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“TagesWoche”: Basileia ganha jornal do futuro

O primeiro número do TagesWoche saiu em 28 de outubro. Keystone

O novo jornal suíço "TagesWoche" completa um mês de vida desde que foi lançado na cidade da Basileia. Seu conceito original começa a ser considerado como um modelo para o futuro da imprensa escrita em meio à crise.

A principal característica do jornal é que combina a versão clássica em papel com a versão eletrônica, atualizada diariamente.

Uma das apostas do “TagesWoche” é estimular o diálogo com os leitores e oferecer-lhes um suporte para contar suas histórias, trazendo uma lufada de ar fresco ao panorama midiático do país dos Alpes.

Quando alguém visita a sede do “TagesWoche” nota imediatamente que está entrando em um jornal nada convencional. Sua sede encontra-se no centro da Basileia em um antigo edifício, reconvertido para abrigar estúdios de artistas, escritórios de arquitetura e empresas do mundo da cultura. A redação digital do diário compartilha espaço com uma enorme cafeteria, que dá entrada ao lugar no primeiro andar, com grandes janelas para a rua, permitindo ver e ser visto com facilidade. 

“Nosso lugar mostra que somos uma mídia aberta e que trabalhamos de forma espontânea e descontraída”, explica Remo Leupin, redator-chefe do “TagesWoche”. A empresa não é respaldada por um grupo ou corporação editorial. “É mais uma startup onde se faz de tudo”, que busca trabalhar com freelances e colaboradores em outros países, além de compartilhar conteúdo com o semanário “Der Freitag” de Berlim (Alemanha).

A direção do jornal diz estar muito satisfeita com os primeiros resultados do empreendimento. “Ele tem apenas quatro meses de idade e ainda é um bebê”, afirma, lembrando também que o trabalho é duro, pois só dispõe de dezessete redatores. “Ainda precisamos encontrar nossa rotina para preparar a edição imprensa de sexta-feira, além de atualizar diariamente a versão digital, mas tivemos um bom começo com quatro números publicados.”

Grandes expectativas 

A resposta do público e dos anunciantes tem sido muito positiva. “Já temos sete mil assinantes e vendemos entre quatro e cinco mil exemplares nas bancas de jornal, o que nos coloca em uma marca acima dos dez mil, algo totalmente inesperado. O certo é que foram geradas grandes expectativas em torno do projeto, em especial devido ao trabalho da própria imprensa, que tratou bastante do tema. Isso também aumentou a pressão e gerou um certo medo de fracasso. Porém já recebemos boas críticas sobre a qualidade dos nossos artigos”, ressalta esse antigo profissional “Basler Zeitung” (BaZ), o jornal local de onde saíram também os outros redatores do “TagesWoche”.

Apesar de ser o segundo jornal diário da Basileia, Leupin explica que não vê o “Basler Zeitung” como uma concorrência. “É ruim nascer para trabalhar contra alguém e, além disso, não poderemos nunca nos comparar. O ‘Basler Zeitung’ é uma grande mídia. Nós pretendemos oferecer outro conceito, mais novo, e seria arrogante tentar nos compararmos com o BaZ”, declara o redator-chefe do “TagesWoche”.

Cultura do diálogo 

Uma das premissas do novo diário é a “cultura do diálogo”, com o fim de fomentar a participação dos leitores de uma forma singular. Além da possibilidade de comentar artigos e participar dos debates, eles também têm acesso eletrônico a todos os documentos e materiais empregados pelos jornalistas para elaborar suas notícias.

“Abrimos nossas portas aos leitores, não apenas na internet. Não queremos comunicar de maneira unidirecional. O retorno é muito positivo, mas recebemos igualmente críticas e correções que nos ajudam a melhorar”. Prova disso é que, tanto no site como no diário impresso, aparecem publicados comentários destacados dos internautas. E os resultados são bons. Em menos de um mês de vida, quase três mil usuários se registraram no diário através da sua página web.

O diálogo, “TagesWoche” é fomentado através de blogs e mídias sociais, especialmente o Twitter. Esses meios são empregados tanto como fonte informativa como canal de difusão de conteúdos. Embora, segundo Leupin, “requer um tempo para que as pessoas se acostumem, já que a Suíça é um país de jornais clássicos, com um longo histórico. Trata-se de uma nova realidade, no qual os jornalistas oriundos da imprensa escrita também devem se acostumar.”

Modelo futuro 

O conceito de vincular o jornal impresso semanal com a versão online poderia ser um enfoque eficaz para garantir a sobrevivência ou a aparição de novas publicações.

“Já escutamos várias vozes que concordam com isso e somos também otimistas. Poderia ser um exemplo para o futuro: combinar a atualidade diária com o papel, apesar de achar que o papel não vai desaparecer. Os dois modelos irão continuar a existir.”

Enquanto o site da publicação se dedica mais à atualidade e notícias de última hora, os temas que o “TagesWoche” aborda em sua edição imprensa são artigos de fundo, análises, comentários, entrevistas e reportagens.

A planificação editorial para ambos os formatos traz uma certa complexidade, mas também oferece muitas sinergias. O “TagesWoche” escolhe qual é o canal mais adequado para difundir o conteúdo e depois os dois se complementam. “Há histórias da atualidade que podemos cobrir em profundidade no diário em papel e que, posteriormente, gera reações na web e vice-versa. É fascinante de viver essa interação e fluidez entre os meios de comunicação.”

Para terminar, Leupin destaca que é necessário adaptar-se à revolução digital vivida atualmente. Ela foi incrementada pela aparição e melhora dos telefones portáteis inteligentes e tabuletas eletrônicas, instrumentos que modificaram a forma e ritmo de consumo dos meios de comunicação. 

Em 14 de abril de 2011 foi criada na Basileia a Fundação para Diversidade das Mídias.

No mesmo dia a fundação criou o “Neue Medien Basel AG”, que por sua vez atua como editor do “TagesWoche”.

O projeto é financiado pela Fundação Levedo, a cargo de Beatrice Oeri, herdeira da companhia farmacêutica Roche e filantropa na Basileia.

O semanário tem um formato tabloide, com 64 páginas a cores. São 35.870 exemplares impressos todas as sextas-feiras.

Ele oferece as editorias de Basileia, Suíça, internacional, esportes, culturas e cadernos especiais, além de uma agenda cultural completa.

O modelo de negócio de “TagesWoche” está baseado em uma combinação de cálculos

A assinatura anual do jornal impresso custa 220 francos, mas o portal é de livre acesso.

Preço nas bancas de jornal da unidade: 5 francos.

Adaptação: Alexander Thoele

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