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Fórum de Davos termina sem euforia

A ministra Doris Leuthard com o presidente Nicolas Sakozy e o presidente do WEF. Klaus Schwab. swiss-image

A 40ª edição do Fórum Econômico Mundial terminou sem o ambiente otimista e liberal da maioria dos encontros. Líderes políticos falam da necessidade de reforçar o controle do sistema financeiro, mas os banqueiros se opõem.

No sábado, a ministra suíça da Economia e presidente do país este ano, Doris Leuthard, tentou relançar o ciclo de negociações de Doha da OMC, mas os Estados Unidos não levaram a iniciativa a sério.

O Fórum Econômico Mundial de Davos terminou num tom menos pessimista do que no ano passado, mas sem a euforia dos anos anteriores, quando só se falava das vantagens da globalização.

Muitos líderes empresarias e políticos concordaram que uma recuperação da economia está em curso, sobretudo nos países emergentes. Essa satisfação é temperada pela fragilidade da recuperação e pela discrepância entre os discursos políticos pelo controle do mercado financeiro e a medidas práticas tomadas até agora, com a resistência dos bancos.

Regulação e bancos

A 40ª edição foi aberta formalmente pela presidente rotativa da Suíça e ministra da Economia, Doris Leuthard, e pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. Leuthard “fechou” informalmente o Fórum reunindo duas dezenas de ministros na tentativa de sair do impasse em que se encontram as negociações do ciclo de Doha, da OMC. Não foi além das boas intenções, sem a presença de um membro importante da administração Obama.

Na abertura, Nicolas Sarkozy, um liberal convicto em outras ocasiões, fez um discurso pela regulação do mercado financeiro mais duro do que muitos social-democratas. “Só podemos salvar o capitalismo pela restauração de sua dimensão moral”, disse o presidente. E advertiu que a saída da crise deve ser gradual devido ao grande volume de capital investido pelo Estado no mercado financeiro.

Mas ninguém sabe muito bem como atacar o desemprego global nem como garantir que a recuperação seja mantida em 2010 e mais além.

O presidente do Deutsche Bank, o suíço Josef Ackermann, por exemplo, afirmou que o pior da crise já havia sido administrado “com razoável sucesso”, porém os tomadores de decisão teriam agora uma escolha difícil: “Nós devemos nos arriscar mais em busca de uma força criativa para o crescimento ou devemos focar em segurança?”

Dito de outra maneira, Peter Sands, CEO do Britain’s Standard Chartered Bank, disse que o equilíbrio adequado deve se ancorar “entre construir um sistema bancário mais seguro e um sistema financeiro que possa suportar uma dose de dinamismo e criatividade”.

O presidente da Associação Suíça de Banqueiros (ASB), Patrick Odier, disse à swissinfo em Davos que “se a regulação focalizar áreas especificas corremos o risco de criar atividades paralelas” no setor bancário. Foi mais uma advertência contra o excesso de regulação.

Haiti e Brasil

Um fato marcante do WEF foi o debate sobre o Haiti. O ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, incitou os empresários a investirem no Haiti e em sua construção, dizendo que o país “não é chato nem sem esperança”.

Quanto ao Brasil, a ausência do presidente Lula por razões de saúde também foi notada em Davos. Ele deveria receber o prêmio Estadista Global, atribuído pela primeira vez pelo WEF. Seu discurso foi pronunciado pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que também recebeu o troféu para o presidente ausente.

No texto lido por Amorim, o presidente Lula criticou a ausência até agora de formas de regulação do mercado financeiro que possam evitar uma nova crise. “Quantas crises serão necessárias para que mudemos? Quantas hecatombes têm que ocorrer para que decidamos fazer o correto?”, questionou o presidente.

Claudinê Gonçalves, swissinfo.ch (com agências)

– Aconteceu de 17 a 31 de janeiro, em Davos, nos Alpes suíços.

– Participaram 2500 líderes empresarias, políticos, acadêmicos, da sociedade civil e do meio cultural.

– Entre eles compareceram 1400 dirigentes das mil maiores empresas mundiais.

– Dia 29, houve um painel sobre o Brasil, com a participação, entre outros, do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Nessa ocasião, na ausência do presidente Lula, o chanceler Celso Amorim recebeu em seu nome o prêmio “Estadista Global”, atribuído pela primeira vez este ano.

– 5000 soldados do exército suíço foram mobilizados para fazer a segurança do WEF.

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