Aumenta parceria entre ONGs e empresas
O fenômeno do crescente bom entendimento entre organizações humanitárias e empresas é observado na Suíça e outras partes do mundo. Todos sairiam ganhando.
A Fundação Philias – destinada a promover o papel social das empresas na Suíça – constata que o fenômeno está de fato em plena expansão. “Porque, como diz sua secretaria geral, Bettina Ferdman, elas tomam consciência da responsabilidade em relação a seus parceiros”.
E acrescenta: “Quanto às ONGs, elas verificam ter todo interesse em colaborar com o setor privado. E não apenas por motivos financeiros”.
O último exemplo são os 3 milhões de francos suíços (cerca de € 2 milhões) que a multinacional Nestlé acaba de prometer à Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Estimular outras empresas
É soma que visa reforçar as sociedades africanas da Cruz Vermelha, o chamado Programa Archi 2010. Parte do montante servirá imediatamente a prevenir a Aids (Sida) na Nigéria, país em que quase 3 milhões de habitantes estão infectados pelo vírus HIV.
Líder no setor da alimentação, Nestlé é primeira empresa a participar do projeto, afirma Jemini Panpya, porta-voz da Federação. E o patrão da multinacional, Peter Brabeck, estimula outras empresas a seguirem o exemplo.
A parceria entre humanitário e “business” está de fato de vento em popa, observa a secretária geral de Philias, que destaca: “Desde que foi criada a Fundação, em 2000, 21 empresas aderiram. E todas afirmam que rentabilidade e responsabilidade social são complementares”. E exemplos não faltam na Suíça.
Fenômeno mundial
Esse tipo de parceria desenvolve-se também na Europa com empresas como Electricité de France, British Telecom e a seguradora AXA.
Nos Estados Unidos, a tendência é antiga, lembra Bettina Ferdman. O que, segundo ela, se explica “pelo papel pouco intervencionista do Estado”.
Já na Ásia, essa colaboração entre setor privado e sociedade civil está apenas começando.
Foi no sentido de dinamizar esse processo no mundo que o secretário geral da ONU, Kofi Annan, lançou em julho de 2000 a iniciativa “global compact”.
Esse pacto mundial incita as empresas a integrarem em suas metas a defesa dos direitos humanos, a dos trabalhadores e a proteção do meio ambiente. Compromisso adotado atualmente por mais de cem multinacionais e igualmente por empresas de porte menor.
Iniciativa criticada
A iniciativa provocou sarcasmos de algumas ONGs. Organizações mais radicais que continuam afirmando que as multinacionais são a causa de todos os males do mundo.
Bettina Ferdman rejeita esse ponto de vista, defendendo posição mais pragmática: “O importante são os resultados concretos, visíveis in loco”, diz. “Chega de ver nisso apenas uma vontade de se dar boa consciência”.
Segundo a fundadora de Philias o setor privado não tem opção: “Os consumidores exigem cada vez mais que o mundo da economia se dobre a exigências éticas. Um respeito que é autenticado pelas marcas registradas”.
O debate está aberto.
swissinfo/Frédéric Burnand
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