Escândalo Enron sobra para banco suíço
Primeiro foi o UBS. Agora é o Credit Suisse First Boston que sofre as conseqüências do fragoroso escândalo nos Estados Unidos. Queixa coletiva foi apresentada contra o CSFB.
A queixa vem de clientes do Credit Suisse First Boston – CSFB. Eles sofreram importantes perdas financeiras quando a ação Enron desmoronou no ano passado.
A queixa está endereçada a famosas instituições dos meios de negócios de Wall Street: J.P.Morgan Chase, Citigroup, Merrill Lynch, Bank of América e Lehman Brothers.
Além do CSFB, a queixa menciona dois outros bancos estrangeiros, um alemão e um canadense. Entre os queixosos figuram grandes investidores, como a Universidade da Califórnia que perdeu 140 milhões de dólares nesse “affair”.
Contas de filiais fictícias
Nos documentos que prepararam para o Tribunal Federal de Houston, sede de Enron, os advogados dos queixosos acusam a filial norte-americana do grupo suíço e os outros bancos de terem “desempenhado papel indispensável à inflação e ao respaldo do título Enron”, ajudando o ex-gigante de corretagem em energia a eliminar dívidas de suas escrituras, transferindo-as a conta de filiais fictícias.
Os queixosos afirmam assim que o CSFB, J.P.Morgan e Citigroup “dissimularam vários bilhões de dólares de empréstimos concedidos a Enron”.
O CSFB é acusado também, com 6 outros bancos mencionados no documento, de ter investido 14 milhões de dólares na LJM2, uma das numerosas filiais fictícias de Enron. Segundo os queixosos, essas transações permitiram aos bancos e a alguns de seus responsáveis realizarem enormes lucros.
A queixa coletiva acusa CSFB e os outros bancos de negócios de haverem ocultado a seus clientes o verdadeiro estado de saúde da firma texana. Agindo assim, contribuíram para enganar o público participando das manipulações de balanços financeiros.
“No comment”
“Em vez de proteger o público da fraude cometida por Enron, os bancos, em conhecimento de causa, preferiram tornar-se parceiros dessa trapaça”, diz William Lerach, um dos advogados que defendem as pessoas lesadas.
Os bancos de investimento denunciados negam-se a fazer qualquer comentário. Contatado por swissinfo, Pen Pendleton, porta-voz do CSFB nos Estados Unidos, limita-se a declarar que “o banco não acha que o processo seja fundado”.
Os bancos parecem divididos entre a proteção da própria imagem e a preservação de seus interesses jurídicos. Ou seja, entre a necessidade de corrigir a má impressão criada pelas alegações contidas na queixa coletiva e a prudência que se impõe em caso de litígio, em particular no sistema americano em que tudo o que é dito por uma empresa às autoridades e à mídia, pode ser utilizado contra ela.
No entanto, o diretor jurídico de J.P.Morgan Chase, William McDavid, reconheceu, em recente entrevista, que as relações complexas de um banco com seus clientes da importância de Enron na época geram inevitavelmente conflitos de interesses.
PaineWebber investigado no Congresso
Em todos os casos, o CSFB é o segundo banco suíço a ficar respingado pelo escândalo Enron. Sexta-feira, 6/4, clientes do UBS o acusaram na justiça de ter utilizado “manipulações e trapaças” para recomendar aos investidores comprar ações de Enron por intermédio de sua filial, PaineWebber.
O Congresso norte-americano investiga a possibilidade de um conflito de interesses entre as atividades de gestão e de aconselhamento de PaineWebber.
Nos dois dossiês, o montante das indenizações solicitadas pelos clientes não é conhecido com certeza.
A esse respeito, vale notar que Arthur Andersen, no momento a principal vítima do caso Enron, fechou acordo amistoso com os investidores que se estimam lesados, em que se compromete a pagar pouco menos de 300 milhões de dólares.
swissinfo / Marie-Christine Bonzom, em Washington.
Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.