sentido, a situação melhorou muito. Os milhões que pertenciam ao ditador africano Abacha foram repatriados para a Nigéria. Esse é um bom exemplo. Porém em outros setores a melhorar como a corrupção privada ou a proteção de funcionários denunciados por terem aceitado suborno.

Nós queremos proteger aqueles que denunciam e evitar que eles se tornem vítimas, como ocorre com muita freqüência. Esperamos que isso seja possível no contexto da ratificação de um tratado que será proposto pelo governo no Conselho da Europa e que poderá ser adotado pelo Parlamento já no ano que vem. Na Suíça, a corrupção em pequena escala é mais comum do que aquela que ocorre movimentando grandes somas.

A Suíça introduziu uma lei contra a corrupção em outubro de 2003. Você a considera uma contribuição na luta conduzida pela sua organização?

Ainda é muito cedo para julgar seus resultados. Porém ela torna possível penalizar empresas e indivíduos considerados culpados. Porém na Suíça, assim como em muitos países da OCDE, essas leis não são aplicadas com a energia exigida e os casos de condenação são muito raros.

O que é feito para combater o clientelismo suíço, um mal conhecido no país?

Essa é uma das particularidades suíças que considero muito difíceis de combater. Do ponto de vista legal, a situação não é muito clara e o problema normalmente é escondido embaixo do tapete. A única maneira de combater o clientelismo é torná-lo uma questão pública, pois esse problema coloca em jogo a boa reputação das empresas e dos indivíduos.

A medidas tomadas pelos governo no combate à lavagem de dinheiro tiveram, na sua opinião, um impacto positivo na imagem da Suíça no exterior?

Sim, nós melhoramos nossa reputação. Nós temos agora uma política, uma atitude considerada mais adequada do que no passado. A questão dos dinheiro do Abacha demonstra essa mudança. Isso pode ser demonstrado pela melhora da nossa performance no relatório anual da Transparência Internacional.

swissinfo, Katalin Fekete
tradução de Alexander Thoele

Os primeiros colocados no índice CPI:

Finlândia: 9,7
Nova Zelândia: 9,6
Dinamarca: 9,5
Singapura: 9,3
Suécia: 9,2
Suíça: 9,1

Os últimos colocados:

Haiti: 1,5
Bangladesh: 1,5
Nigéria: 1,6
Birmânia: 1,7
Paraguai: 1,9

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