Denúncia do nuclear 15 anos após Chernobyl
"Liquidar as centrais nucleares antes que elas nos liquidem". Este o lema lançado na Suíça pela Associação "Sair do do Nuclear", que falou à imprensa às vésperas dos 15 anos do desastre de Chernobyl. O nuclear responde por 40% da demanda em energia na Suíça.
Um desastre como o do reator n° 4 da central nuclear ucraniana de Chernobyl, em 26 de abril de 1986, é possível na Suíça, afirma Eva Kuhn, presidente da Fundação Suíça para a Energia, em coletiva à imprensa, terça-feira, 24/4, em Berna. E lembra que as centrais suíças de Mühleberg (estado de Berna)e Beznau I e II (estado de Argóvia) são, pelo porte, as mais antigas do mundo, o que implica maior risco de acidente.
As cifras avançadas sobre custo de um desastre nuclear na Suíça podem assustar. A explosão de um reator deixaria prejuízos de 200 bilhões de francos, na avaliação da Divisão Federal de Energia do país. Mas segundo cálculos da Divisão Federal de Proteção Civil os prejuízos seriam de mais de 4 trilhões de francos, cerca de 2.5 trilhões de dólares.
Denunciando o que considera uma atitude irresponsável das autoridades, Eva Kuhn afirma: “Deixar explorar as centrais sem limitar o tempo de serviço das mesmas, como deseja o Governo e o lobby nuclear, equivale a um teste nuclear ao ar livre”.
Na mesma coletiva à imprensa, em Berna, a bióloga ucraniana Natalia Preobrajenskaia, disse que 3.5 milhões de pessoas (um terço de crianças) foram atingidas pelo desastre de Chernobyl, 100 mil morreram, 1900 sofrem de câncer da tireóide, 20 mil crianças tiveram de malformações de nascimento e apenas 10% das crianças nas zonas irradiadas podem ser consideradas sadias.
As cifras são minimizadas pelo lobby atômico, disse Solange Fernex, presidente da Liga Internacional das Mulheres para a Paz e Liberdade. E cita o Relatório Anual 2000 da UNSCEAR (comitê da ONU para efeitos de irradiações ionizantes) que considera as conseqüências médicas de Chernobyl inexistentes, tirando 33 mortos e 1800 casos de câncer.
Para o secretário geral da ONU, Kofi Annan, só a partir de 2016 se pode medir a real amplitude da catástrofe, lembrou. E propõe um único remédio: suprimir as centrais, antes que elas nos suprimam”.
Na Suíça, onde o nuclear atende a 40 por cento da demanda em energia, há 2
controvertidos projetos mais ou menos radicais de fechar a curto ou médio prazo as centrais nucleares.
Um deles intitulado “Moratória-plus” propõe que se prolongue até 2010 a moratória aprovada pelo povo suíço em 1990, proibindo durante uma década a
construção de novas centrais nucleares. Exige também modernização das centrais
existentes.·
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A iniciativa “Sair do Nuclear” propõe que se desativem 3 centrais (Beznau I e
II e Mühlerberg). As duas outras (Goesgen e Leibstadt, foto)) deviam ser
fechadas quando completarem 30 anos de funcionamento, por volta de 2015.·
swissinfo com agências.
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