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Ex-embaixador é condenado à prisão

O ex-diplomata Peter Friederich (ao centro) na saída do tribunal. Keystone

O ex-embaixador da Suíça em Luxemburgo, Peter Friedrich, foi condenado a três anos e meio de prisão.

O julgamento foi no Tribunal Penal Federal que o culpou por lavagem de dinheiro, abuso de confiança e falsificação de documentos.

O ex-diplomata, em julgamento desde o dia 9 de maio diante do Tribunal Penal Federal suíço, foi condenado a três anos e meio de prisão. E isso porque os juízes o liberaram da acusação de pertencem a uma organização criminal.

“A relação entre a lavagem de dinheiro em benefício de uma organização ciminal não foi provada”, explicou o presidente do tribunal que também excluiu que o ex-embaixador tenha feito parte de um “bando de recicladores de dinheiro sujo”.

Relações duvidosas

Peter Friedrich tinha sido preso em Berna em 8 de julho de 2002. Passou então 38 dias em prisão preventiva antes de ser suspenso de suas funções e forçado a aposentar-se do corpo diplomático.

Na época, sua conta bancária em Luxemburgo havia recebido depósitos em dinheiro de quase 2,4 milhões de francos suíços. O dinheiro provinha de Antonio Florindo Sosa, conhecido pelo codinome “Radio Jaen”, um cidadão espanhol detido posteriormente por tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro.

O Ministério Público Federal suíço havia pedido uma pena de seis anos de prisão para o ex-embaixador. Segundo o procurador, o acusado não podia ignorar a que tipo de atividades se dedicava sua relação de negócios.

Por seu lado, os advogados de Peter Friederich afirmavam que seu cliente nada sabia do tráfico de drogas e dos negócios mafiosos de suas relações. A defesa pediu a absolvição do acusado.

Lavagem de dinheiro

Os juizes federais finalmente condenaram o ex-embaixador a três anos e meio de prisão por lavagem de dinheiro, abuso de confiança e falsificação de documentos. Se todas as acusações iniciais fossem mantidas, ele incorria a quinze anos.

Na leitura da sentença, o presidente do tribunal, Bernard Bertossa, sublinhou que Peter Friederich não havia manifestado qualquer arrependimento. Ele também abusou da confiança de seu estatuto de embaixador, afirmou Bertossa.

Segundo o inquérito, o embaixador trabalhava também com gestor de fortunas e aplicava grandes somas na bolsa em nome de investidores, prometendo-lhes rendimentos bem superiores à média, em torno de 10%.

Com a queda da bolsa em 2000, ele teria ficando com suas contas negativas em mais de 4 milhões de francos suíços. Teria então utilizado parte dos ativos de seus clientes para pagar dívidas pessoais.

Atividade acessória

Como todo funcionário público, o então embaixador tinha uma autorização especial para exercer uma “atividade acessória”, como gestor de fortunas. Em si, a atividade não tem nada de ilegal embora surpreenda pelo fato de um embaixador representar o país.

Isso também não quer fizer que o salário de um embaixador suíço exija uma “atividade acessória”. Segundo revelou o jornal “Tribuna de Genebra”, o embaixador tinha um salário de 14 mil francos suíços (10 mil dólares), mais indenizações, quando estava em Luxemburgo.

Peter Friederich foi diplomata durante trinta anos, com postos no Vietnã, Cuba e finalmente Luxemburgo, para onde havia sido nomeado em dezembro de 1999.

Recurso possível

Durante o processo, o ex-embaixador não contestou ter recebido dinheiro. No entanto, disse que não sabia que o dinheiro provinha de um bando de traficantes internacionais de droga.

Os advogados da defesa têm 30 dias para recorrer ao Supremo Tribunal Suíço (Tribunal Federal), mais alta instância do judiciário suíço.

swissinfo

1971: Peter Friederich começa a trabalhar no Ministério das Relações Exteriores.
1999: nomeado embaixador da Suíça em Luxemburgo.
Julho de 2002: suspeito de lavagem de dinheiro, o embaixador é preso em Berna.
Agosto de 2002: Após 38 dias de detenção preventiva, Peter Friederich é solto, suspenso de suas funções e aposentado por antecipação.
9 de maio de 2005: abertura do processo diante do Tribunal Penal Federal, em Belinzona, sul da Suíça.
6 de junho de 2005: os juízes Peter Friederich a três anos e meio de prisão.

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