Suíça atrai “dinheiro negro”
Às vésperas da generalização do euro em 12 países da União Européia, "o dinheiro negro" - isto é, não declarado - aflui em quantidade à Suíça, segundo reportagem da agência France Presse.
É difícil avaliar o montante que representariam os pés-de-meia – dinheiro líquido que os europeus guardam como tesouro em casa. Estimativa do Banco UBS Warburg é de que oscile entre 500 e 1.100 bilhões de euros.
“Pensamos recuperar cerca de 10 do dinheiro não declarado na Europa”, disse recentemente um banqueiro suíço.
Países fronteiriços aproveitam
Se for verdade, só alemães teriam somas impressionantes a contrabandear para a Suíça, pois se estima que no país haja entre 100 bilhões de marcos e 150 bilhões de marcos – cerca de 50 e 75 bi de marcos – escondidos debaixo de colchões. Seria dinheiro de diversas origens: ganhado com o suor do rosto e não declarado ao fisco ou de origem criminosa.
Os postos de alfândega estão de sobreaviso. Faz pouco tempo, uma alemã tentou entrar com 200 mil marcos, escondidos no sutiã, disse chefe da aduana de Constance-Ludwigshafen, fronteira nordeste da Suíça. Ora a soma máxima autorizada é de 30 mil marcos (15 mil euros).
Da França, permite-se – sem declaração na alfândega – de exportar no máximo 50 mil francos franceses (7.622 euros). Um belga que tentou entrar na Suíça com 41 milhões de francos (6.25 milhões de euros) foi pego a um ano atrás. O dinheiro foi confiscado e ele teve que pagar multa de 1.56 milhões de euros.
Facilidades na Suíça
Quem consegue furar o controle pode ficar aliviado. Na Suíça evasão fiscal não é crime. O dono do dinheiro pode então depositar a soma no banco, comprar objetos de valor ou investir em imóveis. E como não existe lei exigindo pagamento por cartão bancário ou cheque quando o montante da compra ultrapasse certo valor, tudo pode ser pago com dinheiro vivo, o que facilita os negócios com dinheiro que pode até ser de origem duvidosa.
Ainda recentemente, segundo a imprensa da Suíça de expressão alemã, vários italianos ricos compraram à vista e com dinheiro líquido em “resorts” de férias de reputação como Engadine, Saint-Moritz, Silvaplana ou Sils-Maria, no estado dos Grisões, leste.
Demanda de notas de 1.000 francos
Mas os que não querem correr o risco de atravessar a fronteira podem transformar suas economias em francos suíços. Segundo a jornalista de France Presse, a demanda de cédulas de 1.000 francos aumentou 11% neste ano. A nota vale 666 euros e é a de maior valor no mundo.
Isso seria também sinal revelador de que os pés-de-meia totalizem somas mais que interessantes de que os bancos suíços vão se beneficiar.
Swissinfo com agência.
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