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WEF começa com apelos ao controle bancário

Klaus Schwab (WEF) cumprimenta Sarkosy (dir) - ao fundo, a presidente da Suíça, Doris Leuthard. Reuters

O presidente francês Nicolas Sarkozy abriu o 40° Encontro Econômico Mundial (WEF), em Davos, no Alpes suíços, criticando o capitalismo e defendendo mais controle do sistema bancário.

Os governos da Suíça e da França aproveitaram o ensejo para chegar a um acordo sobre o caso do roubo de dados de clientes do banco HSBC, em Genebra, repassados à Justiça francesa.

Com um discurso recheado de críticas ao capitalismo, em que ele defendeu uma reestruturação do sistema financeiro e monetário, o presidente francês Nicolas Sarkozy abriu o WEF nesta quinta-feira. Ele conclamou os participantes a tirarem conjuntamente as lições da atual crise.

Antes da abertura do 40° Encontro Econômico Mundial, Sarkozy e o ministro francês do orçamento, Eric Woerth, encontraram-se com o ministro suíço das Finanças, Hans-Rudolf Merz. “Chegamos a um acordo sobre os dados roubados”, disse Merz depois do encontro à imprensa.

Primeiro, a França teria fornecido à Suíça cópia dos dados, roubados em dezembro passado por um ex-funcionário do departamento de informática do banco HSBC em Genebra e repassados à Justiça francesa.

“Em segundo lugar, nos foi prometido que Paris não pedirá ajuda administrativa com base nesses dados”, disse Merz. E, em terceiro lugar, a França garantiu que não repassará esses dados a terceiros Estados e, sim, orientará esses Estados a pedir eventual ajuda administrativa pela via oficial diretamente à Suíça.

“Essas três medidas atualmente são úteis e resolvem o problema desses dados roubados”, disse Merz. “Com isso, a crise com a França em todo caso acabou.”

O roubo de dados de milhares de clientes do HSBC havia gerado tensões entre os dois países. Paris usou as informações para uma caça à suposta evasão fiscal de franceses com contas na Suíça. Berna indignou-se com o fato de que dados roubados seriam usados para pedir ajuda administrativa e pediu a devolução.

Em dezembro, o Conselho Federal (Executivo suíço) decidiu suspender a ratificação do novo acordo sobre bitributação com a França. Quanto a isso, Merz disse que há “apenas uma pequena divergência de interpretação”.

Leuthard pede fim da retórica

A presidente suíça, Doris Leuthard, pediu em seu discurso de abertura do WEF que, diante das consequências da crise financeira e econômica, se acabe com a retória. “Está na hora de agir.”

Ela conclamou os setores político e econômico a não retornar às práticas de antes da crise. Uma regulação do sistema financeiro é indispensável, disse. Ela fez um apelo especial aos banqueiros para que assumam sua responsabilidade e apoiem estratégias para um crescimento sustentável.

Além disso, segundo Leuthard, os grandes países emergentes e industrializados devem levar a sério a luta contra o protecionismo e finalmente concluir a Rodada Doha de liberalização do comércio mundial.

Ela disse que, ao contrário de 1930, pela primeira vez, governos, bancos centrais e líderes econômicos formaram uma frente internacional contra a pior crise dos últimos 80 anos, para evitar um colapso do mundo financeiro e econômico. Hoje há consenso em muitos pontos sobre o que é preciso fazer, afirmou.

Ajuda ao Haiti

Um retorno ao antigo sistema não é possível, sublinhou também o fundador do WEF, Klaus Schwab. Depois da crise financeira de 2009, ele vê agora o perigo de uma crise social. Esta pode transformar-se facilmente em crise de gerações, se as verdadeiras soluções dos problemas forem adiadas, disse.

Schwab anunciou também uma iniciativa para ajudar as vítimas do terremoto no Haiti. “As pessoas no Haiti precisam de nossa ajuda”, disse aos líderes políticos e econômicos.

Otimismo em relação ao futuro

Uma pesquisa da empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), tradicionalmente apresentada no Fórum de Davos, mostra que dois terços de 1200 altos executivos entrevistados em 54 países veem melhores perspectivas econômicas para este ano.

Entre os líderes empresariais entrevistados pela PWC, 81% olham com otimismo para o futuro – apenas 16% mostraram-se pessimistas, o que é uma grande diferença em relação ao ano passado. Cerca de 90% acreditam num crescimento econômico dentro dos próximos três anos.

Segundo a PWC, muitas empresa apostam numa retomada da economia: quase 40% planejam criar novos empregos, mas 25% ainda têm planos de cortes de pessoal.

swissinfo.ch com agências

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